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terça-feira, 30 abril, 2024

Ação preventiva ou apenas mera pirotecnia de ministro golpista?

Mário Augusto Jakobskind

A anunciada prisão de 10 pessoas que, segundo o Ministro interino golpista da Justiça, Alexandre de Moraes, teriam vínculos com o terrorismo, deve ser encarada com certa reserva. Até porque, Moraes não é uma figura confiável, como os demais integrantes do governo golpista usurpador de Michel Temer,
Pelo tipo de prática de Moraes, quem pode garantir que as prisões se devem mesmo ao vínculo de brasileiros com a preparação de atos terroristas ou apenas uma demonstração de marketing, já que de alguns dias para cá os meios de comunicação conservadores têm criado verdadeiro pânico relacionado com a possibilidade de acontecer alguma tragédia durante os Jogos Olímpicos?
Fatos verdadeiramente estranhos
Na verdade, é preciso maiores esclarecimentos sobre as prisões, porque o que foi explicado até agora é mera conjectura e ainda por cima, vale sempre repetir, partindo de um Ministro sem um mínimo de credibilidade e com péssimos antecedentes quando ocupava o cargo de Secretário de Segurança do governo de Geraldo Alckmin.
 Um dos presos, Vitor Barbosa Magalhães, de 23 anos, tinha aparecido com foto na mais do que suspeita revista Veja, antes de ser catalogado como suspeito de terrorismo pela Polícia Federal.
E também deve ser mencionado outro fato, no mínimo estranho. A mídia conservadora informara poucos dias atrás que o serviço secreto francês havia detectado a presença de um brasileiro que estaria participando de uma célula para a prática de ação terrorista contra a delegação olímpica francesa. Alguns dias depois, o noticiado com certo estardalhaço no Brasil foi desmentido oficialmente pelo próprio serviço secreto francês.
Uma pergunta que deve ser feita e que talvez não seja feita: foi a Veja que deu a pista para a prisão de pelo menos um suspeito?
Moraes e Veja tudo a ver em matéria de antecedentes.
Sobre os demais presos, que teriam formado uma célula, segundo a Polícia Federal, para a prática de ato terrorista nas Olimpíadas, pouco se sabe, a não ser o que foi mencionado por Alexandre de Moraes sobre a suposta compra de arma no Paraguai em site clandestino pela internet por um deles para agir no Brasil e no exterior. De quebra Moraes ainda revelou que o grupo é “amador” e ainda por cima chegou a afirmar que o professor de física Adlène Hicheur,extraditado para a França, era um dos suspeitos de terrorismo que estava sendo rastreado. Só que, como já foi informado neste espaço, Hicheur estava no Brasil há 3 anos e dava aulas no Instituto de Física da UFRJ a convite de professores.
As autoridades brasileiras foram elogiadas pelo governo dos Estados Unidos.
Fatos e versões
Todo cuidado é pouco, porque ao longo da história contemporânea muito se inventou para justificar certas ações. Neste caso, vale até lembrar que o governo do famigerado George W. Bush inventou que o Iraque tinha armas químicas de destruição em massa para justificar a invasão e posterior condenação a morte de Saddam Hussein. Pouco tempo depois se comprovou que era grossa mentira, que valeu até uma nota arrependimento do ex-première britânico Tony Blair, conhecido político subserviente ao governo dos Estados Unidos.
E mais tarde, a OTAN também inventou fatos para justificar os bombardeios na Líbia que culminaram com o assassinato de Muammar Khadafi.
Se recuarmos no tempo, vale lembrar o incêndio do Parlamento alemão, no início da década de 30, atribuído a comunistas, verificando-se posteriormente que se tratou de uma ação dos próprios nazistas para reprimir com violência a quem se opunha ao seu ideário de barbárie.
E nos 60, no Golfo de Tonkim, o governo do então presidente Lyndon Johnson usou como justificativa um confronto de um navio espião norte-americano em ação nas águas do Vietnã do Norte para iniciar ação bélica dos Estados Unidos contra Hanói.
Aqui mesmo no Brasil, o então jornalista e político golpista Carlos Lacerda inventou nos anos 50 um episódio que ficou conhecido como Carta Brandi que incriminava João Goulart, Ministro do Trabalho do governo Getúlio Vargas com contrabando de armas da Argentina, então sob regime de Juan Domingo Perón, para a instalação de uma república sindicalista.  Tudo mentira até para justificar golpes militares.
E nos anos 30, um Plano Cohen antecipava um suposto complô comunista para a tomada do poder, fato inventado pelo então capitão integralista Olímpio Mourão Filho, do serviço secreto do Exército e que serviu de justificativa para a instalação de uma ditadura conhecida como Estado Novo.
Falta de legitimidade
Se o Brasil tivesse hoje um governo legítimo e confiável, uma ação preventiva seria até aceita. Mas o momento que o país atravessa pode justificar qualquer coisa para demonstrar à opinião pública que as autoridades estão agindo, independente de se exigir mais provas concretas para justificar ações preventivas como as anunciadas.
Alguém pode questionar a comparação dos fatos históricos mencionados com o atual momento que vive o Brasil. Servem para demonstrar concretamente que verdades forjadas em determinado momento podem ser desmascaradas em seguida.
E por que confiar cegamente e sem questionamentos no que foi dito por Alexandre de Moraes com a antecipação da inconfiável revista Veja?

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