A ditadura não bate à porta. Ela já entrou sem precisar sequer invadir. Abriram as portas mesmo sob o aviso dos riscos.
Policiais militares – filhotes ressurgentes – invadindo escolas e agredindo covardemente alunos menores de idade, fazendo jus ao passado ainda tão presente de um Estado policialesco e fascista.
Professores e professoras sendo perseguidos por ensinar e educar!
Juiz (sic) que negocia cargo político e age como inquisidor medieval contra a maior liderança política da esquerda brasileira e mundial, julgando-o e condenando-o sem qualquer prova! Não satisfeito com o apoio ao Golpe de 2016, continua sua perseguição e, utilizando de seu posto frente ao Ministério da Justiça, solicita abertura de inquérito contra Lula com base em uma estapafúrdia Lei de Segurança Nacional, usada justamente nos anos de chumbo para perseguir inimigos políticos. Um ministro (sic) tratado como herói por alienados, e que agora mostra-se conivente com casos de corrupção e com milicianos – carinhosamente denominado como “capanga da milícia”.
A ditadura quer calar aqueles que ameaçam seus objetivos nefastos. Canalhas que vendem nossas riquezas ao capital estrangeiro e que privatizam tudo, sem que o povo tenha condições de acessar necessidades básicas. Privatizam e nos privam.
Pessoas estão sendo mortas quando ameaçam o clã dos Bolsonaro. A ditadura é suja, desonesta, assassina. É assim que a direita quer vencer, desrespeitando a democracia.
Quando incomodaram o tucano Aécio Neves (o golpista mor), “suicidaram” o policial civil Lucas Arcanjo quando denunciou o político por lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e até associação com o narcotráfico internacional.
Não esqueçamos da modelo Cristiane Aparecida Ferreira, que além de ter relações amorosas com várias lideranças do PSDB, recebera milhões como “laranja” do mensalão tucano. A modelo que sabia demais, e seu assassinato fora classificado como “crime passional”. Mais uma queima de arquivo!
E quando investigados, nada de punição…sigilo total nas investigações e arquivamento dos mesmos – mesmo com provas robustas!
Agora mataram o miliciano Adriano da Nóbrega, peça chave para desvendar o assassinato de Marielle Franco e sua relação com o clã bolsonarista. Adriano, inclusive, fora homenageado por Flávio Bolsonaro na pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro em 2005, condecorado com a medalha Tiradentes.
Uma morte brutal e suspeitíssima, ainda mais quando se sabe que o deputado Eduardo Bolsonaro esteve na Bahia dois dias antes, permanecendo até o dia da execução do miliciano. Mais um arquivo eliminado.
A ditadura está aqui. Branda, camuflada. Mas real. Tentam censurar vozes progressistas e nacionalistas. Querem calar as denúncias contra os bandidos que tomaram de assalto nossa democracia.
A ditadura critica a imprensa – que é bom lembrar, teve grande parcela de culpa e conivência para a derrubada de Dilma e pelo atual momento que (sobre)vivemos – que se vê cada vez mais ameaçada e encurralada pela voracidade raivosa do analfabetismo político. Plantaram a semente do autoritarismo, cultivaram e agora estão colhendo o bolsonarismo.
Bolsonarismo que ousa atacar intelectuais e líderes religiosos que se pronunciam contrários às arbitrariedades que estão promovendo, como o desmonte da cultura, da educação, da ciência, da saúde.
Paralelamente, ignoram o que realmente ocorre no país: alunos e alunas de movimentos estudantis sendo alvos de grupos extremistas dentro das universidades, mortes de LGBTI+ crescendo em ritmo acelerado, pobres e afrodescendentes encabeçando a lista de homicídios. As minorias perdendo a já combalida força.
Motins de policiais militares surgem em momento oportuno, justamente para clamar forças de segurança nacional – militares – para manter a ordem. Milicos ganham espaço e se articulam.
Sem qualquer disfarce, militarizam tudo – aparelham do Estado com milicos. O autoritarismo ganha terreno. O que falta para reagirmos à altura?
Esperaremos o pior acontecer, assistindo tudo passivamente enquanto o próprio presidente (sic) conclama seu gado para o fechamento das instituições democráticas, dando nova maquiagem ao AI-5, com a prática de um crime de responsabilidade extremamente grave?
O poema “É preciso agir” de Bertold Brecht nunca fez tanto sentido…
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
*Professor, Biólogo, Doutor em Etologia, Mestre em Ciências, Especialista em Bioecologia e Conservação
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Prof. Luiz Fernando Leal Padulla
*Biólogo*
Doutor em Etologia
Mestre em Ciências
Especialista em Bioecologia e Conservação
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