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quinta-feira, 10 outubro, 2024

O fascistinha…, por Marcílio Godoi

Sugestão de José Carlos Lima

por Marcílio Godoi em seu Facebook

Não, o fascistinha não é um fascista na acepção clássica do termo, qual seja, a de um radical autoritário, nacionalista, de filosofia autocrata.

o fascistinha é uma criação tipicamente brasileira, um cara reacionário até a medula, mas aparentemente legal, descolado, de pouca instrução política, repetidor de bordões da tv e memes da internet que reforcem a supremacia de determinadas classes sobre outras.

dotado de altas doses de preconceito machista, o fascistinha é essencialmente um individualista praticando seu egoísmo extremo com a desenvoltura de um mini-déspota nas relações humanas do cotidiano.
o fascistinha desconhece a história dos movimentos abolicionistas ao sem-terra e sequer se interessa pela composição heterogênea da sociedade em que vive. ele atribui as desigualdades somente à preguiça do pobre. a concentração de renda pornográfica do país ele chama de meritocracia, seguindo sua doutrina liberal, nascida em berço explêndido ou não.

o fascistinha adora um estado que promova uma economia totalitária, excludente, e sempre atira a palavra “comunista” na direção dos que expressam o desejo de sonhar com uma sociedade menos esquizofrênica e violenta, advinda da proporção, naturalizada por ele, de poucos muito ricos x muitos muito pobres.

o brasil é o território ideal do fascistinha. cenário de desigualdades perfeito para nossa secular relação falsamente amistosa da casa-grande com a senzala. fomos erguidos sob a égide da ‘mucama me cria’, ‘mucama é pra isso’, ‘criados foram feitos para me servir’.

daí o fascistinha topar de boas entregar o estado e o país dele nas mãos de corruptos, desde que estes sejam de direita. o fascistinha topa servir as riquezas do seu país à espoliação colonialista, desde que isso sirva para nos reafirmar bem desiguais como cidadãos uns dos outros. e, é claro, adoraria andar armado, portar um escudo para sua frágil indisfarçável prepotência.

o mais triste do fascistinha é que, como aqui a inclusão pelo consumo veio antes da inclusão social e da consciência política, o fascistinha, opressorzinho convicto, hoje grassa em toda parte, mesmo por entre a massa de oprimidos.

esse fascistinha genérico passou a repetir o discurso de seus patrões, sem a mínima compreensão do que nos fará perpetuar a miséria da desigualdade em nossas relações des-humanas: a injustiça social.

o fascistinha tem medo e inculca o medo em tudo o que pensa, no que faz, em atos e palavras. ele é fã do golpista, ama conspiradores e adora poderios militares em geral, que possam o teleguiar no mundo. o fascistinha é o diminutivo de homem.

(marcílio_godoi)

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