César Fonseca
Ministro Flávio Dino, da Justiça, acua, fortemente, o bolsonarismo fascista com divulgação dos detalhes do crime da ex-deputada Marielle Franco e, ao colocar Polícia Federal e Ministério Público a um passo de informar quem realmente é o mandante do crime, coloca-se no cenário nacional como protagonista político decisivo.
Afinal, com ele, a política de segurança ganha impulso para se transformar em prioridade absoluta do Estado dominado por injustiça social, concentração de renda nacional, base essencial da expansão da violência no país contra os mais pobres e contra os que, como Marielle, assumiu a causa deles, levando os fascista à decisão de eliminá-la, na certeza da impunidade.
Precisaram passar cinco anos do bárbaro crime contra uma mulher negra e ativista política, para as investigações, conduzidas pelo governo Lula, ganharem velocidade, em seis meses, sem possibilidade de retrocesso, dado clamor social.
O protagonismo de Flávio Dino recebe impulso ao expor escancaramento geral da política de (in)segurança nacional, que pune, apenas, os socialmente excluídos, abandonados pela mão forte do Estado.
Dino demonstra, didaticamente, que o governo Bolsonaro foi a prova concreta de como não exercitar política de segurança cidadã, elevando a instabilidade social ao processo de esquizofrenia ultra-direitista.
O desfecho dessa doença social foi agudizada por política de armamento da população como solução, quando ela se revelou, apenas, propulsora do problema, a se agravar com o radicalismo político anti-petista do ex-presidente fascista.
A impunidade de Bolsonaro, nessa tarefa de radicalização pela emulação do ódio, teve, indiscutivelmente, o apoio da direita neoliberal, que se aliou à ultradireita radical racista, para conseguir implementar neoliberalismo econômico.
Com ele, acelerou reformas econômicas e sociais, que detonariam a Constituição Cidadã de 1988, no compasso da completa militarização do governo, que o encorajou a ameaçar instituições democráticas.
Mesmo depois da derrota eleitoral em 2022, o governo detonado pelas urnas tentaria se manter pelo golpe em 8 de janeiro de 2023.
COLAPSO ECONÔMICO E RADICALIZAÇÃO SOCIAL
A supressão dos direitos dos trabalhadores na reforma trabalhista e dos aposentados na reforma da Previdência, patrocinada pelo bolsonarismo neoliberal, com apoio da classe empresarial e financeira, em nome de falsa modernização econômica, criou o ambiente de instabilidade social.
Para enfrentar essa nova conjuntura fascista, no período presidencial de 2018-2022, os ideólogos do bolsonarismo idealizaram o horror da política de segurança cuja mote fundamental foi de conferir à polícia o direito de matar em legítima defesa.
A simples percepção do perigo de morte por ataque adversário, autorizou, legalmente, os policiais exterminarem supostos inimigos.
A classe média, embalada pelo clima de terror fascista, atormentada por política econômica incapaz de promover desenvolvimento sustentável, com promoção de emprego e renda, rendeu-se à política de segurança de terrorismo de estado.
Por isso, ela optou em apoiar expansão de clubes de tiro por todo o país como prioridade de segurança pessoal, excluindo de sua consideração egoísta a necessidade de o Estado priorizar segurança coletiva.
Cada cidadão armado passaria ser seu próprio segurança.
O mercado financeiro adorou Bolsonaro porque o bolsonarismo embalou o neoliberalismo econômico cuja prioridade foi desregulamentar o Estado para caber como uma luva na ideologia ultraneoliberal de Paulo Guedes, apóstolo do deus mercado.
Em contrapartida, a economia real se estagnou com a crescente redução do poder de compra dos trabalhadores afetados de morte pela política trabalhista e previdenciária, responsáveis por embalar o subconsumismo, de um lado, e a desigualdade social, de outro.
Instalou-se o pior dos mundos para o capitalismo da produção, bloqueado pelas altas taxas de juros, funcionalmente adequadas à aceleração incontrolável do rentismo.
MUDAÇA DE RUMO
O oposto dessa conjuntura de desastre econômico e social tem impulso vigoroso com a nova política de segurança que o presidente Lula e o ministro Dino iniciam com mudança decisiva de comportamento da Polícia Federal e do Ministério Público, cujas consequências serão nova visão para encarar os problemas agudos decorrentes da desigualdade social.
Marielle Franco é a expressão maior de combate político a esse status quo que a sacrificou.
A cara do monstro fascista veio ao ar, hoje, pela exposição, por parte do ministro Dino e da Polícia Federal e Ministério Público, da estratégia macabra que eliminou brutalmente a ex-política carioca, mártir dos direitos humanos.
Certamente, a sociedade continuará cobrando da justiça condenação dos culpados do crime e, sobretudo, seus mandantes fascistas, integrantes do bolsonarismo miliciano.