A operação na aldeia de My Lai tinha por objetivo encontrar e aniquilar elementos da Frente Nacional para a Libertação do Vietnã, mas terminou num massacre
Em leitura:Massacre de My Lai aconteceu há meio século
Aconteceu há 50 anos. Centenas de civis vietnamitas desarmados foram abatidos na aldeia My Lai por um dos pelotões da Companhia norte-americana Charlie. Um dos capítulos mais negros da guerra do Vietname.
Foram poucos os que sobreviveram para contar o que aconteceu. Pham Thi Thuan escapou com vida, mas perdeu o pai e viu ser dizimada uma parte da população. Meio século depois, continua a ser difícil falar sobre o que aconteceu a 16 de março de 1968.
“170 pessoas foram abatidas a tiro. Mataram toda a gente. Eles dispararam e depois esperaram um minuto e voltaram a abrir fogo e, assim, sucessivamente. O meu pai que tinha mais de 80 anos ficou ferido e depois caiu. Eu fiquei muito quieta, como se estivesse morta, e olhei para ele. Vi-o, mas não me atrevi a dizer nada com receio que me vissem a mim e me matassem. Queria avisá-lo para que não se mexesse para que não voltassem a disparar. Mas eles repararam que ele estava vivo e dispararam” afirma a sobrevivente.
O número exato de vítimas continua a ser uma incógnita. Estima-se que entre 300 a 500 pessoas tenham sido mortas. Duas dezenas terão sobrevivido, em parte, graças à ajuda de soldados norte-americanos que recusaram abater os civis. O testemunho de alguns acabou por ser decisivo para levar o caso à justiça. Mais de duas dezenas de pessoas foram constituídas arguidas, mas apenas um oficial acabou por ser condenado a prisão perpétua. Uma sentença que o Tenente William Caley acabaria por não cumprir graças a uma amnistia.