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SITUAÇÃO NO PAÍS A |
SITUAÇÃO IDÊNTICA NO PAÍS B |
Aliado, parceiro |
Satélite |
Manter a ordem |
Repressão sobre manifestantes pró-democracia |
As forças da ordem |
O aparelho repressivo do regime |
As autoridades |
As forças repressivas |
Distúrbios criminosos; vandalismo |
Manifestações contra o regime. Lutas pela democracia e direitos humanos |
Terroristas |
Rebeldes. Combatentes da liberdade |
Oposição irresponsável que se automarginaliza |
Dissidentes que representam a vontade de todo o povo |
Critério editorial |
Censura |
Confrontos entre manifestantes e a polícia |
Violência sobre civis |
As manifestações degeneraram em confrontos… As forças policiais viram-se obrigadas… |
Brutal repressão abateu-se sobre os elementos pró-democracia |
Os incidentes provocaram vários feridos nas forças policiais… |
A repressão causou mortes e feridos entre os manifestantes |
Multidão; muitos milhares de pessoas |
Algumas centenas de apoiantes |
No país A para descrever as situações da primeira coluna a linguagem usada ou a atitude comunicacional é a da segunda coluna:
Tortura |
Combate à subversão |
Ausência de medidas de defesa da produção nacional |
Abertura aos mercados |
Poder político subordinado ao poder econômico |
Democracia |
Voos da CIA com presos sem julgamento para centros de tortura |
Ignorar. Cortar a palavra se o tema for mencionado na rádio ou TV. No limite considerar hipótese não confirmada lançada por inimigos do mundo livre |
Repressão e crimes políticos na Colômbia, Peru, Honduras, Guatemala, etc. |
Ignorar, nunca mencionar |
Ditadores mascarados de democratas |
Ignorar, nunca mencionar |
Golpes de Estado contra governos que defendem a soberania nacional |
Ações para salvar a democracia e contra o populismo |
Corrupção, especulação e fuga de capitais |
Livre empresa, mercado livre |
Capitalismo neoliberal, regressão social |
Democracia, sociedade aberta e competitiva |
Austeridade, redução de impostos para a finança e grandes grupos económicos |
Políticas salutares e responsáveis. Fazer o que tem de ser feito. |
Matar civis |
Danos colaterais |
Bombardear cidades indefesas (como os nazis em Guernica) |
Intervenção humanitária. Derrotar a ditadura; exercer pressão para o povo ficar em segurança. |
Perseguições políticas, milhares de pessoas torturadas, assassínios em massa por governos apoiados pelos EUA e UE |
Ignorar, nunca mencionar |
Jornalistas, sindicalistas, ativistas sociais, assassinados em países da América Latina |
Ignorar, afirmar repetidamente que em Cuba não há liberdade [1] |
Neocolonialismo, dependência política e económica |
Integração económica, comércio livre, |
Quando amigos assumem o poder após golpe de Estado, conduzindo uma política de perseguições e repressão. |
A democracia venceu |
Seita criminosa que governou o Camboja até ser derrubada em 1979 por soldados da República Popular do Vietname e exilados principalmente do Partido Comunista. |
Os “Khmers Vermelhos” comunistas [2] |
Massacre de civis palestinianos pelo exército israelense. |
Confrontos na faixa de Gaza |
Disponibilizar informação revelando a face ocultada da política interna e externa dos EUA. |
Atitude criminosa suspeita de apoiar e proporcionar ajuda a terroristas (caso de Julian Assange, Chelsea (Bradley) Mannig, Edward Snowdown, por ex.) |
Tratamento cruel, injusto, supressão de direitos legais, aplicado a Julian Assange (ex. Chelsea Manning) |
Ignorar, nunca mencionar |
No pais B para descrever as situações da primeira coluna a linguagem usada é a da segunda coluna:
Ações imperialistas de ingerência e aplicação de sanções |
Promover a democracia |
Defesa da soberania nacional |
Isolacionismo reacionário e arcaico |
Planeamento económico democrático. Controlo do poder económico pelo poder político |
Totalitarismo |
Preocupações sociais postas em prática |
Esquerda radical e populista |
Manifestações de apoio ao governo |
Ignorar. No limite, selecionar imagens que desqualifiquem o acontecimento. |
Indivíduos pagos por organismos de países estrangeiros para conspirarem contra governos com apoio popular |
