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sexta-feira, 26 julho, 2024

Sumapaz, tesouro primário natural da Colômbia

Bogotá (Prensa Latina) A localização geográfica é um tópico com o que tem que lidar a diariamente o ser humano e às vezes joga você uma má passada, mais se anda de forasteiro por outras latitudes.

Um encontro com outros propósitos com o subsecretario de Assuntos Locais da Secretaria Distrital do Governo, José Custa, serviu para aclarar-nos a curiosidade de algo que nos pareceu um erro escrito em um dobrável turístico: “Bem-vindos à localidade de Sumapaz, Prefeitura Maior de Bogotá”.

Como é isso, subsecretario, se o Pântano de Sumapaz está a quase duas horas de viagem de carro desde o centro da capital? Pensei que esse lugar é parte do departamento borde de Cundinamarca, pois está bem longe da área metropolitana.

Sua resposta enfeitada com um sorriso, como complacente com a ignorância do não bem informado, foi: Pois efetivamente, é parte do domínio do Distrito Capital e é um dos principais orgulhos dos bogotanos.

Assim mesmo, trata-se do Parque Nacional Sumapaz, para o sul da capital colombiana, ao qual lhe considera como o Pântano maior do mundo, com uma extensão de 154 mil hectares.

Assim as coisas, falamos de um éden, uma paisagem verde e silenciosa da montanha andina que convive não muito distante de uma cidade que anda já pelos 10 milhões de habitantes, com um tráfico, ruídos e insensatez que não têm outro parecido que não seja o do caos.

O Pântano de Sumapaz estende-se até os departamentos de Meta e Huila, na Colômbia meridional, e supera em extensão outras áreas protegidas similares de países da região de andes, como são os vizinhos Equador e Venezuela.

A esse paraíso escondido, mas bastante próximo, chega-se pela chamada via do Plano para a cidade rural de Usme, onde vendedores de qualquer mercadoria -incluídas garrafas de chicha-, dão o toque preciso à paisagem típica camponesa ao longo do trajeto.

Com a presença no horizonte do canhão do rio Tunjuelo antes de passar por San Juan de Arama, chega-se aos embalses do Aqueduto de Bogotá, desde onde se fornece a maior parte da água que consome a principal metrópole do país.

Aí encontramos a explicação do porquê Sumapaz segue sendo parte -como se fosse um satélite- da capital colombiana.

Ali está a lagoa de Chisacá, com suas águas geladas, como mesmo chegam desde a distância até as pilhas dos lares citadinos. Esse importante reservatório hídrico faz parte do Parque Nacional Sumapaz, ao qual lhe outorgou essa categoria de espaço protegido em 1977.

Pode ser chegado a Chisacá por duas rotas: uma é pelo custado direito da lagoa para Cajones e Cajitas, formações de água localizadas a esse lado, e outra é atravessando o musgo úmido para as lagoas Negra e a Longa.

A Sumapaz, cuja imagem estática assemelha-se a uma fotografia ampliada, muitos lugarejos a denominam de a fábrica de água natural mais alta do planeta, pois sua altitude atinge os 3 mil 600 metros acima do nível do mar.

A presença da neblina nesse lugar tão único é algo muito comum, a qual tende a esconder os cerros mais altos do lugar, como o de Bocas de Cinza e o Nevado do Sumapaz, de uma altura de 4 mil 306 metros.

Em sua mínima cobertura vegetal, abundam gramíneas próprias dos pântanos como os chusques, frailejones e as puyas, que representam o principal alimento verde dos ursos de Anteojos, entre outras espécies raras que se conservam no habitat da zona lacustre.

Mas como tudo na vida, também o divino tem suas ameaças. Por isso um batalhão de alta montanha deve custodiar as 24 horas o emblemático lugar, ameaçado pela civilização.

O perigo maior para o ecossistema de Sumapaz são as próprias pessoas, que lhe contaminam e lhe invadem com queimadas e a alavancagem da agricultura, o qual nesse caso particular é prejudicial, de acordo com o parecer de experientes.

O naturalista alemão Alexander von Humboldt, na primeira descrição literária que se fez do lugar em 1801, o associou a características que já tinha observado na geomorfologia alpina, onde existem os denominados vales glaciais.

Por sua vez, a civilização originaria Muisca considerou-o como um lugar sagrado de seus aborígenes, que lhe associaram às forças divinas da criação e da origem do homem, um domínio onde os humanos não deviam entrar.

Se perde-se o “País do Nevoeiro”, como lhe chamaram os conquistadores espanhóis o pântano quando o exploraram pela primeira vez, desaparecerá para sempre parte da face da Terra, expressou Diego Murillo, ecólogo e coordenador de Clorofila Urbana, corporação dedicada à educação ambiental.

*Corresponsável de Prensa Latina na Colômbia.

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