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O retorno da Crimeia não deve ser uma prioridade imediata para a Ucrânia, mas tem que permanecer na agenda, afirmou nesta terça (7), em uma entrevista à RIA Novosti, o assessor do presidente da Ucrânia e ex-secretário-geral da OTAN Anders Fogh Rasmussen.
O decreto sobre a nomeação do ex-secretário-geral da NATO como o consultor do Presidente da Ucrânia Pyotr Poroshenko foi assinado em 27 de maio.
”Claro que no longo prazo este é um objetivo para todos os países ocidentais. Tal como nunca reconhecemos a anexação ilegal dos três países bálticos, Estônia, Letônia e Lituânia, pela União Soviética, do mesmo jeito nunca reconheceremos a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia. Mas, ao mesmo tempo, eu também não aconselharia fazer disso uma prioridade urgente para a Ucrânia. Esta questão existe e continuará existindo, mas agora precisamos de nos concentrar em outros assuntos, tais como as reformas no país, a implementação dos acordos de Minsk e outros”, disse Rasmussen, acrescentando que “tenho de admitir que, do meu ponto de vista, a Rússia e os rebeldes apoiados pelo Moscou não cumprem as condições da trégua. Pelo contrário, nós assistimos a várias violações do cessar-fogo”.
O ex-secretário-geral também afirmou que espera que a Rússia cumpra suas obrigações dos acordos de Minsk para estabelecer a paz no leste da Ucrânia.
“Eu acho que os ucranianos fizeram todo o possível para a implementação dos acordos de Minsk. Mas devemos entender que no parlamento ucraniano falam com cautela sobre a descentralização do país até à plena implementação dos acordos de Minsk, incluindo o cessar-fogo e a retirada das tropas russas e do equipamento militar. É como a conversa sobre a galinha e o ovo. Do meu ponto de vista, estes processos devem ser realizados em simultâneo. Até haver a vontade da parte russa de retirar as tropas e o equipamento militar da fronteira, não se pode esperar o início da descentralização do país por parte do parlamento ucraniano.”
Respondendo à pergunta sobre o financiamento da sua atividade, Rasmussen disse que “quando precisarmos do financiamento, irei pedir [aos investidores privados] particularmente. O governo ucraniano e contribuintes ucranianos não irão participar disso”.
Em fevereiro de 2014, um golpe de Estado em Kiev levou novas forças ao poder na Ucrânia. As novas autoridades adotaram uma política de caráter nacionalista e totalmente voltada para o Ocidente, ameaçando restringir uma série de direitos e liberdades das populações de origem russa do país.
Preocupados com as consequências desta nova ordem, os habitantes da Crimeia, russos em sua grande maioria, optaram por se separar da Ucrânia através de um referendo realizado em março de 2014. Mais de 96% dos habitantes da península apoiaram a sua reintegração na Rússia. O Ocidente chamou a votação de “anexação”. Moscou declarou que o referendo foi realizado em plena conformidade com o direito internacional.O governo da Ucrânia continua considerando a Crimeia como território nacional temporariamente ocupado por forças estrangeiras. A autodeterminação da população da península também não foi reconhecida pelos países ocidentais, muitos dos quais adotaram sanções contra a Rússia.
As autoridades russas já declararam, em diversas ocasiões, que qualquer discussão sobre o novo estatuto da Crimeia está totalmente fora de questão.
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