Dissidentes, lutadores pela democracia |
País que não faz o que os EUA pretendem |
Ameaça aos interesses do “ocidente” |
Nacionalização dos recursos naturais do pais, com o apoio da maioria esmagadora da população e cumprindo promessas eleitorais. |
País que se encaminha para a ditadura. Estado pária. |
Mortes de civis em países atacados ou em consequência de sanções económicas |
Ignorar, nunca mencionar ou culpar o “regime” |
Destruição e matanças cometidas por terroristas financiados pelo império |
Sectores moderados, em luta pela liberdade e a democracia. |
Bombas de fragmentação e de urânio empobrecido. Morte de centenas de milhares pessoas, na esmagadora maioria civis. O total é avaliado em dois milhões, incluindo os danos causados pelas sanções [3] |
Intervenções humanitárias (ex. Jugoslávia, Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria, Somália, Iémen, etc.) |
3 – Linguagem como estratégia de propaganda e manipulação
As estratégias de manipulação coletiva, visam deturpar os significados, bloquear o espírito crítico e condicionar mentalmente o ouvinte. Vejamos algumas destas estratégias:
• Eufemismos – induzir ideias contrárias ao significado original das palavras, fazendo passar por desejável o que seria recusado. (ex. Reformas Estruturais).
• Oximoros – Com objetivo idêntico, colocar na mesma expressão conceitos contraditórios.
• Repetição – Bloquear o pensamento crítico através da intensidade repetitiva. “Nos EUA a repetição de ecos (ecolalia) chama-se debate” (Paul Craig Roberts)
• Veemência e indignação – Mentiras, ditas desta forma, condicionam a procura da verdade. Particularmente relevante quando se pretende um processo de desumanização e diabolização, estabelecendo um clima de paranoia coletiva contra um designado inimigo. A opinião pública foi desta forma preparada para aceitar as agressões levadas a cabo contra a Jugoslávia, Líbia, Iraque, Afeganistão, Síria, a russofobia, etc.
• Dissociação – Exacerbar as consequências escamoteando as causas. Serve de álibi para o “populismo” das várias direitas.
• Distração – Desviar a atenção do que é socialmente importante com informações irrelevantes.
• Crise como oportunidade – Deixar desenvolverem-se ou provocar problemas para concretizar soluções que seriam recusadas de outra forma (caso da austeridade e das privatizações).
• Faseamento – Políticas impopulares que seriam recusadas de imediato, são aplicadas de forma gradual, à medida que vão sendo apresentadas como realistas e sem alternativa. Promovendo a resignação pela “habituação”.
• Evidenciação – Tornar evidente o que é falso através de erros do raciocínio silogístico; tomar como verdades absolutas axiomas dogmáticos e imagens que deturpam o real, etc. (ex. o Estado como “boa dona de casa”)
4 – A linguagem da calúnia
A linguagem da calúnia é de todas a mais perversa ao nível da intoxicação mental, utilizada para diabolizar os que não se submetem totalmente ao império. Boatos são promovidos à categoria de notícia, notícias falsas passam a factos com base nos quais “comentadores” desenvolvem as suas arengas sem contraditório.
Os criminosos golpes na Indonésia, no Chile, foram precedidos da calúnia: “os comunistas preparavam-se para assassinar os militares”, na Argentina ativadas pela AAA (Aliança Anticomunista Argentina). As guerras no Iraque, na Síria, na Líbia, na Jugoslávia foram precedidas de calúnias. Tal como as sanções contra a Venezuela e outros Estados. Fidel Castro teria sido um assassino, tal como Nicolas Maduro, Kadafi, Milosevitch, etc., promovendo a repulsa do cidadão desinformado por políticas progressistas e os ódios de que se alimenta a extrema-direita. [4]
Contra a China considerada o inimigo principal do império (com a Rússia) procura-se desencadear no Xinjiang uma revolta da etnia uigure. Alguns exemplos da calúnia em curso:
• Uma uigure ensanguentada a quem um carrasco Han arranca as unhas. Vídeo filmado em 2004 em Chicago com uma atriz.
• Um bebé uigure com coleira, comendo de uma gamela para cão. Foto divulgada em 2015 nas Filipinas pela (indigna) mãe da criança.
