17.5 C
Brasília
segunda-feira, 14 julho, 2025

 Guerra na Ucrânia: Contexto, Desdobramentos e Projeções

© AP Photo / Efrem Lukatsky (Sputnik)

Wellington Calasans

Chamar esta guerra de “Guerra Rússia x Ucrânia” é apenas reforçar uma ação de propaganda ocidental que visa esconder a presença da OTAN no conflito, desde 2013, intensificada em 2014 com ataques de nazistas contra falantes da língua russa, o que levou à opção pela anexação da Crimeia e, finalmente a declarada “Operação Militar Especial”, um termo usado pela Rússia para descrever a ação preventiva contra a OTAN na Ucrânia em 2022.

Este é um evento que permanece como um conflito em permanente escalada, marcado pelo uso da Ucrânia pela OTAN em uma guerra por procuração, mas que revelou uma Rússia preparada para um conflito de longo prazo, superando um número incalculável de sanções e toda a uma campanha de demonização da Rússia e dos russos, pelo Ocidente.

Por isso, os avanços russos contrastam com a cada vez menos eficiente resistência ucraniana, pois esta guerra evolve uma complexa rede de interesses geopolíticos que acabam por impactar as economias de diversos países, especialmente com o declínio socioeconômico dos países ocidentais.

Recentemente, o presidente Donald Trump revelou um acordo com a OTAN para fornecer armas à Ucrânia, reforçando a dependência do país do apoio ocidental. Enquanto isso, Roma sediou uma conferência internacional para discutir a reconstrução do que sobrar da Ucrânia, ainda que o destaque tenha sido dado à urgência de recuperar infraestruturas destruídas e estabilizar a economia em meio ao conflito.

Como sabemos, a reconstrução pós-guerra leva este nome porque durante a guerra não há reconstrução. Prova disso é que o Kremlin reiterou que “não vai desistir dos seus objetivos” na Ucrânia, mantendo a pressão militar e devolvendo Donald Trump ao inexpressivo papel de moderador fracassado.

Com o mandato vencido, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, continua a cantar a mesma música de sempre ao solicitar mais armas aos aliados, argumentando que a capacidade de defesa do país é crucial para conter os ataques russos.

Insensível ao sofrimento do próprio povo, Zelensky pensa apenas na manutenção do seu estatuto político, mesmo sendo completamente dependente de doações. As populações dos países membros da OTAN já não aceitam tanto sacrifício por uma causa vista como “distante”.

Os russos, por sua vez, intensificaram o uso de drones em novas acções ofensivas, visando cidades e infraestruturas estratégicas da Ucrânia. Paralelamente, observa-se uma escalada regional: a Moldávia, a Armênia e o Azerbaijão emergem como novos pontos de tensão, enquanto o Mar Báltico se torna um palco potencial para confrontos diretos entre a OTAN e a Rússia.

A análise geopolítica sugere que a guerra ultrapassa as fronteiras ucranianas, inserindo-se em um conflito civilizacional mais amplo. Surpreendentemente, de excessivamente obediente, os europeus parecem ter entendido o jogo e atolam Trump na guerra que queria se ver livre.

A Europa, longe de ser mero “poodle” dos EUA, busca instrumentalizar o poderio norte-americano para seus próprios objetivos, como a revitalização econômica via keynesianismo militar e a instauração de uma Segunda Guerra Fria, teoria defendida com mais de uma década de antecedência pelo imortal Luiz Alberto Moniz Bandeira.

Essa estratégia inclui atividades secretas de desestabilização ao longo do perímetro russo, como visto em revoluções coloridas no Leste Europeu e na recente comoção na Geórgia. A Europa usa a arma da sabotagem ideológica, via ONGs.

A insistência ocidental em apoiar a Ucrânia, mesmo diante de avanços russos, indica uma aposta arriscada: acredita-se que a derrota ucraniana seria apenas o início de uma crise global mais profunda.

A OTAN, ao atacar a tríade nuclear russa simbolicamente, demonstra que o medo de um conflito nuclear diminuiu. Contudo, a Rússia mantém sua proposta de paz, que inclui a dissolução da NATO pós-1997, um objetivo que permanece irrealizável para o Ocidente, mas que terá que ocorrer quando a capitulação da Ucrânia for inevitável.

Projeções apontam para um cenário sombrio para o Ocidente: a crise de insolvência dos EUA em 2027 poderá encerrar a “luta global”, já que a desdolarização e o esgotamento financeiro limitariam a capacidade de sustentar guerras.

Até lá, a Ucrânia permanece como um zumbi em um campo de batalha simbólico, onde o Ocidente e a Rússia testam limites, arriscando uma escalada sem precedentes.

Como sabemos, “não há mais dinheiro, não há mais guerras” — a paz, paradoxalmente, poderá surgir da exaustão econômica do Ocidente.

“Creiam em mim!” (TONES, Tim – Personagem de Chico Anízio)

*Comente neste link:

https://x.com/wcalasanssuecia/status/1944319755927556579?s=46

ÚLTIMAS NOTÍCIAS