Jorge Portugal
Eu sabia! Cheguei mesmo a falar com algumas pessoas próximas, quando soube que, na cadeia Lula estava lendo bastante, mas entre tantos livros, dois me arregalaram os olhos: Sapiens, de Yuval Harari e A elite do Atraso, de Jessé Souza.
Pensei cá comigo: se esse cara já é o “monstro de inteligência” que é, imagine turbinado por essas duas leituras? Sim, porque ninguém sai desses dois livros com a mesma combinação de neurônios com que entrou neles.
Em Sapiens, uma breve história da humanidade, o autor faz uma fascinante viagem desde o Big Bang até às portas da inteligência artificial – que praticamente já manda na gente – e deixa um gostinho de “quero mais” para continuar na sua obra seguinte “Homo Deus”, onde aborda a próxima mutação já completamente além da teoria de Darwin.Imperdíveis, espetaculares!
Esse livro nos dá a exata dimensão do que realmente somos como espécie, das nossas limitações e potencialidades, da nossa capacidade para o sórdido – como dizimar semelhantes apenas porque pensam diferente de nós, ou são de outra etnia, como também para o sublime – como a Nona Sinfonia de Beethoven ou os “Girassois” de Van Gog. Essa leitura nos confere um grau de serenidade sensacional diante das coisas e suas contradições.
E Lula – que deve ter lido e relido – certamente saiu de Sapiens essa outra pessoa.
A outra obra, A Elite do Atraso, já tinha sido escrita pelo próprio Lula, dentro dele mesmo, no seu interior profundo.Porém – como num espelho – ele “viu” a cara de sua obra política e social traduzida em palavras por Jessé Souza. E mestre Jessé no seu livro, não costuma fazer arrodeios.
Vai sempre ao ponto.Desconstroi as “pilantragens sociológicas” ensinadas pela USP e quejandos ao longo dos seus tantos anos de existência e centra fogo no que interessa: o nojo, o ódio que a classe média e a elite têm da ralé brasileira, representada pelos filhos, netos e bisnetos dos escravizados por quatrocentos e tantos anos.
Aí Lula lembrou que o papo da corrupção foi uma longa “conversa pra boi dormir” e para colocá-lo dentro das grades, mas a verdade “de mermo” foram as políticas que promoveram a entrada de negro pobre nas universidades públicas ou não, pobre “lenhado” poder viajar de avião, empregada doméstica frequentar o mesmo shopping que a patroa, e o Brasil ser respeitado pelo mundo quando governado por um presidente nordestino e sem diploma.
Um ano e esses dois livros depois, Lula, sereno, seguro e tranquilo – mais ainda! – nos diz: “não tenho mágoa, pois pretendo viver 120 anos” ;”estou preparado até pra morrer na cadeia, mas não troco minha dignidade pela minha liberdade”! #LulaLivre, mas, sobretudo, Lula Vivo!
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