26.5 C
Brasília
quinta-feira, 5 dezembro, 2024

VOCÊ SE PREPAROU PARA A MUDANÇA DE PODER NO MUNDO?

 Pedro Augusto Pinho*
Qualquer bípede implume, com dois neurônios, já desconfiou que o mundo esteja passando por mudança profunda. Arrisco afirmar, ser a maior desde o século XIV, quando a Europa inicia sua dominação planetária. E ainda existindo terras a descobrir…
Esta trajetória europeia, doravante denominada Imperialismo, não foi homogênea, mas guardava duas características importantes: a pasteurização das sociedades, esterilizando os traços culturais distintos do europeu, inclusive idiomas, e a submissão total (com tempo sofrerá transformações, mas não deixará de ocorrer) ao poder europeu ou seu descendente cultural, os Estados Unidos da América (EUA).
As dominações até então ocorridas na História das Sociedades Humanas, com exceção do Estado Romano e da religião judaico-cristã, apenas exerciam ação de pilhagem ou de escravização. Embora iniciada na Roma Império, a dominação ideológica, religiosa, só ganha poder na Idade Média europeia. Não chega, embora tenha tentado, a dominar o Extremo Oriente.
Mas a partir do período renascentista, do capitalismo como forma de poder, das grandes navegações (o Oriente já as fizera anteriormente), o que ocorre nos séculos XIV/XV, é a Europa se assenhorear, gradativamente, do mundo até o “Império onde o sol nunca se punha”, hoje repetido pela farsa da globalização.
No número de março de 2022, a revista Solidariedade Ibero-americana (MSIA, nº 10, volume XXVIII), entre excelentes artigos, publica, de sua Editoria: “A globalização acabou”. Nele transcreve depoimentos importantes, de quem tem muito a perder com este fim de Era, como Laurence D. Fink, Chairman e Chief Executive Officer (CEO) da mais importante empresa gestora de ativos, “BlackRock”, com recursos superiores a US$ 10 trilhões, que a colocam entre os três maiores Produto Interno Bruto (PIB) do mundo, o Comitê Diretor do Banco de Compensações Internacionais (BIS), que reúne 55 bancos centrais, e jornalistas que vocalizam os interesses do sistema financeiro internacional.
Estes e outros senhores e senhoras estão procurando sobreviver a suas próprias decisões, adotadas nos últimos 30/40 anos, focadas unicamente no maior e mais rápido ganho financeiro, sem qualquer escrúpulo, ética ou restrição a ações de algum modo ilícitas ou contrárias ao consenso moral do ocidente.
Enumeremos alguns dados que confirmam o fim desta Era dita Globalizante.
Talvez o mais relevante seja financeiro, isto é, aquele que toca no âmago da própria existência do sistema. O Instituto Schiller, “think tank” político e econômico, com sede na Alemanha, fundado e dirigido por Helga Zepp-LaRouche, viúva do economista e político estadunidense Lyndon La Rouche, divulgou o alerta reproduzido pelo jornal Monitor Mercantil (02/03/2022), na coluna Fatos & Comentários, de Marcos de Oliveira: uma bolha especulativa de quase US$ 2 quadrilhões em derivativos e dívidas já está pronta para estourar.
Recordemos que a ascensão das finanças ao poder ocidental se deu, pelas desregulações financeiras, ocorridas na década de 1980 no Reino Unido e nos EUA, e por sequência de “crises”, iniciadas com as do petróleo, nos anos 1970, e continuadas com:
1 – Crise de 1987 – Em 19 de outubro, a Bolsa de Nova Iorque despenca e os ativos são depreciados em 22,6%. Atinge também a Europa e a Ásia;
2 – Crise de 1990 – Da bolha imobiliária japonesa;
3 – Crise de 1992 – Sistema Monetário Europeu;
4 – Crise de 1994 – “El Horror de Diciembre”, no México;
5 – Crise de 1997 – “Crise dos Gigantes Asiáticos”, ocorrida em julho e prevista em fevereiro por Lyndon La Rouche;
6 – Crise de 1998 – Finanças da Rússia;
7 – Crise de 1999 – Crise da Reeleição de FHC;
8 – Crise de 2000 – Ponto com ou da Bolha da Internet;
9 – Crise de 2001-2002 – “A crise argentina”; e
a 10ª – Crise de 2008-2010 – erroneamente apelidada de “bolha imobiliária” nos EUA, que esvaziou os Tesouros estadunidenses e europeus ocidentais, transferindo seus recursos para continuidade da especulação pelas gestores de ativos.
Este último fato que explica o imenso buraco de quatrilhões de dólares estadunidenses, títulos sem lastro, maior do que o PIB mundial: US$ 84,71 trilhões, em 2020.
Os EUA, acionando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), declarou combate à Federação Russa, no território ucraniano. E, como vem fazendo usualmente a quem não se submete a seu Império, declarou sanções, e obrigou países europeus e americanos a também o secundarem, à Rússia.
O objetivo destas sanções é quebrar economicamente o novo sistema que se forma com a Comunidade dos Estados Independentes (CEI), 12 países, a República Popular da China, a República da Índia, e países do sudeste e do centro asiático, do oriente médio, África e Américas, os 145 integrantes da Nova Rota da Seda. Este conjunto, diversos em questões políticas e nas formações dos Estados Nacionais, tem o objetivo comum da multipolaridade e do respeito às nacionalidades, que a globalização busca homogeneizar e submeter.
Concluo como o artigo citado do MSIA: “o desafio é construir e consolidar um novo sistema cooperativo e não hegemônico de relações internacionais, para o qual um número crescente de países já está se inclinando” ao que adiciono, e que o previsível e próximo estouro da bolha de mais de 20 PIBs mundiais provocará diversas catástrofes na sociedade cibernética e termonuclear deste século.
*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS