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domingo, 6 outubro, 2024

Veja, Época, Lula, Getúlio, Taís Araújo, Justiça e Coxinhaquistão

Por Davis Sena Filho — Palavra Livre

QUE PAÍS É ESTE? O COXINHAQUISTÃO!

As capas e o conteúdo de Veja e Época no fim de semana são de uma miserabilidade humana, de uma perversidade de conotação fascista e de um mau jornalismo inenarráveis. A intenção não é meramente derrotar o adversário político, mas, sobretudo, destruí-lo, no que é relativo a sua moral, conduta e cidadania.

Trata-se de achincalhe, de linchamento e de imolação da imagem de uma das personalidades mais conhecidas do mundo político, bem como admirada por milhões de pessoas, inclusive no exterior por causa de seu profícuo trabalho à frente da Presidência da República de um País como o Brasil, lugar onde teve quase 400 anos de escravidão e que luta para ser civilizado, igualitário e democrático, cujo propósito é dar às pessoas condições de terem acesso a uma vida de melhor qualidade.

Não existe nada igual no mundo que se considera civilizado, no ocidente e no oriente, no que concerne à imprensa de mercado deste País. Empresários bilionários se mobilizam e propagam suas violências de extrema direita, diuturnamente, contra a maior liderança política do Brasil e da América Latina, que deixou o poder com índices de aprovação maiores do que os de Nelson Mandela, o líder negro sul-africano, que derrotou o apartheid na África do Sul.

As capas e os conteúdos de tais pasquins de péssimas qualidades editoriais são verdadeiros arremedos de matérias, que Veja e Época se especializaram e as soltaram nas ruas, como se fossem pit bulls ferozes e vorazes para atacar, impiedosamente, seus adversários trabalhistas e socialistas, mas tratados como inimigos viscerais desde 1930 quando Getúlio Vargas conquistou o poder da República por intermédio de uma revolução. Uma verdadeira revolução e não uma quartelada de direita, como o foi o golpe civil-militar de 1964.

Cito sempre o estadista Getúlio Vargas porque se trata do precursor do trabalhismo brasileiro, corrente política e ideológica perseguida e combatida a ferro e fogo pela plutocracia, não somente no Brasil, mas também no Uruguai e na Argentina, países que também tiveram mandatários que governaram para a maioria da população, mas foram derrubados do poder, e, por sua vez, perseguidos, exilados e ameaçados de morte.

Dura realidade que ocorreu com Getúlio Vargas, que se matou em 1954 e remeteu o golpe de direita para o ano de 1964. O mesmo massacre político aconteceu com Leonel Brizola e João Goulart, que, expulsos do País, amargaram longo exílio. Brizola ficou exilado 15 anos, o exílio mais longo de um brasileiro, e Jango somente pôde voltar morto da Argentina, em 1976, para ser enterrado na cidade de gaúcha de São Borja, onde se encontram os restos mortais de Getúlio, o pai da industrialização do Brasil e o criador das garantias trabalhistas e sociais do povo brasileiro, o que o estadista gaúcho chamou de “código de direitos e carta de emancipação econômica” do trabalhador brasileiro, em discurso no Estádio de São Januário, no Rio de Janeiro.

Sempre foi assim no Brasil. A plutocracia, a burguesia e a pequena burguesia (coxinha de classe média), despolitizada, colonizada e portadora de complexo de vira-lata historicamente sempre se mobilizaram para impedir os avanços sociais para barrar a independência do povo brasileiro, inclusive que ele tivesse acesso à instrução, à informação e ao conhecimento para se tornar, definitivamente, independente.

Uma fórmula perversa, sórdida e infame de manter seus privilégios e benefícios, sendo que cada macaco no seu galho, ou seja, o que é da plutocracia é da plutocracia, o que é da burguesia nacional é da burguesia nacional e, por fim, o que é do coxinha de classe média é do coxinha de classe média, que, aliás, trata-se da pior casta, porque é ela que fica com as migalhas do sistema capitalista e quando percebeu, a partir do Governo Lula, que pessoas das camadas mais pobres começaram, mesmo que timidamente, a ter acesso aos benefícios históricos da classe média tradicional, ela revoltou-se, rebelou-se e atualmente insulta e agride todo mundo.

