O núcleo dos Inimigos do Batente surgiu nas mesas do já desaparecido Bar do Cidão, tradicional reduto de sambistas, seresteiros e chorões, no bairro paulistano de Pinheiros, no final dos anos 90. Lá, os então chamados 33 Palitos – em homenagem ao cantor Cyro Monteiro, notório tocador de caixa de fósforos – construíram as bases de seu repertório e, sobretudo, uma maneira própria de conduzir a roda de samba, sua mais marcante característica. A informalidade, o improviso, a veneração pelas coisas do samba e a alegria de celebrá-lo em cada roda perdurou por outras casas onde o grupo passou, no Butantã, Lapa, Pinheiros, Barra Funda, Bom Retiro e Rio de Janeiro.
O grupo consolidou-se com a atual denominação a partir da roda de samba semanal do Projeto CUCA – Circuito Universitário de Cultura e Arte, da União Nacional dos Estudantes (UNE), nos anos de 2003 a 2004. Com total liberdade para desenvolver um trabalho que reunisse o entretenimento com a reafirmação dos elementos simbólicos que integram a cultura do samba, as sextas-feiras comandadas pelos Inimigos transformaram-se num ponto de encontro constante de sambistas de diferentes gerações, dos quatro cantos da cidade de São Paulo e mesmo do Rio de Janeiro. Desde então, algumas modificações ocorridas em sua formação só vieram a sedimentar essa proposta e radicalizar esses compromissos.
Há vinte e cinco anos à frente de uma das mais prestigiadas rodas de samba da cidade, o grupo teve a felicidade de receber a visita dos mais importantes nomes do samba brasileiro como Wilson Moreira, Monarco, Roberto Silva, Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, Nei Lopes, Wilson das Neves, Moacyr Luz, Tia Surica, Delcio Carvalho, Luiz Grande, Germano Mathias, Jair do Cavaquinho, Fabiana Cozza, Jorge Simas, Toniquinho Batuqueiro, Dorina, Wanderley Monteiro, Bandeira Brasil, Diogo Nogueira, Noca da Portela, Tantinho, Gisa Nogueira, Dona Inah, Osvaldinho da Cuíca, Carlão do Peruche, Sílvio Modesto, entre tantos outros. Também apresentaram-se em espetáculos ao lado de monstros sagrados como Paulo Vanzolini, Leci Brandão e Alaíde Costa, e das legendárias Velhas Guardas do Camisa Verde-e-Branco (madrinha do grupo) e da Portela.
Desde 2004, os Inimigos ancoraram sua roda de samba no bar Ó do Borogodó, reconhecido como um dos mais importantes redutos da melhor música brasileira na cidade de São Paulo, onde estiveram semanalmente nas tardes de sábado por dez anos e permanecem até o presente momento em apresentações mensais. Protagonizaram ainda, entre 2007 e 2011, a série Anhangüera dá samba!, que em quase cinquenta edições trouxe à Barra Funda alguns dos maiores sambistas do Brasil. O grupo também se apresentou diversas vezes no Rio de Janeiro, em prestigiadas casas de samba como Trapiche Gamboa, Bar Semente, Clube Renascença, Centro Cultural Solar de Wilson Moreira, entre outros.
Destacam-se ainda, na trajetória do grupo:
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2005: apresentação no Ginásio do Ibirapuera, São Paulo, ao lado da Velha Guarda da Portela e da Velha Guarda do Camisa Verde e Branco;
– 2006: apresentação no espetáculo Na cadência do samba paulista, Sesc Vila Mariana, São Paulo/SP, ao lado de Paulo Vanzolini, Alaíde Costa e Fabiana Cozza;
– 2010: gravação do programa Estúdio ShowLivre, canal de música do portal UOL, tendo como convidado o compositor Noca da Portela.
– 2011: participação como únicos representantes paulistas na 7ª Bienal da UNE no Rio de Janeiro, cujo tema foi o samba.
– 2013: a inovadora série O Samba na Roda: em Prosa & Verso, em parceria com o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo cuja grande repercussão está registrada em um blogue do evento e em páginas nas principais redes sociais, com a participação de nomes como Wilson Moreira, Monarco e Moacyr Luz.
– participação em eventos oficiais da Prefeitura da Cidade de São Paulo:
– 2013: Virada Cultural
– 2013: Dia Nacional do Samba
– 2015; Virada Cultural
– 2016: Dia Nacional do Samba
– 2016: três apresentações no Itaú Cultural como parte das atividades da Ocupação Cartola;
– apresentações no circuito SESC-SP:
– 2006; SESC Vila Mariana
– 2017: SESC Ipiranga;
– 2018: SESC Campinas (https://issuu.com/sescsp/docs/issuu_setembro – p. 121);
– 2019: SESC Jundiaí – três apresentações durante a série “Domingos de sambar”
– 2019: série de rodas de samba comemorativas dos 20 anos de atividade do grupo, entre as quais se destacam:
– Ó do Borogodó
– Trapiche Gamboa (Rio de Janeiro): convidando Bira da Vila, Didu Nogueira, Dorina, Gallotti, Gisa Nogueira, Makley Matos, Noca da Portela, Toinho Melodia, Wilson Sucena.
