(Foto: Gisele Federicce)
Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:
Embora a desigualdade seja um traço conhecido da sociedade brasileira desde tempos coloniais, nem por isso os dados deixam de ser chocantes.
Num país onde o salário mínimo é de R$ 1212,00 (ou 0,0001515 Nubank), a média de um trabalhador do setor financeiro fica em R$ 3000 (0,000217647058 de um executivo do Itaú). Já um um professor – salário médio 5000 reais – recebe 0,005882352941 daquilo que embolsam os diretores do Santander.
E assim sabemos o que aconteceu – a construção de uma das mais desiguais sociedades do planeta, que atualiza e reforça formas de hierarquia social e opressão, até agora incapaz de livrar-se definitivamente de nenhuma delas.
Mesmo projetos parciais, limitados, como os direitos dos trabalhadores ensaiados nos anos 40, a industrialização iniciada nos anos 50, o progresso social sonhado pela Carta de 1988, os vários programas progressistas dos anos Lula e Dilma, acabam enfraquecidos, reformados e até revogados. Quando não foram abolidos em reformas constitucionais espúrias, acabaram abandonados pela vista grossa de autoridades irresponsáveis ou apenas corruptas.
Pela sua experiência e sua história, Lula caminha para conquistar uma oportunidade única de retomada de um processo histórico.
A crueldade de um país onde a classe dominante está habituada a oferecer migalhas estatísticas à maioria, traduz uma conta que não fecha. Aquilo que se chama andar de cima terá de ceder – a alternativa será marasmo e retrocesso, ou mesmo ataques à democracia.
Caberá a Lula liderar brasileiras e brasileiros numa rara chance de mudança oferecida pela história, liderando 200 milhões para a saída de nosso inferno social.
Alguma dúvida?