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quarta-feira, 26 fevereiro, 2025

Três Anos de Guerra na Ucrânia: Falha da Imprensa Ocidental e as Consequências Globais

Imagem: Shutterstock.

Wellington Calasans

@wcalasanssuecia

Há três anos, o mundo testemunhava o início de um conflito que redefiniu não apenas a geopolítica europeia, mas também as relações internacionais em uma escala global.

A guerra na Ucrânia, desencadeada pela operação militar lançada pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, tornou-se um divisor de águas para os sistemas econômicos, políticos e militares do século XXI.

No entanto, enquanto o conflito avança, fica cada vez mais evidente o papel prejudicial desempenhado por certos atores internacionais, especialmente no que diz respeito à cobertura midiática ocidental, às consequências devastadoras para a Ucrânia, ao fortalecimento estratégico russo e chinês, e aos erros críticos cometidos pelos Estados Unidos.

A imprensa ocidental deve ser amplamente criticada por sua cobertura unilateral e frequentemente sensacionalista do conflito.

Desde o início, as narrativas dominantes retrataram a guerra como um embate claro entre “o bem” e “o mal”, omitindo nuances importantes, como a história complexa das relações entre Rússia e Ucrânia, os interesses geopolíticos dos países ocidentais e os riscos associados à escalada militar.

Essa abordagem simplista gerou uma distorção significativa da realidade, alimentando preconceitos e polarizações desnecessárias.

Como resultado, a sociedade global foi privada de uma compreensão equilibrada do contexto e das causas profundas do conflito, dificultando qualquer tentativa genuína de mediação ou resolução pacífica.

As consequências dessa guerra têm sido devastadoras para a Ucrânia, cuja infraestrutura foi severamente danificada, milhares de vidas foram perdidas e milhões se tornaram refugiados.

Apesar do apoio internacional recebido, principalmente dos EUA e da União Europeia, o país enfrenta um futuro incerto.

Volodymyr Zelensky, outrora celebrado como símbolo de resistência, encontra-se agora isolado politicamente, com autoridade limitada para liderar a reconstrução nacional.

Sem consenso interno sobre o caminho a seguir após o conflito, a Ucrânia corre o risco de se transformar em um Estado fragmentado, incapaz de aproveitar plenamente o apoio externo oferecido.

Enquanto isso, a Rússia demonstrou uma impressionante capacidade de adaptação às sanções impostas pelo Ocidente. E foi além, ao se tornar a economia que mais cresce na Europa.

Embora inicialmente previsto que o colapso econômico seria inevitável, a Rússia conseguiu superar as restrições, diversificando suas parcerias comerciais e consolidando alianças estratégicas.

Um exemplo notável é o fortalecimento das relações com a China, que emergiu como parceiro vital para a economia russa.

Sob a liderança de Vladimir Putin, reeleito com expressiva margem de votos em meio à guerra, a Rússia reafirmou seu status como potência nacionalista, centrada na defesa de seus interesses soberanos e na preservação de sua identidade cultural e política.

O papel da China neste cenário merece atenção especial. Pequim tem desempenhado um papel crucial no aprofundamento das relações com Moscou, oferecendo alternativas viáveis às estruturas econômicas controladas pelo Ocidente.

Ao evitar tomar partido explicitamente no conflito, a China posicionou-se como mediadora potencial, ao mesmo tempo em que expandia sua influência econômica e política tanto na Ásia quanto no resto do mundo.

Esse movimento estratégico enfraqueceu ainda mais a hegemonia ocidental, destacando a necessidade de novos modelos multilaterais de cooperação global.

Outro erro crucial cometido pelos Estados Unidos durante este período foi o uso indiscriminado do sistema financeiro internacional, como o SWIFT, como arma de guerra.

Ao excluir a Rússia do sistema bancário global, Washington esperava sufocar economicamente Moscou. No entanto, essa medida acelerou o processo de descentralização do dólar como moeda de reserva mundial, incentivando a criação de redes financeiras alternativas lideradas por países como China e Índia.

Essa mudança representa uma ameaça direta à supremacia econômica ocidental e pode ter consequências duradouras para a arquitetura financeira global.

Em suma, após três anos de guerra, fica claro que o conflito na Ucrânia vai ser lembrado como a guerra perdida da imprensa ocidental, especialmente por ela fornecer uma cobertura desequilibrada.

Combinada ao insucesso da imprensa, devemos destacar a incapacidade dos países de encontrar soluções diplomáticas. Isso resultou em sofrimento humano generalizado e instabilidade regional.

Enquanto a Ucrânia luta para reconstruir sua nação, a Rússia emerge mais resiliente do que se esperava, graças a uma combinação de liderança nacionalista e parcerias estratégicas com potências emergentes como a China.

Para os Estados Unidos e seus aliados, a lição mais importante talvez seja a urgência de reconsiderar suas estratégias unilaterais e buscar formas mais inclusivas e cooperativas de resolver conflitos globais.

A multipolaridade pede passagem, enquanto os derrotados lutam pelo espólio da Ucrânia.

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