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sábado, 27 julho, 2024

Só dois indígenas nas candidaturas constitucionais chilenas

Santiago do Chile (Prensa Latina) Apenas dois dos 350 candidatos que concorrem a assentos no Conselho Constitucional do Chile pertencem a comunidades indígenas, e suas chances de sucesso são consideradas muito remotas.

De acordo com o censo populacional de 2017, cerca de 2,186 milhões pessoas declararam-se membros de um povo originário, o que representa 12,8% do total de habitantes.

No entanto, face às eleições de 7 de maio, o Serviço Eleitoral aceitou apenas dois nomes para integrar o chamado voto verde, correspondendo aos candidatos a este setor, ou seja, 0,57 dos propostos a nível nacional.

Além disso, de acordo com o sistema adotado nessas votações, para ocupar uma das 50 cadeiras do Conselho é preciso obter 1,5% do total de votos válidos em todo o país, ou seja, cerca de 195 mil boletins de voto.

A possibilidade de não haver um único membro das comunidades originárias no órgão encarregado de redigir a futura carta magna do país foi considerada um revés pela antropóloga Natalia Caniguan, do povo mapuche.

Segundo a pesquisadora do Centro de Estudos Indígenas e Interculturais, esta é uma amostra do racismo estrutural vigente no Chile, onde a diversidade étnica é vista como uma ameaça e não como um elemento para resolver tensões e conflitos sociais.

Apesar das limitações da Convenção Constitucional anterior, foi possível reservar 17 lugares para os povos indígenas, lembrou o especialista em conversa com a Rádio Universidade de Chile.

Agora corre-se o risco de haver uma discussão sem a participação de nenhum representante desses grupos, o que dará origem a uma lei fundamental onde o assunto permanece formal, mas sem se aprofundar nas questões mais importantes.

Entre eles, citou os direitos básicos das comunidades nativas porque os conceitos de indigenismo e culturalismo já são ultrapassados em todo o mundo, garantiu.

Agora, disse, o Estado deve sentar-se para discutir com nossos povos como verdadeiros atores políticos e superar as medidas assistenciais e subsidiárias tradicionalmente praticadas.

Caniguan reconheceu que há um clima de ceticismo e muitos indígenas se perguntam se vale a pena participar desse processo, mas isso, destacou, também pode ser visto em nível nacional.

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