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quinta-feira, 10 outubro, 2024

Moralizando a luta

Por Luiz Fernando Leal Padulla*

O julgamento da suspeição do ex-juiz (sic) Sérgio Moro nos trouxe uma gota a mais de esperança de que o jogo pode mudar. Em um país à deriva como estamos hoje, retrocedendo a cada dia mais, incluindo com a ascensão escancarada de fascistas e nazistas, parece que podemos ter uma chance de nos desvencilharmos das amarras golpistas e do genocídio institucional.

Lula podendo ser candidato, tem sim grandes chances de conduzir novamente uma frente progressista e soberana ao poder. Todos os avanços que foram conquistados ao longo dos governos petistas foram subitamente arrasados com o golpe parlamentar de 2016 e todas as mazelas proporcionadas pela Farsa Jato, em atendimento aos interesses estadunidenses. Os danos foram enormes, principalmente para os mais pobres e até para a famigerada e arrogante classe média que, bovinamente, abraçou a falaciosa propaganda anti-esquerda.

Ainda que tardiamente, a decisão do STF tende a moralizar novamente o Poder Judiciário, e escancara de vez o que foi a Farsa-Jato e os interesses imperialistas que estavam por trás: enfraquecer o BRICS, o Mercosul e, principalmente, desmontar o país.

Lula é sim o melhor candidato para a esquerda. Atrevo-me a dizer que talvez o único capaz de ser eleito dentro de uma frente progressista e antifascista. Não que nomes como Haddad, Flávio Dino, Boulos não sejam gabaritados. Pelo contrário. Também não vejo Lula como um novo fenômeno do sebastianismo. Mas é o nome capaz de unir o povo – com exceção aos declaradamente fascistas e milicianos que deverão ser combatidos sempre! – e quem já se mostrou capaz de alavancar o país, recuperando a economia com suas políticas públicas e nacionalistas.

É um estadista, reconhecido e respeitado internacionalmente. Lula tem as portas abertas para o mercado internacional. Um presidente que colocará o Brasil novamente nos trilhos. Fará o Brasil ser novamente uma grandiosa e respeitada nação frente aos demais. E esse é o primeiro passo para nosso fortalecimento.

Não podemos ser hipócritas e negar que Lula fez pelo Brasil tudo o que jamais foi feito: ascensão dos mais negligenciados na sociedade; defesa da soberania nacional através dos recursos naturais e indústrias; criação de cotas em uma tentativa de reparação histórica para com negros, índios, quilombolas; valorização do pequeno produtor rural e defesa de uma América Latina independente. Essas são algumas atitudes tomadas pelos governos petistas ao longo dos anos.

É claro que muita coisa precisa ser feita. A reforma agrária, por exemplo, deve ser um dos objetivos principais de um futuro governo, reconhecendo o apoio sempre dado pelo MST e demais camponeses e, em contrapartida, fortalecendo a base que acabou sendo esquecida – um dos principais erros cometidos por Lula e Dilma.

Por sinal, voltar atenção às bases é fundamental, não apenas para reparação social, mas para consolidar essa estrutura essencial para a luta por uma nação verdadeiramente soberana e com raízes socialistas.

A revolução socialista, se um dia vier realmente a acontecer – o que hoje, sendo bem realista, não vejo um campo fértil para essa possibilidade – depende antes de mais nada da consciência do povo. É óbvio que não vivemos os tempos que favoreceram as revoluções bolivarianas de Cuba e Venezuela. Ainda que o fascismo se faça presente, é inegável que os tempos são outros. Mas é possível que se faça. No entanto, a educação é fundamental. A revolução não se fará da noite para o dia. Ela será construída com pequenos atos e atitudes, começando a paridade e equidade de direitos de mulheres, homens, gays; brancos e negros. A revolução será feita com o fortalecimento da educação verdadeiramente libertadora, pública, gratuita e sem o risco da mercantilização e suas censuras.

E que não temam a palavra “revolução”, muito menos o “socialismo”. Afinal, a luta pela conquista de uma pátria socialista nada mais é do que um país mais igualitário. Um país que se combate o racismo, a misoginia, a exploração neocolonial do capitalismo. Um país pluricultural.

Será um trabalho árduo de Lula, afinal, pegará uma terra arrasada, com células fascistas e ignorantes que insistem em proliferar. Precisará de força e apoio. E para isso estamos aqui, dispostos mais uma vez a lutar por tudo isso que acreditamos.

Que Lula possa nos trazer essa nova esperança e continuarmos a sonhar não apenas com um Brasil soberano, mas com uma América Latina liberta e respeitada!

*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação

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