• Um uigure nu espancado no chão por um soldado. Espancamento de um delinquente por um soldado indonésio em maio de 2017.
Viu-se uma uigure um pouco embaraçada para justificar a sua gravidez depois de ter sido esterilizada à força; “desaparecidos” foram encontrados risonhos nas suas casas. [5]
A cobertura internacional de notícias nos media ocidentais é fornecida na quase totalidade por apenas três agências noticiosas com sede em Nova York, Londres e Paris, definindo o tipo da linguagem e da propaganda globais, ao serviço da oligarquia e do imperialismo.
Só o esclarecimento e a elevação da consciência social do povo trabalhador, permitirão superar os efeitos da mentira e da ininterrupta propaganda caluniosa. Só assim se desenvolverão as raizes da esperança num futuro diferente e melhor.
Notas
1- O último jornalista assassinado pelo poder político em Cuba, foi-o no tempo do ditador Batista, apoiado pelos EUA. Assassinatos de jornalistas deram-se em países apoiados pelos EUA (por ex. Colômbia, Honduras). Situações ignoradas pela Amnistia Internacional e pelos “Reporters sem fronteiras”.
2 – Os “khmers vermelhos” foram apoiados pelos EUA que os mantiveram como guerrilha na Tailândia para derrubar o novo governo de salvação e reconstrução nacional. Na ONU os EUA não reconheceram o novo governo como representante do país, apoiando a representação dos criminosos Khmers.
3 – No caso da Líbia o mandato da ONU para garantir a exclusão do espaço aéreo das hostilidades entre governo e rebeldes e proteger a população civil, resultou na morte de 40 a 60 000 civis devido aos bombardeamentos da NATO.
4 – No caso da Jugoslávia o Tribunal Penal Internacional ilibou postumamente o presidente da Sérvia, Milosevic, cujos alegados crimes serviram de justificação para uma sementeira de ódios e bombardeamentos que vitimaram milhares de civis.
5 – Théophraste R. (editor de www.legrandsoir.info/ ) Et si le mensonge photographique devenait trop difficile?, 17/08/2020 A deteção da falsidade das imagens foi feita com a aplicação InVID (In Video Veritas).
Ver também:
• La intoxicación lingüística. El uso perverso de la lengua , de Vicente Romano, 185 p., 740 kB
• Sobre o marxismo na linguística , de Estaline, 1950.
Este artigo encontra-se em https://resistir.info/
• Um bebé uigure com coleira, comendo de uma gamela para cão. Foto divulgada em 2015 nas Filipinas pela (indigna) mãe da criança.
• Um uigure nu espancado no chão por um soldado. Espancamento de um delinquente por um soldado indonésio em maio de 2017.
Notas
1- O último jornalista assassinado pelo poder político em Cuba, foi-o no tempo do ditador Batista, apoiado pelos EUA. Assassinatos de jornalistas deram-se em países apoiados pelos EUA (por ex. Colômbia, Honduras). Situações ignoradas pela Amnistia Internacional e pelos “Reporters sem fronteiras”.
2 – Os “khmers vermelhos” foram apoiados pelos EUA que os mantiveram como guerrilha na Tailândia para derrubar o novo governo de salvação e reconstrução nacional. Na ONU os EUA não reconheceram o novo governo como representante do país, apoiando a representação dos criminosos Khmers.
3 – No caso da Líbia o mandato da ONU para garantir a exclusão do espaço aéreo das hostilidades entre governo e rebeldes e proteger a população civil, resultou na morte de 40 a 60 000 civis devido aos bombardeamentos da NATO.
4 – No caso da Jugoslávia o Tribunal Penal Internacional ilibou postumamente o presidente da Sérvia, Milosevic, cujos alegados crimes serviram de justificação para uma sementeira de ódios e bombardeamentos que vitimaram milhares de civis.
5 – Théophraste R. (editor de www.legrandsoir.info/ ) Et si le mensonge photographique devenait trop difficile?, 17/08/2020 A deteção da falsidade das imagens foi feita com a aplicação InVID (In Video Veritas).
• La intoxicación lingüística. El uso perverso de la lengua , de Vicente Romano, 185 p., 740 kB
• Sobre o marxismo na linguística , de Estaline, 1950.