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sábado, 27 julho, 2024

EUA pune a Rússia com mais de 500 sanções pela morte do seu agente Navalny

Sanções contra a Rússia e o enigma Navalny

Emiliano José

Biden precisa atacar a Rússia.

Desesperado, tenta construir um inimigo, mais e mais.

Guerra Fria em outros tempos.

Agora, em resposta à misteriosa morte do ativista de extrema-direita Alexei Navalny, investe novamente contra a Rússia, e naturalmente contra Putin.

E digo misteriosa porque tenho fundadas razões para não acreditar tivesse Putin interesse nessa morte, embora até agora nada possa ser dito de modo definitivo.

A ver.

Biden anunciou no dia 23 de fevereiro mais de 500 novas sanções contra a Rússia.

Os argumentos giram em torno da morte de Navalny e da guerra da Ucrânia.

Um império em decadência em busca de apelos eleitorais.

Um presidente em óbvias dificuldades políticas diante da eleição próxima procura tábua de salvação.

E ali, quem olha de longe para tal eleição, tão próxima, sabe que um e outro candidato é como trocar seis por meia dúzia.

Biden agride a Rússia, com tais sanções, e ao mesmo tempo pede aos deputados republicanos a aprovação de um novo pacote de ajuda financeira à Ucrânia, Israel e Taiwan.

No caso da Ucrânia, é apenas garantir os extraordinários lucros da indústria armamentista, e empurrar a Europa para um naufrágio ainda mais melancólico, obrigada a apoiar uma guerra já perdida, com prejuízos econômicos incalculáveis para o antigo continente do Iluminismo e da social-democracia, um pálido e triste retrato daquele passado.

No caso de Israel, continuar pagando o preço do horror de Gaza, o massacre tão apropriadamente condenado por Lula, sem qualquer atitude voltada à paz.

Com Taiwan, tenta provocar a China.

Trump, com todas essas iniciativas, não obstante as inúmeras dificuldades, os seguidos processos, vai nadando de braçada diante do erro do adversário, obrigando os EUA a embarcar em pautas e guerras tão desastrosas.

Nos EUA, já se disse, a eleição é difícil, duro pensar em escolha. O sistema partidário é tão engessado, a ponto de não surgirem alternativas além de democratas e republicanos.

Como diz o povo, dou um pelo outro e não quero troco.

A Rússia já aprendeu a lidar com sanções. É o país mais sancionado do mundo. Desde o início da guerra contra o cerco da Otan sobre o país encontrou mecanismos para driblar as restrições de Washington.

Tais sanções, na verdade, vão pouco a pouco ameaçando o domínio do dólar. Rússia e China já abandonaram por completo o uso da moeda americana no comércio bilateral. A Índia tem comprado petróleo cru dos russos valendo-se de outras moedas, como o dirham dos Emirados Árabes Unidos e a própria rúpia indiana.

Navalny: extrema direita e CIA.

Navalny, insista-se, para não aceitar qualquer tentativa de transformá-lo num mártir, era militante irado da extrema-direita. Qualquer morte há de ser condenada, há de acontecer esclarecimento sobre ela. Todos nós queremos, e por isso lutamos.

Posto isso, cabem duas ou três palavras sobre a prática e o pensamento político dele, sobretudo diante da tentativa de transformá-lo num herói da luta pelas liberdades, feita pela mídia ocidental, um ou outro veículo pretendendo fosse ele um novo Mandela, e com isso o líder sul-africano está dando voltas no túmulo. Nada a ver.

A Anistia Internacional retirou o nome dele da lista de “prisioneiros de consciência” durante algum tempo. Isso foi feito depois de ele comparar imigrantes a baratas e moscas.

As falas islamofóbicas de Navalny aparecem em um vídeo pró-armas feito em 2007. Nele, o russo se apresenta como um “autêntico nacionalista”, enquanto imagens de homens muçulmanos aparecem na tela. Então ele surge com uma pistola e finge atirar contra um ator vestindo um keffiyeh – um lenço de cabeça muito comum no mundo árabe.

Em outro vídeo, de 2011, Navalny se apresenta como nacionalista, desejoso de deportar imigrantes não-brancos vindos de antigos territórios soviéticos da Ásia Central e norte do Cáucaso, áreas majoritariamente muçulmanas.

Marcou presença em marchas tipicamente nazistas na Rússia, e não se retratou de nada disso, embora tenha adotado um tom mais moderado em 2013, quando concorreu à prefeitura de Moscou. Mantinha, no entanto, propostas antimigratórias na plataforma dele em meio às ideias anticorrupção.

Em 2019, usou várias vezes termos pejorativos para se referir a pessoas LGBT, e em 2020 reafirmou: continuava apoiando políticas contra imigrantes na Rússia. Defendia a deportação de chechenos, georgianos e ciganos.

Um cidadão com esse espírito, com tal pensamento, pode ser transformado em herói? Nunca. Insista-se: a morte dele precisa ser devidamente esclarecida. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Osvaldo Bertolino registra: Navalny foi bolsista da Universidade de Yale, no EUA. É categórico: é [era] o homem dos EUA , da CIA, dentro da Rússia. “Fala russo, é nascido na Rússia, mas defende os interesses dos EUA, de potência estrangeira”, esclarece Bertolino. “Assim agem os que traem as suas nações”.

Referências

ANISTIA Internacional deixa de considerar Navalny um ‘prisioneiro de consciência’. Reuters, 24/02/2021.

BERTOLINO, Osvaldo. “GUAIDÓ russo”: entenda o papel de Navalny para tirar Putin do poder a mando dos EUA. Diálogos do Sul, 4/03/2021;

CARVALHO, Bruno Carlos Amaral De. Alexei Navalny, nacionalista xenófobo ou liberal pró-Ocidente? Contacto, 3/02/2021.

CARVALHO, Pietra. Herói? Vencedor do Oscar já chamou muçulmanos de baratas e pediu extermínio. UOL, Splash, 13/3/2023/.

MIAZZO, Leonardo. O clima na Rússia e os impactos imediatos da morte de Navalny, segundo historiador em Moscou. O opositor de Putin morreu nesta sexta-feira, aos 47 anos, em uma prisão do Ártico onde cumpria uma pena de 19 anos. CartaCapital, 16/02/2024.

PAIVA, Pedro. EUA anunciam 500 novas sanções contra a Rússia por morte de Navalny. Com o pacote, o maior desde o início da guerra, EUA já sancionou mais de 4 mil entidades russas e ligadas ao país. Brasil de Fato / Nova York (EUA). 23/02/2024.

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