Nessa direção, Serra propôs ao governo uruguaio adiar até agosto a entrega da presidência pro tempore à Venezuela. Se o governo de Vázquez não aceitasse, a Argentina assumiria a presidênciademostrando que mudaria de postura – se se considera o que, há uma semana, foi anunciado pelos chanceleres Rodolfo Nin Novoa e Susana Malcorra em Montevidéu (suspensão da reunião de cúpula de presidentes prevista para 12 de julho, com reunião de chanceleres onde seria feita a transferência da presidência).
Já há várias semanas circula na imprensa regional a seguinte pergunta: “O que há por trás do conflito sobre a Venezuela, no Mercosul?
Serra disse ao governo uruguaio que o bloco deve esperar até agosto, “quando Venezuela já terá realmente concluído os procedimentos que o Mercosul exige há quatro anos, e que ainda não completou”. Destacou que “a Venezuela é um problema, por causa das dificuldades internas e exigências legais não cumpridas.”
O chanceler paraguaio Eladio Loizaga, disse à imprensa: “A situação da Venezuela complica-se mais a cada dia, e precisamos ter à frente do Mercosul um país que tenha tranquilidade interna, paz, para que possa levar adiante os desafios que teremos no próximo semestre”.
Simultaneamente, segundo anunciou a publicação Sumarium, a estatal venezuelana Petróleos de Venezuela (Pdvsa) comunicou à Petropar que iniciará processo judicial se, até 10 de junho, o Paraguai não pagar o que deve, total que, segundo a petroleira venezuelana já chega a 287 milhões de dólares
– disse Eddie Ramón Jara, presidente de Petropar à [agência] EFE”.O diário La Nacion da Argentina noticia que “Um dos argumentos para que o presidente venezuelano não tome posse (na presidência pro tempore do Mercosul) é que a Venezuela é o único país do bloco que resiste a avançar na direção de um acordo de livre comércio com a UE,motivo pelo qual os parceiros temem que venha a impor empecilhos às negociações. De fato, os demais países já haviam concordado que as conversações com a Europa continuariam a cargo do Uruguai, mesmo que deixasse a presidência. A intenção da Casa Rosada é que a presidência do Mercosul continue com Tabaré Vázquez, presidente do Uruguai, ou que passe para Mauricio Macri”.
La Nacion acrescenta que “com o intento de reforçar a aliança militar com o Brasil, o ministro da Defesa da Argentina, Julio Martínez, concluiu um rápido giro por Brasília e São Paulo, ocasião em que manifestou a autoridades brasileiras o interesse da Argentina em participar da fabricação aqui [na Argentina] dos aviões super-sônicos Gripen NG, com tecnologia sueca. “Queremos ser parte do contrato que Embraer firmou com a sueca Saab, e podemos fazê-lo mediante a Fábrica Argentina de Aviones (FAdeA)” – disse Martínez a La Nacion.
Para o chanceler Nin; “o jurídico tem precedência sobre o político“, na Venezuela há uma “democracia, não há ruptura institucional, e até que aconteça não podemos prejulgar (…). A lei, hoje, manda entregar a presidência do Mercosul à Venezuela”.
A chanceler venezuelana Delcy Rodríguez disse, sobre as iniciativas de Serra em Montevidéu: “A República Bolivariana da Venezuela rechaça as declarações insolentes e amorais do chanceler provisório do Brasil, José Serra”.*****