Quito, 9 jan (Prensa Latina) A vice-presidente do Equador, Verónica Abad, afirmou hoje que “um golpe de Estado será realizado” nas próximas horas pelo próprio Governo, quando o presidente Daniel Noboa confiar a presidência a “sua secretária.” Cynthia Gellibert.
Numa conferência de imprensa nesta capital, Abad dirigiu-se à comunidade internacional e disse que o golpe orquestrado pelo Executivo afeta a estabilidade nacional e regional.
“A ordem constitucional foi quebrada. O presidente e seu gabinete improvisado violaram repetidamente a Constituição e estão realizando um golpe de Estado para a história democrática do Equador”, expressou aos jornalistas.
Solicitou a ativação da Carta Democrática da Organização dos Estados Americanos (OEA) para preservar a institucionalidade.
“Estou preparado para substituir o presidente, em democracia, mas impediram-me à força de assumir o meu cargo”, disse o vice-presidente.
Esta tarde, de acordo com o Decreto Executivo 500, a liderança do Executivo será chefiada por Gellibert, Secretário da Administração Governamental, a quem Noboa nomeou vice-presidente sob o argumento de que Verónica Abad não apareceu na Turquia no dia 27 de dezembro.
“Isto trará consequências políticas e jurídicas, nacionais e internacionais”, afirmou esta quinta-feira Abad, quando também descartou querer assumir o Governo pela força e questionou as recentes decisões de Noboa no contexto eleitoral.
Além disso, a vice-presidente criticou a liderança militar, que reiterou o seu apoio ao chefe de Estado, a quem descreveu como “misógino, fraco, cheio de traumas e ditador”.
“Nós, equatorianos, não merecemos este caos jurídico e político”, enfatizou Abad.
Na quarta (08) à noite a Assembleia rejeitou o Decreto Executivo 500, no qual o presidente “por motivos de força maior” anunciou que nomeará Gellibert para três dias no cargo, a partir da tarde desta quinta-feira até domingo, 12 de dezembro, para conduzir uma campanha eleitoral.
Numa conferência de imprensa, Alejandro Muñoz, secretário-geral da Assembleia, especificou que o proselitismo político não é um argumento de força maior e instou o governante a solicitar uma licença à Assembleia, conforme ditado pelos regulamentos em vigor, para aqueles que procuram a reeleição.
Segundo Muñoz, para a legislatura equatoriana “a vice-presidente interina é a senhora María Verónica Abad”, porque não houve declaração de ausência temporária ou abandono do cargo.
Embora a campanha eleitoral tenha começado no domingo passado e Noboa não tenha solicitado a licença, na terça-feira emitiu um decreto no qual anunciou que Gellibert liderará o Governo por apenas três dias.
Em meio às lutas entre Noboa e Abad, no dia 4 de janeiro, a funcionária foi nomeada vice-presidente interina do Equador para substituir Sariha Moya, que se recusou a assumir a vice-presidência da República devido a “um problema de saúde”.
O Equador está em plena fase de proselitismo com vista às eleições de 9 de fevereiro, onde Noboa é um dos 16 candidatos a chegar ao Palácio Carondelet, sede do Executivo nacional.
O Código da Democracia em seu artigo 93 exige licença sem vencimento para os servidores candidatos à reeleição e no caso do presidente ele deve ser substituído por quem ocupar a vice-presidência.