Lukashenko (atrás dos microfones) governa o Belarus desde 1994 e regularmente é chamado de o “último ditador da Europa”
Ex-república soviética não adotou quase nenhuma medida para conter coronavírus. Líder do país vem minimizando pandemia como “psicose” e recomendando que população consuma álcool, trabalhe e vá à sauna.
Enquanto a maioria dos países europeus adota medidas drásticas para conter a pandemia de coronavírus, Belarus, no leste do continente, continua com as fronteiras abertas e não vem fazendo esforços nem sequer para paralisar seu campeonato de futebol.
Nos últimos dias, o líder do país, Alexander Lukashenko, vem minimizando a pandemia como um “frenesi” e uma “psicose”. Em vez de impor medidas amplas de isolamento, o líder recomendou, sem qualquer base científica, que a população de 9,5 milhões do país empobrecido beba vodca e vá à sauna para combater o coronavírus.
“As pessoas não deveriam apenas lavar suas mãos com vodca, mas também envenenar o vírus com ela”, disse, segundo o jornal britânico The Times. “Vocês deveriam beber o equivalente a 40-50 mililitros de álcool por dia. Mas não no trabalho.”
O presidente ainda disse que a população deveria ingerir vodca depois de ir à banya – um tipo de sauna russa – como forma de combater o vírus.
“Vá à sauna. Duas ou três vezes por semana vai fazer bem. E quando você sair da sauna, não apenas lave as mãos, mas também tome 100 ml de vodca”, disse.
No poder desde 1994, Lukashenko costuma ser rotulado como “o último ditador da Europa” por publicações ocidentais e críticos.
Nas últimas semanas, ele vem destoando até mesmo dos seus aliados russos, que passaram a adotar medidas mais amplas para tentar barrar o avanço da pandemia, como a imposição de um confinamento obrigatório em Moscou.
Lukashenko, por outro lado, não só manteve os calendários de atividades esportivas, como compareceu pessoalmente a uma partida de hóquei sobre o gelo no último sábado (28/03). “Não tem vírus aqui”, disse durante a partida. “Eu não estou vendo [o vírus]”, descreveu o jornal Washington Post.
Ele ainda justificou sua atitude citando uma frase atribuída ao revolucionário mexicano Emiliano Zapata (1879-1919): “É melhor morrer de pé do que viver de joelhos.”
O autocrata já havia dito há duas semanas que o trabalho “vai curar todo mundo”. “Vocês têm que simplesmente trabalhar, especialmente nos vilarejos. Os tratores vão curar todo mundo. As plantações vão curar todo mundo”, disse.
Até agora, o governo local não tomou nenhuma medida para fechar escolas, teatros, igrejas e outros locais que incentivam aglomerações. O desfile militar para celebrar os 75 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, em maio, também está mantido.
A única medida digna de nota tomada pelo governo ocorreu no dia 26 de março: impor o autoisolamento por duas semanas para pessoas que chegarem do exterior – algo que países da Europa Ocidental já fizeram semanas atrás.
Oficialmente, a ex-república soviética acumula apenas 152 casos e uma morte, mas os números são vistos com desconfiança por organizações de saúde estrangeiras.
O país aparece na 153ª posição no ranking de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras, que inclui 180 países.
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