O golpe precisa, para triunfar, que o povo não tenha confiança em si mesmo, que não creia no potencial do Brasil.
O golpe trata de difundir nas pessoas a responsabilidade por ter gastado demais, por ter usufruído demais de direitos, de créditos, de bolsas família. O golpe tem a cara do baixo astral, que ele quer que seja assumido pelo povo como sua cara. A cara depressiva do Temer, do Serra, do Meirelles.
O golpe é a vingança contra a esperança que o povo voltou a ter com o governo do Lula. A esperança é a confiança no futuro, é o orgulho do país, é a felicidade de ser respeitado e de ter seus direitos atendidos.
Um povo com esperança não pode ser derrotado, porque sabe a que tem direito, sabe que o Brasil pode ser melhor, sabe que quem trabalha tem direito a ser atendido em suas necessidades.
O golpe só pode se consolidar se o desalento, o desânimo, o pessimismo, a falta de vontade de lutar, a depressão se abaterem sobre as pessoas. Se a derrota levar não ao desejo de recuperar os direitos perdidos, mas ao conformismo, à tristeza, à infelicidade.
Eram sentimentos que foram inculcados pelo Collor e pelo FHC, com seu ódio ao povo e ao Brasil. O Brasil não tinha jeito, era preciso trazer os esquemas do FMI e do Banco Mundial e aplicá-los no país. Os brasileiros mereciam pagar o preço de um tipo de vida que não podiam levar, aos excessos de consumo, que levaram aos gastos excessivos do Estado. Teria vindo a ressaca, e o ajuste fiscal era o remédio amargo que haveria de fazer o povo tomar, para depurar as finanças publicas.
Um povo que tem esperanças acredita no futuro, acredita no Brasil, não pára de lutar. Quando a esperança venceu o medo, o povo passou a ter confiança em si mesmo e no Brasil. Desde então a direita não cessou sua campanha de insídias para buscar destruir o orgulho dos brasileiros de serem brasileiros.
A “paz” que Temer anuncia como resultado do seu governo golpista depende da vitória do medo. Que os trabalhadores aceitem salários mais baixos com medo do desemprego. Que todos aceitem se aposentar mais tarde, com medo de que a Previdência quebre e eles não possam receber nada quando se aposentarem. Que os brasileiros tolerem a privatização da Petrobras, com medo de que a empresa quebre. Que se aceite menos recursos para as políticas sociais, sob o medo de que as finanças publicas estourem e a inflação dispare.
Tudo supõe o diagnóstico da direita: a crise tem nos excessivos gastos públicos sua origem. Dilma teria gastado muito em educação e em saúde. Os governos do PT teria tolerado aumentos salariais acima do que a disposição a investir dos empresários aceita. A criação de empregos com carteira de trabalho assinada seria fator de recessão, porque muito cara para a disposição de investir dos capitalistas.
Diagnóstico que demoniza o Estado, os trabalhadores, as políticas sociais, os direitos das pessoas. Daí a afirmação de Meirelles de que “a Constituição não cabe no orçamento”. E, ao invés de incentivar a retomada do crescimento econômico – Temer já fala de que se necessita de três anos de ajuste fiscal – para fazer crescer o orçamento, se busca cortar direitos, no formato de um orçamento achatado, com o povo e não os magnatas econômicos, pagando o preço da crise.
O pânico das manifestações por parte do governo golpista vem da demonstração do desafio ao medo que se quer impor ao povo. Gostariam que, com o passar do tempo, a rejeição de Temer diminuísse e os brasileiros aceitassem a situação de fato do golpe. Mas, conforme se anunciam as dimensões das medidas impopulares do governo, a rejeição a Temer aumenta, o próprio desgaste nas filas do golpismo aumenta, tramas contra a continuidade se intensificam e a unidade interna, indispensável para colocar em prática o programa antipopular, revela dissensões.
A decisão majoritária dos brasileiros a favor de eleições diretas, conforme as próprias pesquisas revelam, confirma a derrota do medo, da aceitação das ameaças do governo. A derrota da vingança do medo contra a esperança.
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