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quinta-feira, 19 setembro, 2024

Como o Telegram se tornou uma das principais redes sociais do mundo em apenas 10 anos?

Thiago Prudêncio/SOPA Images/LightRocket/Getty Images

Em uma década, serviço alcançou 700 milhões de usuários ativos por mês e consolidou-se como um dos 5 principais aplicativos em números de downloads em todo o mundo.

O Telegram é um aplicativo de mensagens instantâneas criado em 2013 por Pável Durov, o fundador da rede social mais popular da Rússia, ‘VKontakte’. Em 10 anos, o serviço se transformou em uma rede social completa com 700 milhões de usuários ativos por mês. Em 9 de agosto de 2023, o Telegram ultrapassou o ‘VKontakte’ em alcance diário pela primeira vez na história.

Pável Durov em 2017

Mais de 60% da população da Rússia usa Telegram

Inicialmente, o Telegram foi criado como um serviço de mensagens instantâneas para um público internacional. Foi apenas em 2017 que o aplicativo introduziu uma interface em russo. Apesar disso, o país é um dos líderes em número de usuários. Em junho passado, o alcance mensal do aplicativo chegou a 63,1% da população na Rússia com mais de 12 anos.

Em 2022, o Telegram até ultrapassou o WhatsApp em termos de volume de tráfego e prevê-se que supere o seu concorrente em termos de contagem de usuários ainda em 2023. O rápido crescimento dos usuários também é atribuído, obviamente, ao bloqueio do Instagram e do Facebook na Rússia.

Entre os 5 aplicativos mais baixados do mundo

O Telegram é um dos cinco aplicativos mais baixados em todo o mundo. Em 2022, o app foi baixado 70,48 milhões de vezes na Índia, 20,03 milhões de vezes nos Estados Unidos, 19,61 milhões de vezes na Indonésia e 18,04 milhões de vezes no Brasil. No ano anterior, o Telegram já havia alcançado o segundo lugar em downloads nos EUA – depois da suspensão da conta do Twitter do então presidente norte-americano Donald Trump.

Outro motivo foi a alteração na política de privacidade do WhatsApp, que agora pode compartilhar dados do usuário com outros aplicativos da Meta. A equipe do Telegram, por outro lado, se recusa a conceder acesso a mensagens e dados do usuário, mesmo mediante solicitação de governos, exceto nos casos em que o usuário seja suspeito de terrorismo.

Por que o aplicativo de trocas de mensagens é agora chamado de rede social?

Embora o Telegram tenha sido originalmente criado como um aplicativo de mensagens instantâneas, agora se tornou uma rede social completa. Além dos chats, o app traz canais que funcionam de forma semelhante às comunidades do Facebook. Os usuários se inscrevem nos canais, podem acompanhar suas postagens, debate-las em comentários e usar reações (semelhantes a curtidas, porém com mais opções de emojis). Uma diferença significativa do Telegram em relação a outras plataformas similares é a ausência de algoritmos – o aplicativo não possui uma seção de “recomendações”, permitindo que os usuários escolham o que veem em seu feed. Os canais são projetados como chats e cada post é acompanhado de notificações para assinantes (que podem ser desativadas). A única forma de divulgar conteúdo na plataforma é fazendo parcerias entre canais, ou comprando publicidade, de outro canal ou do próprio app. Por sinal, este último tipo de anúncio pode ser removido do feed adquirindo uma assinatura premium com recursos adicionais: downloads rápidos de arquivos, adesivos exclusivos, ferramentas adicionais de gerenciamento de bate-papo, reconhecimento de mensagens de voz e mais. No entanto, todos os recursos principais permanecem gratuitos e continuam em expansão. Em junho, por exemplo, o Telegram introduziu ‘Stories’ (sim, aquelas postagens autoexcluíveis em formato de foto ou vídeo, semelhante ao Instagram).

A combinação do formato de feed sem fim sem algoritmos com um serviço de troca de mensagens instantâneas fez do Telegram o principal agregador de notícias na Rússia – que é hoje o maior tipo de conteúdo na plataforma.

Por que alguns países tentaram bloquear o Telegram?

Atualmente, a plataforma está bloqueada na China, Irã, Iraque e Paquistão. Em alguns casos, o Telegram foi bloqueado durante protestos, para limitar a capacidade dos manifestantes de coordenar ações por meio do serviço, enquanto em outros casos, o motivo foi “conteúdo indecente”. Estes não são, porém, os únicos países onde a rede social enfrentou bloqueios. Em vários outros, como no caso do Brasil, por exemplo, os motivos incluíram a recusa da equipe do Telegram em excluir conteúdo específico ou fornecer tecnologia de descriptografia para mensagens privadas de usuários. Segundo a empresa, entretanto, segurança do usuário e o compromisso de evitar a censura são princípios fundamentais da plataforma. Por exemplo, durante a pandemia do covi-19, o Telegram se recusou a remover postagens falsas sobre o coronavírus. Na época, Durov se pronunciou sobre o assunto: “…não achamos que era o nosso papel decidir por nossos usuários no que eles deveriam acreditar. (…) Nos 20 anos gerenciando plataformas de discussão, percebi que as teorias da conspiração só ficam mais fortes a cada vez que os moderadores excluem conteúdo. Em vez de acabar com ideias erradas, a censura muitas vezes complica a luta contra elas. É por isso que espalhar a verdade sempre será uma estratégia mais eficaz do que censura.”

A plataforma também chegou a ser bloqueada na Rússia, mas, em 2020, a decisão acabou sendo revertida; durante o bloqueio, o número de usuários russos dobrou.

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