Havana, (Prensa Latina) Para além dos danos à economia dos Estados Unidos e em especial aos consumidores, os conflitos comerciais iniciados pelo presidente Donald Trump poderiam ser um gol contra para seus planos de reeleição no próximo ano.
A economia em expansão é o argumento mais forte de Trump para a reeleição, mas há indícios sobre a desaceleração, destacou a agência Bloomberg.
‘Não é necessário que a economia caia em uma recessão em toda regra para danificar as possibilidades de Trump. A quase recessão de 2016 foi o suficientemente leve como para que a maioria dos estadounidenses mal o notasse, mas foi o suficientemente forte como para lhe dar a Trump a vantagem’, realça.
Para o diário britânico Financial Times, a estratégia contra o México poderia afetar os estados norte-americanos chaves para a reeleição do mandatário em 2020 como Indiana e Wisconsin.
Segundo a Câmara de Comércio norte-americana, o imposto de cinco por cento que ameaça impor Trump ao México custaria aos consumidores desse país uns 17 bilhões e 300 milhões de dólares ao ano. A cifra aumentaria quase 87 bilhões se o governante aplica até 25 por cento de encargo.
Por estados, o mais afetado seria Arizona, porque 40 por cento de suas importações totais provêm da vizinha nação, seguido pelo Michigan (38 por cento), Texas (35 por cento) e Novo México (31 por cento).
As sanções à vizinha nação não convencem nem sequer a suas correligionários de partido, pois vários senadores republicanos, cujos estados sofreriam as consequências, alçaram sua voz contra a decisão de Trump e ameaçaram com bloquear a medida.
O México foi o segundo maior exportador de bens para os Estados Unidos no ano passado após a China, de aplicar-se esses impostos poria causar ‘uma interrupção significativa do mercado econômico e financeiro’, sublinha Financial Times.
Se implementam-se todos os impostos a México e a China, o impulso à inflação subjacente dos Estados Unidos poderia atingir um máximo de 1.25 pontos percentuais, o qual afetará o poder aquisitivo dos consumidores, estimou a assinatura Goldman Sachs.
Diante dessa situação, os investidores e especialistas vislumbram um panorama desalentador, inclusive já falam de recessão.
Mais de dois terços de diretores financeiros interrogados em abril pela Universidade de Duke prognosticaram uma recessão no país no terceiro trimestre do próximo ano.
As tensões comerciais foram um fator central dessas preocupações, comentou John Graham, professor de finanças dessa alta casa de estudos.
As entidades financeiras Morgan Stanley e Bank of America Merrill Lynch também prognosticaram um panorama sombrio.
O ciclo do mercado estadounidense passou de uma fase de expansão a outra de recessão pela primeira vez desde 2007, afirmou Morgan Stanley, que advertiu sobre as consequências de uma guerra comercial entre este país e a China.
Chetan Ahya, economista chefe do Morgan Stanley, manifestou que se a Casa Branca faz questão de manter seus impostos sobre produtos chineses, e o gigante asiático responde ‘poderíamos terminar em uma recessão em três trimestres’.
Se continuar a diferença no crescimento dos Estados Unidos se verá afetado à medida que os custos aumentem, a demanda se reduza e as empresas reduzam a despesa, expressou.
Nessa situação, nesta semana o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, deixou aberta a porta para uma baixa das taxas de juros como medida para estimular a economia, que já mostra sinais de fadiga.