Por Antônio Jacinto Palma*
Em 1997, o Jornal “O Estado de São Paulo “e o Centro de Integração Empresa Escola – CIEE criaram o Troféu Guerreiro da Educação – Ruy Mesquita – que premia anualmente no dia 15 de outubro, dia do professor, um professor emérito, escolhido no meio educacional brasileiro, com a finalidade de dar relevância e importância aos professores no nosso país, tão carente na área da educação.
Em 1997, o destaque foi para a Professora Ruth Cardoso, professora da USP, e criadora do conhecido programa de Alfabetização Solidária, com abrangência nacional. Outros professores foram agraciados com o Troféu Guerreiro da Educação – Ruy Mesquita, sendo a maioria vinda da USP, como Miguel Reale, Helio Guerra, José Pastore, Celso Lafer, Cretela Junior, Luiz Décourt , Paulo Vanzolini, Paulo Nogueira Neto, Crodowaldo Pavan, Adib Jatene , Delfim Neto, Willian Saad Hossne e José Goldemberg.
Em 2003, o Estadão e o CIEE tiveram a feliz oportunidade de escolher o nome do professor Antonio Cândido de Mello e Souza– conhecido como Antonio Cândido, que no dia 24 de julho deste ano de 2018 faria 100 anos. Sociólogo, educador, pesquisador, crítico literário, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, um dos mais relevantes fundadores do Partido dos Trabalhadores e referência intelectual do partido.
Antonio Cândido alcançou uma posição muito rara na história da cultura brasileira. É um crítico literário unanimemente respeitado pelos escritores. Seu livro “Os Parceiros do Rio Bonito” é fantástico, onde ele faz uma análise do caipira paulista e da transformação de seus meios de vida. Antonio Cândido é o que chamamos “homem plural”. A obra do crítico literário pode ser alinhada aos tratados fundamentais de compreensão do Brasil.
Lygia Fagundes Telles ao falar em entrevista no dia da entrega do Troféu Guerreiro da Educação a Antonio Cândido, afirmou que “ele foi , em muitos momentos, a voz mais autorizada e mais livre da cultura brasileira”.
Celso Lafer, também Guerreiro da Educação, ao se manifestar sobre Antonio Cândido, disse:“Com saber, erudição e argúcia, elaborou no correr de sua fecunda trajetória intelectual , uma obra da maior envergadura, que é de fundamental importância para o entendimento do Brasil, de sua literatura, e do fenômeno da criação literárias nas suas múltiplas dimensões.Umas das vertentes do percurso de Antonio Cândido é a dimensão de professor, preocupação não apenas com as aulas e sua obra, mas com a educação em geral. Ele sempre foi um homem de esquerda, mas nunca confundiu , na inequívoca firmeza de suas posições, a difícil tarefa da construção do saber , com o oportunismo da politização do conhecimento. É por esta razão que Antonio Cândido é não só um grande intelectual , mas um extraordinário paradigma de educador”.
Antonio Cândido foi o organizador e criador do Suplemento Literário do Estadão, juntamente com Décio de Almeida Prado, que circulou entre 06 de outubro de 1956 até 22 de dezembro de 1974. Sem dúvida, o resultado foi a transformação do Suplemento Literário, no suplemento mais importante do país.
As relações de Antonio Cândido com o jornal O Estado de São Paulo, são antigas, e tudo que ele escreveu nos trás muitas saudades e recordações.
Antonio Cândido criou o Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada na USP. Foi presidente da Cinemateca. Foi membro do comitê editorial da Revista Argumento, fechada pela ditadura. Integrou a Comissão de Justiça e Paz , criada por D. Paulo Evaristo Arns. Presidente da Editora da Fundação Perseu Abramo. O rol de funções e atividades exercidas por Antonio Cândido é interminável.
Assim, o jornal O Estado de São Paulo e o CIEE, entidade de assistência social e sem fins lucrativos de apoio aos jovens brasileiros com seus programas de estágio e aprendizagem, comemoram com saudades os 100 anos de Antonio Cândido, um grande Guerreiro da Educação brasileira, exemplo de professor e de brasileiro para todos nós.
*Antonio Jacinto Caleiro Palma éPresidente do Conselho Administração do Centro Integração Empresa Escola – CIEE, Presidente do Conselho Diretor do CIEE Nacional e Professor da Escola Administração Empresas São Paulo/FGV.