Por Luiz Fernando Leal Padulla*
Ainda sobre o fatídico vídeo da reunião (?) ministerial, queria apontar a fala do presidente Bolsonaro quando cita a definição de família. Tentando argumentar com base na Constituição e na bíblia (desrespeitando o laicidade do Estado), diz que o artigo 226, que lá está escrito que família é homem e mulher. E mesmo mudando isso, como não dá pra emendar a Bíblia, eu vou continuar acreditando na família tradicional. Provando sua ignorância, associa qualquer outro tipo de família como coisa do capeta e ideologia (sic) de gênero.
Esquece-se, no entanto, que no mesmo artigo a Constituição também diz que “entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. Além disso, em 2011 o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável homossexual, interpretando o homem e a mulher, a partir de então, como pessoas.
Pois bem. Na mesma reunião, seu irracionalismo diz defender a liberdade, em clara histeria defendendo o armamento da população. Novamente me indago: que liberdade é essa que não respeita a diversidade?
Não sou o primeiro a falar isso, mas reforço o que muitos já pensaram: Bolsonaro e seus filhos são pessoas frustradas sexualmente.
A associação e o fetiche constante por armas, posando em fotos segurando fuzis que lembram membros fálicos, são evidências que Freud explica em sua obra “A Interpretação dos Sonhos”. Para o pai da psicanálise, é a pura e inconsciente manifestação de um desejo sexual referente ao pênis. Em um artigo publicado por Santos (2012), cujo título é “’Cidadãos de bem’ com armas: Representações sexuadas de violência armada, (in)segurança e legítima defesa no Brasil”, a autora afirma que “fica claro o papel das armas de fogo enquanto símbolos de assunção de virilidade e instrumentos de recuperação da “masculinidade diminuída”.
A constante necessidade de autoafirmação sobre sua sexualidade, incluindo até piadas desrespeitosas sobre gays e discursos de ódio, fortalecem ainda mais esse argumento de sexualidade reprimida. Talvez o desejo esteja intrínseco no DNA do clã – ainda que a ciência tenha provado que não há um “gene gay”, mas cujo ambiente influencie significativamente em nossos comportamentos – mas acabam se reprimindo por conta de um tabu e preconceito. Os Bolsonaro não são felizes e insistem em reprimir esse desejo de qualquer maneira.
Já disse em outra postagem que talvez todos sejamos bissexuais por natureza, mas que talvez tenhamos assumido a identidade binária de orientação sexual por uma questão cultural (Veja aqui: Gays: a salvação da espécie?). E se assim for Jair, Eduardo, Carlos, Flávio e demais integrantes da faMILÍCIA, não se culpem por terem atração sexual por homens. Não tentem compensar seus tabus e insatisfação sexual e reprimir o desejo ao falo alheio. Ao contrário do que defendem, a liberdade de um povo e de uma nação não será conquistada armando-a, mas permitindo o amor e amando! Permitam-se também, Bolsonaros.
*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação