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segunda-feira, 7 outubro, 2024

100 anos de Antônio Cândido

Por Antônio Jacinto Palma*

Em 1997, o Jornal  “O Estado de São Paulo “e o  Centro de Integração Empresa Escola – CIEE criaram o Troféu  Guerreiro da Educação – Ruy Mesquita – que premia anualmente no dia 15 de outubro, dia do professor, um professor emérito, escolhido no meio educacional brasileiro, com a finalidade de dar relevância e importância aos professores  no nosso  país, tão carente na área da educação.

Em 1997, o destaque foi para a Professora Ruth Cardoso, professora da USP, e criadora do conhecido programa de Alfabetização Solidária, com abrangência nacional. Outros professores foram agraciados com o Troféu Guerreiro da Educação – Ruy Mesquita,  sendo a maioria vinda  da USP,  como  Miguel Reale, Helio Guerra, José Pastore, Celso Lafer, Cretela Junior, Luiz Décourt , Paulo Vanzolini, Paulo Nogueira Neto, Crodowaldo Pavan, Adib Jatene , Delfim Neto,  Willian Saad Hossne e  José Goldemberg.

Em 2003,  o Estadão e o CIEE tiveram a feliz oportunidade de escolher o nome do professor Antonio Cândido de Mello e Souza– conhecido como Antonio Cândido, que no dia 24 de julho deste ano de 2018 faria 100 anos. Sociólogo, educador, pesquisador, crítico literário, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, um dos mais relevantes fundadores do Partido dos Trabalhadores e referência intelectual do partido.

Antonio Cândido alcançou  uma posição muito rara na história da cultura brasileira. É um crítico literário unanimemente respeitado pelos escritores. Seu livro “Os Parceiros do Rio Bonito” é fantástico, onde ele faz uma análise do caipira paulista e da transformação de seus meios de vida. Antonio Cândido é o que chamamos “homem plural”. A obra do crítico literário pode ser alinhada aos tratados fundamentais de compreensão do Brasil.

Lygia Fagundes Telles ao falar em entrevista no dia da entrega do Troféu Guerreiro da Educação a Antonio Cândido, afirmou que “ele foi , em muitos momentos, a voz mais autorizada e mais livre da cultura brasileira”.

Celso Lafer, também Guerreiro da Educação, ao se manifestar sobre Antonio Cândido, disse:“Com saber, erudição e argúcia, elaborou no correr de sua fecunda trajetória intelectual , uma obra da maior envergadura, que é de fundamental importância para o entendimento do Brasil, de sua literatura, e do fenômeno da criação literárias nas suas múltiplas dimensões.Umas das vertentes do percurso de Antonio Cândido é a dimensão de professor, preocupação não apenas com as aulas e sua obra, mas com a educação em geral. Ele sempre foi um homem de esquerda, mas nunca confundiu , na inequívoca firmeza de suas posições, a difícil tarefa da construção do saber , com o oportunismo da politização do conhecimento. É por esta razão que Antonio Cândido é não só um grande intelectual , mas um extraordinário paradigma de educador”.

Antonio Cândido foi o organizador e criador do Suplemento Literário do Estadão, juntamente com Décio de Almeida Prado, que circulou entre 06 de outubro de 1956 até 22 de dezembro de 1974.   Sem dúvida, o resultado foi a transformação do Suplemento Literário, no suplemento mais importante do país.

As relações de Antonio Cândido com o jornal O Estado de São Paulo, são antigas, e tudo que ele escreveu nos trás muitas saudades e recordações.

Antonio Cândido criou o Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada na USP. Foi presidente da Cinemateca. Foi membro do comitê editorial da Revista Argumento, fechada pela ditadura. Integrou a Comissão de Justiça e Paz , criada por D. Paulo Evaristo Arns. Presidente da Editora da Fundação Perseu Abramo.  O rol de funções e atividades  exercidas por Antonio Cândido é interminável.

Assim, o jornal O Estado de São Paulo e o CIEE, entidade de assistência social e sem fins lucrativos de apoio aos jovens brasileiros com seus programas de estágio e aprendizagem, comemoram com saudades os 100 anos de Antonio Cândido, um grande Guerreiro da Educação brasileira, exemplo de professor e de brasileiro para todos nós.

*Antonio Jacinto Caleiro Palma éPresidente do Conselho Administração do Centro Integração Empresa Escola – CIEE, Presidente do Conselho Diretor do CIEE Nacional e Professor da Escola Administração Empresas São Paulo/FGV.

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