O legado do governo de Unidade Popular se destaca no Chile

Por Carmem Esquivel

Para o jornalista e membro da comissão política do Partido Comunista do Chile, Juan Andrés Lagos, este foi um acontecimento extraordinário que marcou um marco na história do país.

Em declarações à Prensa Latina, recordou que durante o seu mandato nacionalizou o cobre, promoveu programas de benefícios sociais e manteve a solidariedade com o povo da nossa América e com aqueles que lutavam pela sua independência em África, no Médio Oriente e noutras regiões.

Acredito que não houve presidente, nem antes nem depois, que tenha dedicado tanta energia ao bem-estar da classe trabalhadora, expressou, por sua vez, o secretário-geral da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), Eric Campos.

Explicou que o governo da Unidade Popular não só melhorou a vida com medidas como meio litro de leite para as crianças, habitação e planos de férias, mas também capacitou os trabalhadores, deu-lhes ferramentas para avançarem como a negociação setorial e a legalização da CUT.

As homenagens começaram pela manhã com uma peregrinação pela rua Morandé, 80, até o monumento a Salvador Allende na Plaza de la Constitución, localizado em frente ao Palácio La Moneda.

Há 54 anos, no dia 4 de setembro, a história do Chile mudou, quando Allende chegou ao poder depois de quatro vezes ser candidato, lembrou o presidente do Partido Comunista, Lautaro Carmona.

O dirigente apelou a não desistir da luta pelo aprofundamento democrático e pela perspectiva do socialismo ao estilo chileno com empanada e vinho tinto, como disse o presidente.

Questionado sobre os desafios actuais, referiu alcançar mais justiça social e desenvolver políticas públicas que vão desde a redistribuição da riqueza até à possibilidade de melhorar as pensões, proporcionar habitação e reduzir as longas listas de espera por saúde.

Num evento posterior realizado no mesmo local, a presidente do Partido Socialista, Paulina Vodanovic, destacou a validade do programa governamental de Unidade Popular.

Vodanovic apelou à procura de soluções para os problemas mais urgentes dos cidadãos, como a insegurança, a luta contra a corrupção e uma melhor educação e saúde.

Não pode ser que só quem tem dinheiro se poupe na saúde, disse.

Lembrou que a actual Constituição foi imposta durante a ditadura (1973-1990), com melhorias substantivas durante o governo de Ricardo Lagos, mas não consagra um estado de direito social e democrático.