As virulências acontecem pelas redes sociais e também nas ruas, como fizeram com Guido Mantega, Eduardo Suplicy, Fernando Haddad, Alexandre Padilha, dentre outros, que foram insultados por coxinhas ferozes, intolerantes e analfabetos políticos, que desprezam o Brasil de tal maneira, que muitas mulheres inquilinas do “Coxinhaquistão” estão a ir aos Estados Unidos para parir e terem rebentos norte-americanos.

Macaquice maior não há e nem haverá, pois incomparável e inigualável…. Só que as coxinhas americanizadas e colonizadas retornam com os recém-nascidos para o Brasil. E por quê? Porque não são totalmente beócias ou neófitas. A resumir: não são trouxas, porque ganham dinheiro no Brasil, por meio de seus negócios ou de seus bons empregos. Todavia, a imbecilidade e a ignorância são tão descabidas, que o sentimento realmente é o de pena dessa gentinha tão medíocre e totalmente desprovida de nacionalidade, sensatez, noção e racionalidade.

São os pequenos mussolinis de almas nazifascistas, mentecaptos que levam há décadas lavagens cerebrais das mídias imperialistas de caracteres hegemônicos e totalitários. Trata-se de grupos sociais que se recusam a dividir o bolo (renda, riqueza e benefícios), que sempre tiveram acesso, com a cooperação do Estado.

 

Beneficiários do status quo, cujas conquistas sempre vieram em forma de acesso à universidade pública, à escola particular, ao plano de saúde, à casa própria via bancos públicos, automóveis, eletroeletrônicos, viagens, bolsas de estudo, shopping, cinema, restaurante, aeroportos, além do “sonho” idiota e ridículo, porém, sectário, presunçoso e preconceituoso, que é o de se considerar parte da “American way of life”.

Contudo, dentre os preconceitos, o de racismo se torna o mais tangível a essa gentalha de direita e racista, de moral pequena e extraviada, como ocorreu agora com a atriz negra, Taís Araújo. A artista foi impiedosamente e cruelmente insultada por ser negra e, diga-se de passagem, uma mulher bela, talentosa, vitoriosa em sua profissão e vida familiar. Que Taís Araújo seja redimida e que se faça justiça. Porém, seria salutar que o bárbaro episódio lhe sirva de aprendizado e que a atriz se torne mais politizada e consciente de sua condição de brasileira, mulher, negra e que tem o poder de lutar, por ter influência, contra o hediondo preconceito racial, que remonta aos tempos da escravidão.

Trata-se da burguesia (ricos e média alta) e da pequena burguesia (média tradicional coxinha) que negam estabilidade política ao País e reverberam os ataques e as intenções de golpe da direita partidária, liderada pelo PSDB e pelas mídias mercantis, com a cooperação indevida e ordinária de setores da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal. E o fim desse processo draconiano de desmoralização e criminalização de lideranças políticas do PT está longe de acontecer.

Quisera estar enganado, mas a imprensa comercial e privada deste País, um cartel pertencente a meia dúzia de famílias bilionárias, que não medem consequências para terem seus interesses políticos e econômicos concretizados, continuará, até o dia das eleições presidenciais de 2018, a repercutir todo tipo de acusações, denúncias, mentiras e manipulações sobre os fatos e as realidades, porque o que importa é derrotar o ex-presidente Lula, a presidente Dilma, o PT e as esquerdas.

As capas de Veja é Época são de essência nazifascista. Se o Brasil não tivesse uma Justiça e um Ministério Público tão vinculados ao status quo e completamente dedicados a selecionar fatos e acontecimentos para detonar o Governo Dilma e desconstruir a imagem de Lula, bem como ter a intenção de prendê-lo, porque o objetivo é fazer com que o Partido dos Trabalhadores não tenha nunca mais a oportunidade de conquistar o poder central, seria muito difícil se criar instabilidade política e crise institucional.

