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sexta-feira, 29 março, 2024

Brizola, a falta que ele faz ao Brasil

Pedro Augusto Pinho*
O grande jornalista Fernando Brito nos lembra que 21 de junho é a data de falecimento do engenheiro Leonel de Moura Brizola (Tijolaço, A brisa que fica). Não me recordo de qualquer outro político que tivesse, ao longo de toda sua longa e tumultuada trajetória, trilhado sempre a luta pela soberania nacional, pela preeminência da questão nacional.
Meu caro leitor poderia dizer que se trata de uma avaliação de um nacionalista, mas vou transcrever um panfleto, certamente encomendado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América (EUA), para a propaganda do golpe de 1964.
O artigo do pouquíssimo conhecido pastor estadunidense, Clarence W. Hall, teve em português o título “A nação que se salvou a si mesma”. Neste documento se procurava demonstrar que no governo de João Goulart e entre seus apoiadores só havia comunistas e corruptos. Assim eram tratadas pessoas e instituições.
Eram os “vermelhos”, defensores das “causas comunistas”, o jurista Evandro Lins e Silva, o grande pensador Darcy Ribeiro, o jornalista Raul Ryff, o político conservador Abelardo Jurema, mas para Brizola, que sabidamente não era marxista nem se apurou, ao longo das investigações, que ocorreram desde seu Governo no Rio Grande do Sul e por toda sua vida, qualquer deslize, só pode ser “acusado” de “ultranacionalista” (sic).
Transcrevo daquele panfleto, pelo ridículo absurdo de criminalizar o patriotismo: “ultranacionalista, odiando os Estados Unidos, Brizola era classificado como um homem temerariamente mais radical do que o próprio chefe vermelho, Luiz Carlos Prestes” (do artigo citado, republicado pela Biblioteca do Exército Editora, no Centro de Serviços Gráficos do IBGE, em 1978, página 12).
Acusado de nacionalista!
Vendo o desmonte do Estado Nacional, que os golpistas de 2016 promovem no Brasil, aviltando nosso patrimônio natural para entregá-lo a empresas e Estados estrangeiros, penso que falta nos faz Brizola. Sua oratória envolvente, sua capacidade de comunicação com o povo, sua integridade pessoal acima de qualquer suspeita – aí estão seus descendentes a mostrar que não houve qualquer abastardamento como herança – estão sendo necessárias para o reerguimento nacional.
A  banca – o sistema financeiro, coordenado pelas 30 a 40 famílias que dominam o mundo – procura promover uma guerra, nunca explícita e declarada, aos Estados Nacionais. É o que se denomina guerra híbrida. Aquela que procura destruir a coesão da sociedade, que resulta na falência do Estado Nacional. A Líbia e o Iraque são dois exemplos desta guerra em países de grandes reservas de petróleo. Ao insuflar e armar – pelos agentes EUA e Reino Unido – políticos descontentes na Síria, a banca procura transformar outra nação em terra de ninguém. Sofrem com esta estratégia da banca a Venezuela, a Ucrânia e, agora também, o Brasil.
É parte desta guerra híbrida o uso das mídias, daí esta unanimidade dos canais de televisão, e avança igualmente nas redes virtuais. Muitos ingênuos colaboram graciosamente com a banca, na destruição do Estado Nacional Brasileiro, repassando maldosos boatos e falsas acusações aos inimigos da banca.
Brizola foi uma grande vítima das mídias, pois sua postura política jamais deixou dúvida sobre sua política nacionalista, e a grande imprensa, no Brasil, esteve sempre a serviço dos interesses estrangeiros. Em nosso país, dominado pela pedagogia colonial, os interesses exportadores de produtos primários – gado e grão – herança escravagista da colônia e do império, tinham e tem na mídia um grande aliado. E, por sua vez, estas forças políticas que conduziam o Império e são ainda as mais fortes no Parlamento e no Judiciário, impediram a industrialização e o desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro. A prisão do Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, herói da energia nuclear brasileira, é o exemplo que a Lava-Jato nos dá sobre seu verdadeiro patrão.
No entanto é curioso observar que foram em períodos ditatoriais, de Vargas e dos militares, sem a predominância da política parlamentar ruralista, que o Brasil deu seus melhores e maiores passos para a industrialização soberana e pelo desenvolvimento científico e tecnológico. A perseguição dos militares a Leonel Brizola foi um erro da política menor prejudicando um interesse maior. Ainda que o golpe de 1964 tenha começado com o interesse de empresas estadunidenses, desenvolveu-se com interesses nacionais soberanos e acabou pela ação da banca, que ganhava seu protagonismo internacional.
Hoje estamos sofrendo esta guerra híbrida provocada pela banca, que usa todos os meios lícitos e ilícitos, pois se coloca acima de quaisquer valores nacionais, para destruir o Brasil, com as ações de todos os poderes dominados pelos golpistas – executivo, legislativo e judiciário – além das mídias. Que falta o Brizola nos faz.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

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