Criminalizar Geisel
1 – A Globo, porta voz do império americano, faz qualquer coisa para desgastar militares nacionalistas contrários ao desmonte neoliberal que o governo Temer, fantoche de Washington, promove, de forma acelerada.
2 – De repente, a família Marinho se empenha, desesperadamente, em criminalizar, especialmente, o governo Geisel(1974-1979), que incomodou muito os Estados Unidos, com seu nacionalismo econômico.
3 – Primeiro, ela divulgou documento da CIA dizendo que Geisel concordara com a política de perseguição implacável do governo Medici(1969-1974), de exterminar adversários do regime.
4 – Estranho, porque Geisel iniciou seu governo propondo abertura política, algo incompatível com extermínio de adversários.
5 – O documento da CIA diz que Geisel reiterou estratégia dos radicais do regime, de continuar torturando e matando os adversários, embora, diante da solicitação dos linhas-duras, tenha pedido tempo para analisar a questão.
6 – Contraditoriamente, no entanto, Wernon Walter, homem da CIA, na América do Sul, na ocasião, encaminhou ao Departamento de Estado americano reclamação de que Geisel era o principal obstáculo à continuidade da radicalização contra os adversários da ditadura.
7 – Em que acreditar: no documento da CIA, de agora, de que Geisel mandou matar, ou no despacho de Walter de que o general presidente era contra tal determinação?
8 – Por que detonar Geisel, símbolo do nacionalismo militar brasileiro, nesse momento, senão para evitar manifestações nacionalistas nas Forças Armadas contra desmonte neoliberal Temer/Washington, especialmente, de empresas caras aos militares, como Petrobrás, Eletrobrás, Nuclebrás e Embraer?
9 – Segundo, a Globo volta, nessa semana, a detonar, indiretamente, Geisel, ao divulgar, no JN, que a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), controlada por Washington, condenou o estado brasileiro[governado por Geisel] pela morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975, durante a ditadura militar.
10 – A morte de Herzog levou Geisel a dar uma limpa nos calabouços da ditadura, demitindo militares, que se opunham à abertura política que empreendia.
Afastar Brasil dos BRICs
11 – O general presidente, sim, estava sob pressão do governo Jimmy Carter – e sua política fake News de direitos humanos – mas, não abriu mão de fechar acordo nuclear com Alemanha, irritando, com isso, os falcões do Pentágono.
12 – O objetivo maior dos militares nacionalistas brasileiros era alcançar o ciclo completo do combustível nuclear pela indústria nacional de defesa, que, como acontece nos países capitalistas desenvolvidos, protege soberania nacional e alavanca vanguardas tecnológicas, utilizadas em, praticamente, todas cadeias produtivas, no sistema capitalista, elevando produtividade geral da economia.
13 – Geisel, portanto, virou demônio para Washington, a partir do momento em que se empenhou, em 1975, na construção de plano nacional de defesa e estratégia de defesa nacional, aprovados, finalmente, em 2005 e 2007, durante governos Lula e Dilma.
14 – Eis porque Washington faz ligação direta entre Geisel e Lula-Dilma, já que os três potencializaram, keynesianamente, o desenvolvimentismo nacionalista, algo considerado inaceitável pelo império em terras sul-americanas, vistas, pelos gringos, como quintal de Tio Sam.
15 – Washington não está sossegado com o ambiente militar nacionalista brasileiro, reagente ao entreguismo neoliberal de Temer e cia ltda, razão pela qual criminalizar o assassino Geisel, histórico líder nacionalista, virou objetivo de seu porta-voz essencial, no Brasil, a Rede Globo.
16 – Geisel-Lula-Dilma nacionalista está na raiz da aproximação do Brasil dos chineses e russos, na construção dos BRICs, visão multilateralista, em contraposição ao unilateralismo neoliberal washingtoniano, na tarefa de construção de nova divisão internacional do trabalho, opção à dominação financeira global pelo dólar, desde o acordo de Bretton Woods, em 1944.
17 – O golpe neoliberal de 2016, articulado por Washington, tira o Brasil dos BRICs e o coloca na órbita de Washington, configurando vitória política geoestratégica de Tio Sam.
18 – Na sequência, o desmonte neoliberal.
19 – Estão indo para o sal, as estatais que os militares nacionalistas construíram, desde Getúlio Vargas: Petrobrás, Eletrobrás, Nuclebrás, Embraer e bancos públicos, como BNDES, ao lado do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, todos estruturantes do desenvolvimento nacional.
20 – O golpe neoliberal em Lula e Dilma é, igualmente, golpe nos militares nacionalistas, agora, preocupados com possibilidade de verem ir para o buraco o que ajudaram a construir, ao lado de outras pepitas de ouro, como a Amazônia, a base de lançamento de foguetes de Alcântara, enquanto Tio Sam faz tremenda pressão para o governo neoliberal Temer apoiar invasão americana da Venezuela, para tomar seu petróleo.
Bye bye agronegócio
21 – No momento, Washington cuida, também, de levar o Brasil ao alinhamento com a OTAN, que contrapõe-se à estratégia dos BRICs e da Organização para a Cooperação de Shangai, operadora da montagem geopolítica estratégica de construção da Eurásia, nova fronteira do desenvolvimento global.
22 – Certamente, um dos grandes atrativos que a OTAN oferece aos militares brasileiros e da América do Sul – já está fazendo isso com Colômbia – é a substancial melhora na qualidade de vida deles.
23 – Alinhados à OTAN, teriam salários fabulosos, preço para deixarem nacionalismo de lado e sonho eurasiano, asiático, muito mais atrativo, por exemplo, aos exportadores brasileiros.
24 – O golpe de 2016 alinha-se o Brasil a Washington, sempre na condição de sócio menor, subserviente, mas não é bom negócio, especialmente, para o agronegócio, hoje, responsável por puxar o PIB nacional.
25 – O mercado para os produtos agrícolas brasileiros é, certamente, a China e Ásia, e não Estados Unidos, cujo agronegócio compete com o agronegócio nacional.
26 – Por isso, não é à toa que Washington, dando, agora, as cartas na Petrobrás, como se viu na política de preços suicida de Pedro Parente, impõe nova lógica à estatal petrolífera: exportar óleo cru e importar refinados, enquanto desarticula investimentos nas refinarias nacionais.
27 – Com preços internacionais das commodities agrícolas, principalmente, soja e milho, impactados pelo custo elevado do diesel e dos refinados importados, o agronegócio nacional perde competitividade para o agronegócio americano, no ambiente da guerra comercial China-EUA.
28 – Tomar conta da Petrobrás, submetendo-lhe à vontade de Washington, é fragilizar, consequentemente, o agronegócio brasileiro.
29 – Soma-se a isso o congelamento de gastos públicos, por vinte anos, como principal estratégia macroeconômica, em nome do ajuste fiscal neoliberal, que reduz renda disponível para o consumo, e tem-se a paralisia crescente da economia, que se verifica nesse momento.
30 – Nesse contexto, tem que ser anulada eventual resistência militar nacionalista contra o neoliberalismo militante de Temer/Washington, razão pela qual detonar o simbolismo nacionalista Geisel e seu sonho de construir Brasil Potência torna-se objetivo fundamental, tarefa na qual se empenha a Rede Globo.