Acontece que a Justiça, o MP e a PF (grande parte de seus contingentes) são parceiros da oposição de direita capitaneada pelo PSDB, assim como dos grandes grupos econômicos midiáticos, que não aceitam a inclusão social dos brasileiros pobres, que é a maioria da população. Sabotam e boicotam os programas sociais por intermédio de críticas incessantes pelas mídias imperialistas dos magnatas bilionários de imprensa e sonegadores de impostos.

Os direitistas discordam e por isto são intransigentes quanto ao projeto de País dos últimos 13 anos, que valoriza a igualdade de oportunidades, a valorização de empresas públicas, a exemplo da Petrobras e o Pré-Sal, além de os governos petistas efetivarem uma diplomacia independente e não alinhada aos Estados Unidos. Os yankees que sempre tiveram e tem interesses geopolíticos no Brasil, bem como desejam entrar no poderoso mercado interno brasileiro livre de tarifas e taxas, além de impor a Alca, que o presidente Lula mandou para o espaço.

O estadista trabalhista e socialista preferiu fortalecer o Mercosul, a Unasul, a Caricom e construir uma ponte para um futuro melhor por intermédio dos Brics e do G-20, blocos poderosíssimos, tanto nos aspectos populacionais e geográficos quanto no que concerne ao poder político, econômico e militar dos cinco países, que depois da crise do capitalismo selvagem e neoliberal de 2008, que empobreceu os trabalhadores da Europa Ocidental e dos EUA, tornaram-se protagonistas de uma nova era.

Uma era que não cabe mais a prepotência, a arrogância e a violência desmedida de países como os EUA, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Canadá, dentre outros menores, como a Espanha e a Austrália, que viveram nababescamente durante décadas, com seus povos a viver em alto padrão às custas da exploração de riquezas dos países emergentes e pobres, a impor “camisas de força” a inúmeros povos por intermédio de receitas econômicas vampirescas e aviadas sordidamente pelos FMI, Bird, OMC e OMS, que se tornaram infames em suas próprias vilezas, pois assassinos da autoestima alheia.

Inúmeros países pagaram suas dívidas externas ou as diminuíram bastante. E eram essas dívidas que mantinham parte importante do alto padrão dos povos dos países ricos, que continuam menos ricos, mas ainda ricos e, indelevelmente, poderosos.

São estes fatores e realidades, além de outros citados neste artigo, que estão a levar ao desespero a escravocrata e provinciana casa grande brasileira — a guardiã colonizada dos países imperialistas. A casa grande traidora e apátrida, historicamente subordinada e submetida aos interesses da gringada esperta e descolada, de alma pirata e perversa, mas que se finge de civilizada, nobre e aristocrata quando colocam seus reis e rainhas dentro de uma carruagem de luxo para que seus povos, redondamente equivocados e enganados, se sintam melhores e, consequentemente, não se revoltem por bancar o luxo dos ricaços, que deitam, rolam e se locupletam — a rirem da cara de todo o planeta.

E é exatamente disto que se trata: o domínio dos que são os inquilinos da ponta da pirâmide social. Prender o ex-presidente Lula não é apenas uma questão ordinariamente política. É muito mais do que isto. Destruí-lo moralmente é como se a plutocracia desse um aviso aos que vem de baixo e querem crescer em busca de igualdade de oportunidades e democracia real. O aviso é este: “Fique no seu quadrado, porque o dinheiro, as terras, os meios de produção, a instrução escolar, o poder político, a Justiça, o MP e as polícias estão submetidos aos nossos interesses. Se tentar pôr a cabeça de fora, ela será decepada”. Ponto.

