© Sputnik / Yaima Rodríguez Turiño
A saída de Cuba do programa ‘Mais Médicos’ tem gerado diversos debates sobre a situação dos médicos cubanos que trabalham em vários países da América Latina.
Em visita ao Centro Oftalmológico José Martí, no Uruguai, a Sputnik Mundo conferiu como vivem os médicos cubanos neste país.
Os médicos cubanos trabalham na Operação Milagre, como é conhecida no Uruguai. A missão humanitária foi criada por Fidel Castro e Hugo Chávez em 2004 e tem como objetivo operar 10 milhões de pacientes da América Latina e outras partes do mundo.
O governo cubano deixou o programa brasileiro por não concordar com os exames de revalidação de diplomas médicos, que o novo governo brasileiro pretende instituir. Cuba envia clínicos para o programa “Mais Médicos” desde 2013 e cerca de metade dos 16 mil profissionais médicos vieram de Cuba.
Durante a entrevista à Sputnik, Roberto Castellón, chefe da equipe cubana de médicos no Uruguai, afirmou que em 2005, quatro médicos viajaram de Cuba com o intuito de estudar a falta de visão dos uruguaios, quando, em 2007 foi fundado o Centro Oftalmológico José Martí (Hospital dos Olhos).
Desde a criação do hospital, os médicos cubanos realizaram mais de 4.500 operações oftalmológicas, como cataratas e ptério, dois dos problemas que mais provocam cegueira em pacientes da terceira idade.
Em 11 anos de funcionamento, o hospital se tornou uma referência nacional. Além disso, hoje o hospital possui uma área docente, formando oftalmologistas uruguaios com a ajuda dos especialistas cubanos, que acompanham a parte prática do ensino.
“O hospital foi fundado com recursos provenientes de Cuba e com a colaboração direta do governo venezuelano. O desejo político do governo uruguaio tornou possível o milagre de operar pessoas com baixos recursos. Isso teve um impacto direto na população, além de ser gratuito”, afirmou um funcionário do hospital.
Castellón afirma que as condições de vida dos médicos cubanos são as melhores possíveis, pois os médicos vivem em uma residência no próprio hospital e não há carências nas instalações, há tudo que é preciso para viver. Ele também ressalta que os médicos cubanos que pretendem voluntariamente trabalhar em outro país são informados sobre todas as condições de remuneração e conhecem as condições de trabalho que encontrarão durante a missão, ou seja, “nunca são enganados”.
Além dessa, Cuba possui uma segunda missão no Uruguai especializada em próteses ortopédicas, envolvendo a confeção de próteses, bem como calçado e palmilhas ortopédicas.
No Uruguai, Cuba conta, além dos médicos, com cozinheiros, motorista e uma contabilista, que controla os recursos doados pelo Governo cubano. Atualmente, o financiamento do hospital é feito a partir dos serviços de saúde uruguaios e de doações de empresas.
Por fim, Castellón lamenta a saída de Cuba do programa “Mais Médicos” do Brasil, mas afirma que a situação não poderia continuar por não haver benefícios para ambos os países, além de considerar que a “[…] atitude de Bolsanaro é inaceitável”.
“Onde quer que um médico cubano esteja, haverá simplicidade e um caráter humanitário […]”, concluiu Castellón.