– Teatro do Incêndio (São Paulo)
– 2022: apresentação durante o evento nacional Balada Literária, homenageando a cantora Dona Inah;
– 2024: série de rodas de samba comemorativas do Jubileu de Prata do grupo, entre as quais:
– Casa de Francisca
– Dois-Dois
Repertório
O repertório dos Inimigos do Batente – nome que remete a um pouco conhecido, mas altamente representativo samba do compositor Wilson Batista – é formado pelas mais significativas variedades do gênero, como sambas de terreiro, de partido-alto (com os tradicionais versos de improviso), de enredo, sambas-canção, sincopados, sambas de roda, sambas rurais do interior paulista, sambas inspirados na tradição dos Orixás. São constantes nas apresentações do grupo autores como Ismael Silva, Wilson Batista, Dorival Caymmi, Paulo Vanzolini, Carlos Cachaça, Henricão, Wilson Moreira, Nei Lopes, Candeia, Martinho da Vila, João Nogueira, Dona Ivone Lara, Luiz Grande, Bide e Marçal, Jorge Costa, Geraldo Filme, Monarco, Mauro Duarte, Moacyr Luz, Aldir Blanc, Eduardo Gudin, Douglas Germano, entre tantos e tantos bambas. Centenas e centenas de sambas, que vão brotando ao sabor da roda, sem roteiro predeterminado, somatório de experiências (muito mais que de pesquisas) de ouvintes inveterados, garimpeiros. A opção não é pelo menos conhecido, ou pelo inusitado; a opção é pelo bom, pelo representativo. A estranheza que à primeira vista pode causar o predomínio de sambas menos comumente encontráveis nos meios de comunicação, ou mesmo na maioria das rodas de samba, é passageira. Logo, logo o público se deixa levar para casa, nas asas da memória tradicional coletiva. Memória nem sempre consciente, mas sempre pronta para reconhecer o que é nosso.
Depoimentos:
“Samba, mais que gênero de música ou estilo de dança, é amizade, companheirismo, calor humano; como o que eu desfrutei, naquela noite inesquecível, com meus amigos dos “Inimigos”, à frente do batente o querido Zé Guéri, vulgo ‘Fernando Szegeri’, competente batuqueiro e administrador das batuquéias desvairadas.” (Nei Lopes – compositor, intérprete, historiador e escritor)
“Conheci o Inimigos do Batente no pequeno salão do Ó do Borogodó. Batismos inusitados, uma cortina feita de pano de mesa separava os batentes da música. O grupo contraria o repertório óbvio. Toca o samba guardado no roteiro íntimo de todo apaixonado por esse enredo com a coragem de raros artistas. Como compositor, me surpreendo quando versos meus, escondidos entre desertos culturais, ecoam na platéia que cerca os terreiros por onde essa rapaziada bate com elegância.” (Moacyr Luz – compositor, intérprete, violonista, produtor cultural, escritor)
“Esse pessoal dos Inimigos do Batente é nota dez! Uma rapaziada que executa o samba com perfeição.” (Wilson Moreira – compositor, intérprete)
“Os Inimigos representam para mim uma prova de que era possível fazer uma roda de samba nos moldes em que eu sempre imaginei, que aprendi nos butecos, beiras de campo e quadras paulistanos, nos fundos de quintais e nas esquinas suburbanas do Rio: menos ‘comportada’, menos planejada, mais espontânea, sem muitas regras de estilo, sem muitos ‘isso pode/isso não pode’, contando história séria, contando história engraçada, com uma batucada pesada (uma preocupação, mesmo, com a batucada) de pratos, facas, latinhas de cerveja, colheres e frigideiras, com partido versado e samba enredo, com samba-canção e samba-rock, com samba de São Paulo, do Rio, da Bahia, do Brasil, ‘de morro’ e ‘de rádio’ etc. Provamos, sobretudo, não que ‘NÓS éramos capazes disso ou daquilo’, mas que ‘era possível’ acontecer o que se vê até hoje acontecer nas rodas que fazemos. O sucesso desse movimento não é um sucesso dos Inimigos, dos oito indivíduos que compõem o grupo, ou dos outros tantos que passaram por ele; é um sucesso da ideia, do acontecimento. O samba dos Inimigos é, no fundo, no fundo, um grande ponto de encontro, uma maravilhosa encruzilhada: da geração antiga com a moçada que vem descobrindo o samba, do povo do Rio com o de São Paulo, da Barra Funda com a Vila Madalena (simbolicamente, claro), da organização com a espontaneidade, do entretenimento com a afirmação de uma expressividade refletida, do público com os músicos etc.” (Fernando Szegeri – Inimigos do Batente)
Redes Sociais:
http://www.facebook.com/pages/Inimigos-do-Batente/262336550518409
https://www.instagram.com/inimigosdobatente/ (@inimigosdobatente)
Inimigos do Batente formam com:
Railídia – Voz
Fernando Szegeri – Voz, ganzá
Paulinho Timor – Percussão
Cebolinha – Repique de anel (in memoriam)
Helinho Guadalupe – Cavaquinho, voz
Luís “Tiobi” – Violão de sete cordas
Koka Pereira – Surdo, percussão, voz
Dil – Pandeiro
Contato produção:
Paulinho Timor
Tel.: (11) 98244-488
E-mail: paulinhotimor@gmail.com