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terça-feira, 3 dezembro, 2024

Uma dança com sabor de merengue

Santo Domingo (Prensa Latina) Apesar das tentativas de colonização cultural dos Estados Unidos na América Latina e no Caribe, os povos dessas regiões defendem suas raízes que, até hoje, em sua maioria, dominam a arte nacional.

Mariela Perez Valenzuela

Correspondente-chefe na República Dominicana

Os habitantes da República Dominicana assumem orgulhosamente a sua soberania e identidade, embora na sua história tenha sido notável a presença estrangeira (incluindo guerras e invasões estrangeiras, entre elas a dos Estados Unidos em 1965).

A atual população dominicana, estimada em cerca de 11 milhões de pessoas, é alegre e calorosa e, como em outras nações formadas por culturas diferentes, gosta especialmente de música e dança.

O povo de Quisqueya aprecia seus ritmos, que misturam instrumentos trazidos da África, da França – por influência da colônia europeia no vizinho Haiti – e da Espanha, passando por territórios próximos como Cuba, Colômbia e Venezuela.

Ao falar da República Dominicana, muitos a associam imediatamente às suas praias, entre as mais belas do Caribe, mas também ao merengue, ritmo contagiante considerado a dança nacional.

Alguns historiadores indicam que Merengue tomou emprestado o nome de um doce da época em que surgiu, em meados do século XIX, e outros sugerem que venha das palavras muserengue ou tamtan mouringue, uma dança conhecida de algumas culturas africanas trazida por escravos. pessoas das costas da Guiné, e que desembarcaram nos territórios próximos.

O dia 23 de junho foi declarado o Dia do Merengue, coincidindo com a história e origem daquela música, segundo conclusões oficiais. A data lembra o nascimento do coronel dominicano Juan Bautista Alfonseca, em 1810, reconhecido pelos historiadores locais como o primeiro intérprete e compositor do ritmo.

Porém, nos meios intelectuais ainda existem outras teses que indicam dúvidas a esse respeito.

Alguns, como a musicóloga Flérica de Nolasco, defendem a autoria de Alfonseca, enquanto outros acreditam que sua origem e aparência nunca serão conhecidas com exatidão, afirma o compositor de música folclórica Julio Alberto Hernández.

O jornalista e intelectual Rafael Vidal considera que nasceu como uma melodia crioula, após a batalha travada contra os invasores haitianos, da qual participou Alfonseca.

Por sua vez, o folclorista, ensaísta e pesquisador Fradique Lizardo defende que se trata de uma música cubana chamada URPA, já que uma de suas partes era conhecida como merengue. A URPA de Havana foi para Porto Rico e de lá para outras ilhas do Caribe.

MERENGUE REPUDIADO

O que os estudiosos concordam é que em 1844 a melodia contagiante – que atualmente tem sua versão hip-hop – foi repudiada pelas elites dominicanas, e apenas seis anos depois passou das áreas rurais para as urbanas para deslocar a também famosa Tumba Francesa.

As primeiras composições de merengue são atribuídas ao Coronel Alfonseca (1810-1875). Ele, como músico, trouxe sua inspiração de forma constante para a equipe, segundo o jornalista dominicano Beltrán Nicolás de Nagua.

Após a troca de insultos contra melodias merengues e após ser aceito e acolhido pela sociedade elitista, o coronel escreveu peças com títulos muito populares como “Ay, Coco!”, “El sancocho”, “El que no tiene dos pesos não dança ”, e “Fuja Marcos Rojas, ele vai pegar a bola”.

A estrutura musical do merengue consistia em caminhada, corpo e jaleo. A música desde suas origens foi escrita em ritmo 2 x 4 e as letras que a acompanham são comuns e divertidas na arte popular.

Em princípio, os intérpretes tocavam com bandurrias, o Tres e o Cuatro. Mas então o acordeão diatônico de origem alemã entrou no Cibao (Santiago de los Caballeros), que, pela facilidade de manuseio, deslocou a bandurria.

SUA DANÇA VAI PARA O TÚMULO

Um dos elementos que deslocou a Tumba foi a forma de dançar o merengue, que se mantém até hoje, com uma coreografia reduzida e sensual, em que o casal nunca se separa e todo o movimento passa pelos quadris e joelhos, em cadência ao ritmo da dança. esquerda e para a direita. Eles podem virar, andar de lado e até se soltar, mas sempre de mãos dadas.

Artistas famosos como Olga Tañón, Marc Anthony (ambos porto-riquenhos) e o dominicano Juan Luis Guerra têm o merengue entre seus sucessos.

Na República Dominicana continua a ser o destaque das férias. Um ritmo que deixou séculos para trás, sem perder a sua essência e o seu sabor.

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