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sexta-feira, 6 dezembro, 2024

 Quem deve usufruir das riquezas venezuelanas?

Pedro Pinho*

Há países que se formaram na luta pela independência, há os que a conquistaram por acomodação de interesses e há, ainda, aqueles que criaram uma fantasia para ter como justificar seus atos.

Temos nesta distinção a Venezuela, de Bolívar, o Brasil, de José Bonifácio de Andrada e Silva, e os Estados Unidos da América (EUA), dos denominados “pais fundadores”.

São três países dotados de riquezas naturais, que permitiriam desenvolver, com seus próprios recursos, sociedades prósperas e justas, equânimes e progressistas.

Porém não foi assim que seus relacionamentos com outros países permitiram. Simón Bolívar (1783-1830), o Libertador, não só conquistou a independência da Venezuela como da Bolívia, da Colômbia, do Equador e do Peru.

E o fez movido pela mesma razão de Francisco de Miranda (1750-1816): só um grande território poderia garantir a segurança à liberdade de um povo. E quem se opunha a estes territórios independentes? James Monroe (1758-1831) que empunhava a ideologia da expansão e da dominação dos EUA sobre toda América: a doutrina Monroe, a América para os Americanos, ou seja, os Estadunidenses.

Esta batalha já se travava em 1818, quando a Venezuela lutava contra a Espanha e os EUA violavam o bloqueio venezuelano para vender armas aos defensores do regime colonial, aos que preferiam estar sob a dominação dos reis espanhóis. Ao aprisionar os navios “Tigre” e “Liberdade”, Bolívar responde ao emissário estadunidense: “Venezuela não só combate a Espanha, mas a todos que lhe ofendam”.

Em 1902, quando a Inglaterra, a Itália e a Alemanha bloquearam com navios de guerra a costa venezuelana, o povo se uniu ao ditador Cipriano Castro, deixando suas divergências de lado, para defender o “solo sagrado da Pátria”.

Hoje a Venezuela vive a herança de Hugo Chávez (1954-2013), estadista, pensador e militar que revolucionou a governança nacional em prol da soberania e da cidadania venezuelana.

E tem como opositor Robinette “Joe” Biden Jr. (1942), que não resistiu à campanha para reeleição em seu próprio país e disse estar “perdendo a paciência” com a Venezuela por reeleger Nicolás Maduro (1962).

Mais uma vez a Venezuela sofre o assédio dos EUA, desta vez por um residente na Espanha, Edmundo González Urrutia (1949), aposentado em 2002, que os jesuítas consideram assassino, pois quando servia como Secretário de Embaixada em El Salvador denunciou dois padres como subversivos, levando-os à morte.

Além do petróleo, que possui a maior reserva entre todos países exportadores (a Venezuela é cofundadora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo – OPEP), a Venezuela também tem ouro e ferro, entre seus recursos minerais, e um território fértil para desenvolver agricultura (é autossuficiente na produção de alimentos).

No Governo de Hugo Chávez a Venezuela, conforme atestado da UNESCO, tornou-se território livre do analfabetismo. E foi com esta capacidade de povo instruído, que sabe a diferença entre a soberania e a escravidão, que deu vitória a Maduro, em sua reeleição.

Nada do que a mídia colonizadora, que serve aos EUA, vem divulgando corresponde à realidade. Mas oculta que está comprando por US$ 150,00, pessoas problemáticas, com desvios intelectuais e morais, para incendiar prédios públicos, lojas e provocar arruaças nas ruas.

Porém o Poder Judiciário da Venezuela está atento e muitos marginais já dormem em prisões e outros estão respondendo processos criminais.

Como Edmundo González já não está em condições físicas de enfrentar a campanha, quem assume, no dia a dia, a oposição é María Corina Machado Parisca (1967), formada na Universidade de Yale, fundadora da Organização não Governamental (ONG) Súmate, que Chávez descreveu seus líderes como “conspiradores”, “golpistas” e “lacaios” do governo dos EUA. Realmente, não só a ONG recebe recursos estadunidenses, como Corina já declarou que entregaria o petróleo e o ouro venezuelano aos EUA, tão logo chegasse ao poder.

A vida pública de Corina Machado é de uma agente estadunidense atuando na Venezuela, que lhe valeu diversos processos, inclusive a tornando inelegível, como ocorreu com Jair Bolsonaro. E que também não reconhecendo seus malfeitos, atribui a perseguição política.

Esta reeleição de Maduro foi a mais transparente que qualquer outro processo eleitoral, principalmente os estadunidenses. Cada voto teve seu comprovante impresso entregue ao eleitor que, o conferindo, depositou em urna própria. Após a eleição e conferência dos votos, todos representantes dos candidatos receberam cópia das atas.

Tudo que a mídia comprada ou de propriedade das finanças apátridas divulga foi construído, meses antes do próprio processo eleitoral, em Miami (EUA).

Como pergunta Nicolás Maduro: quem pediu perdão pelas atrocidades cometidas no Iraque, com a farsa das armas de destruição em massa, quem o pediu com o assassinato do líder Kadhafi, que transformou a Líbia no país de maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África, hoje regredida a tribos isoladas que lutam entre si, enquanto empresas estadunidenses exportam petróleo para seu único lucro, quem está apoiando o Estado de Israel no genocídio de palestinos, senão o belicoso EUA?

E não se venha com a velha oposição de esquerda e direita, quando o conservador dirigente da Hungria, Viktor Orbán (1963), apoia Maduro e se indispõe com as elites plutocráticas europeias.

E que não se venha com a religião, aqueles que não usam as palavras de Cristo e de Tomás de Aquino, mas dos pastores e bispos neopentecostais que apenas pedem dinheiro e se locupletam com a ignorância que promovem para aqueles que os procuram.

Há completa reversão de valores e de ideias, promovidas pelos belicosos e plutocráticos governos do Atlântico Norte.

O que sofre agora a Venezuela deve ser exemplo para que governos frágeis e inseguros entendam o mal que cometem a seus povos. A África do Sahel, do Níger, de Burquina Faso, da Guiné e do Mali que saíram da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para criar nova organização de defesa das suas novas independências, expulsando franceses e estadunidenses, é exemplo, não deve ser causa de oposição nem de agressão.

O Caso Venezuela é um divisor para a guerra que os EUA desejam. Quem apoia a independência venezuelana, neste momento, deve estar com Maduro e a paz. Quem apoia o senil Edmundo González que sofra as consequências da guerra e do domínio estadunidense.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado.

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