É assim que a banda do establishment, ou seja, do sistema de capitais toca. Por isto temos capas sórdidas, infames, o jornalismo bandido e de esgoto da Veja, da Época e da IstoÉ. A violência nas ruas, a intolerância, as expressões racistas e os preconceitos de classe sempre estiveram na essência moral e ideológica de parte importante da sociedade brasileira.

Contudo, a direita brasileira e os segmentos sociais que a apoiam por votar nela ou simplesmente convergem para suas ideias e propósitos estão a perder o controle e, evidentemente, que a sociedade fica dividida e os ânimos afloram em forma de crise e conflitos, sendo que muitos deles chegam às vias de fato. É o que tem acontecido no Brasil, mas a oligarquia que controla os meios de comunicação, os coronéis midiáticos e seus empregados de confiança se eximem de quaisquer culpabilidades e tocam a vida como se nada tivesse acontecido, enquanto o País pega fogo e fascistas do Congresso, do empresariado, da Justiça, do MP e da PF colocam a mão na massa com o objetivo de não deixar Dilma Rousseff governar, se possível derrubá-la por meio de um impeachment à moda paraguaia e, finalmente, destruir, desconstruir e linchar o ex-presidente Lula para que ele nunca mais ouse sair da pobreza e se tornar o presidente mais importante da história da República, juntamente com Getúlio Vargas, dois trabalhistas, e, se tem uma coisa que a direita, a casa grande, a oligarquia detesta é mandatário trabalhista no poder, seja quem for e na época que se der.

A capa de Veja com Lula de presidiário é um acinte, uma molecagem sórdida e infame da famiglia Civita, que há décadas tenta desestabilizar a democracia brasileira, bem como conspira para que presidentes de esquerda sejam derrubados e se edifiquem crises constitucionais sem precedentes, de forma que a direita brasileira, fascista, violenta e preconceituosa, continue a se locupletar com o poder do Estado e com as riquezas do Brasil para ela gastar bilhões lá fora, além de sonegar e enganar o Fisco, como acontece nos escândalos do HSBC, Zelotes e Banestado, cuja parte influente do PIB brasileiro está envolvida.

Por seu turno, a imprensa panfletária e autora do jornalismo bandido e de esgoto finge que não vê. E mais do que isto: protege a plutocracia e volta seus canhões para o Lula e o Lulinha, seu filho, que virou alvo de uma juíza, cujo marido é prefeito do PSDB em Santa Catarina, e de um promotor do DF, cuja promotoria há anos persegue o líder petista e inconvenientemente faz política para favorecer a oposição de direita. Ponto. Sobre a PF, não é necessário falar muito. Trata-se de um órgão policial criado pela ditadura militar e que até hoje vive na Guerra Fria e se comporta como uma guarda pretoriana dos interesses da direita brasileira.

Se vivêssemos em um País que a Justiça é séria e republicana, os magnatas bilionários donos da Veja, da Época e da IstoÉ estariam presos ou a responder processos severos, com multas milionárias. A leviandade dessa gente é incomensurável e rompe com todos os limites do respeito, da civilidade e do que é leal e honesto. E por quê? Porque adversários e até inimigos políticos podem se conduzir a respeitar a democracia e os direitos garantidos pela Constituição, independente da luta política e pelo poder.

Como pode o empresariado de comunicação fazer o que quer e como lhe aprouver? E juiz, promotor e policial se dar ao direito de se partidarizar e criminalizar qualquer ação de governo, bem como judicializar a política? Respondo: pode. E por quê? Porque setores da Justiça, do MP e da PF são intrinsecamente vinculados ao status quo, ao sistema capitalista, como ele se apresenta: injusto e explorador. Esses setores do Estado defendem, antes de tudo, o patrimônio privado e os interesses da casa grande.

Veja, Época e IstoÉ se superaram e no momento são as porta-vozes do verdadeiro e genuíno jornalismo de esgoto, o jornalismo de molecagem — o jornalismo bandido. Que o digam todos os contraventores da democracia e do Direito — os áulicos do Coxinhaquistão. É isso aí.

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