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Sputnik – O primeiro-ministro cambojano Hun Sen, em resposta ao recente embargo ao fornecimento de armas pelos EUA, ordenou que as Forças Armadas do país se livrassem completamente dos restos de armas adquiridas nos EUA por governos anteriores.
O líder cambojano relatou a decisão no Facebook.
“Os Estados Unidos decidiram recentemente limitar o fornecimento de armas ao Camboja. Quero […] agradecer por essa decisão, que confirma a certeza da medida tomada em 1994, quando decidi não trocar os sistemas de armas disponíveis pelos americanos”, escreveu.
O premiê assinalou que ordenou “às Forças Armadas que façam um inventário completo das armas e material militar disponíveis e que apreendam e recolham todos os materiais fabricados nos EUA, se houver, para armazená-los ou destruí-los, dependendo das circunstâncias”.
O primeiro-ministro lembrou que as tropas do governo pró-americano de Lon Nol, que derrubou a monarquia cambojana em 1970, lutavam com armas americanas e em meados da década de 1970 perderam a guerra civil.
“Muito recentemente, pessoas que também lutaram com armas dos EUA perderam a guerra no Afeganistão”, acrescentou.
“Acredito na ousadia e espírito de luta dos soldados que defendem a integridade territorial do Camboja e estou longe de acreditar apenas nas armas”, continuou.
Ao final de sua mensagem, Hun Sen agradeceu mais uma vez aos Estados Unidos por terem confirmado o acerto de sua decisão de 1994 de não adquirir suas armas e qualificou o embargo imposto como um “alerta aos futuros governos do país“.
“Se você quer ser independente em defesa, não use armas americanas”, escreveu ele.
A mensagem foi postada no Facebook junto com fotos de Hun Sen em companhia do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e do primeiro-ministro da Tailândia, general Prayut Chan-o-cha.
No dia 8 de dezembro, os Estados Unidos impuseram um embargo à venda de armas ao Camboja sob pretexto de que este país obedece cada vez mais à influência estratégico-militar da China. Como exemplo, ele citou a concessão à China, na costa do golfo do Sião, de alguns locais para construção de uma infraestrutura de recebimento e manutenção de navios da Marinha chinesa.
Outra reclamação dos EUA refere-se ao desmantelamento e transferência para outro local de um pequeno prédio construído com ajuda dos EUA no complexo da base naval na província de Preah Sihanouk, o que foi feito para ter um terreno livre no qual será construída uma nova instalação, supostamente com a ajuda da China.
Especialistas regionais avaliam o embargo em questão como um ato de demonstração e um alerta a outros países, uma vez que os EUA não fornecem armas ao Camboja há décadas.