17.5 C
Brasília
sábado, 16 agosto, 2025

Uruguai congela acordo com Israel; judeus exigem rompimento de relações

Ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Mario Lubetkin. (Foto: X)

HispanTV – Uruguai suspende acordo com Israel, enquanto crescem vozes, inclusive de judeus, exigindo que o governo Orsi rompa relações com a entidade sionista.

O governo uruguaio, liderado por Yamandú Orsi, decidiu “pausar” a implementação do acordo entre a Agência Nacional de Pesquisa e Inovação (ANII) e a Universidade Hebraica de Jerusalém (HUJI), que contemplava a instalação de um escritório da agência uruguaia nos territórios palestinos ocupados por Israel, citando a delicada situação do conflito na Ásia Ocidental.

O acordo de cooperação para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação foi assinado em dezembro passado, sob a administração do governo de direita uruguaio liderado por Luis Lacalle Pou.

Sobre a medida recente, o Ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Mario Lubetkin, afirmou que a suspensão do acordo se baseia no conflito em Gaza, embora não tenha sido muito explícito. “É uma questão que a ANII precisa resolver, mas, pelo que entendi, acho que há um impasse na assinatura do acordo devido à situação atual no Oriente Médio”, disse ele.

O governo Orsi, embora não tenha classificado as ações de Israel em Gaza como genocídio — como outros países fizeram — nos últimos dias, desaprovou uma série de medidas tomadas pelo regime de Netanyahu.

Em 8 de agosto, o Ministério das Relações Exteriores do Uruguai emitiu um comunicado afirmando que a aprovação do gabinete de segurança israelense “da ocupação da Cidade de Gaza representa uma grave violação do direito internacional” e “ameaça, por sua vez, agravar ainda mais a crise humanitária na Faixa de Gaza”. Expressou, portanto, “a mais veemente condenação desses eventos”.

Meses atrás, tanto o partido governista Frente Amplio quanto o Conselho Central de Governo (CDC) da Universidade da República (Udelar) propuseram fechar o escritório de inovação do Uruguai em Tel Aviv, o que foi acordado durante o governo anterior de Lacalle Pou.

“Isso nasceu — e há alguns países que ainda estão discutindo a questão — com a ideia de transferir as embaixadas para Jerusalém. Nunca concordei com isso porque é um sinal muito forte”, lembrou o presidente Orsi em abril.

Da mesma forma, na Conferência de Alto Nível das Nações Unidas convocada no final de julho para encontrar uma solução para o conflito, a embaixadora do Uruguai na organização internacional, Laura Dupuy, enfatizou que Montevidéu “continuará exigindo o cumprimento do direito internacional, do direito dos direitos humanos e do direito internacional humanitário na Palestina”.

“Desobediência uruguaia”: 78 ativistas judeus exigem ruptura com Israel

Enquanto isso, diante do agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza, 78 judeus uruguaios emitiram uma declaração pública na quinta-feira na qual se distanciaram da “política criminosa de Israel” e exigiram que o governo uruguaio tomasse “ações compatíveis com as circunstâncias”.

“Como judeus, temos muito claro o significado de ‘Nunca Mais’: não queremos perseguição, subjugação, massacre, apartheid, genocídio ou o Holocausto contra nenhum povo no mundo, sob nenhuma circunstância, muito menos em nosso nome”, declararam.

Nesse sentido, rejeitaram a “política genocida” de Netanyahu contra o povo palestino e exigiram que o regime israelense ponha fim imediato ao “massacre, ao bloqueio e à violação de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais da população da Faixa de Gaza e da Cisjordânia”. Apelaram também à “retirada dos colonos israelenses dos territórios ocupados, retornando às fronteiras de 1967, e ao respeito ao direito do povo palestino à autodeterminação”.

Por fim, os signatários judeus exigiram que o governo uruguaio rompesse imediatamente as relações diplomáticas com Israel, “como membro das Nações Unidas e agindo de acordo com as decisões do Tribunal Penal Internacional e do Tribunal Internacional de Justiça”.

“A vida humana e os valores devem ser colocados acima dos do mercado; não pode haver diálogo, nem negócios, nem compra de armas, nem troca de qualquer tipo com aqueles que estão bombardeando e atirando em uma população inteira, condenando-a à fome”, atacaram os manifestantes.

A guerra genocida israelense em Gaza, que começou em 7 de outubro de 2023, deixou pelo menos 61.827 palestinos mortos — a maioria mulheres e crianças — e 155.275 feridos.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS