(Foto: Divulgação)
Por Ricardo Guerra
Victoria Nuland, a personagem mais sombria no contexto da crise que abriu as portas para a livre intervenção dos EUA nos assuntos internos da Ucrânia, chegou ao Brasil em 25/04/2022 – e a pergunta que se faz é:
O que será que a diplomata de carreira (lobista das principais empresas produtoras de armas nos EUA), considerada figura central nas manifestações que derrubaram o presidente eleito ucraniano Viktor Yanukovych (em fevereiro de 2014), veio fazer no Brasil?
A informação de que ela veio acompanhada do subsecretário de energia e meio ambiente dos EUA – exatamente no momento em que se aproxima o início oficial do processo eleitoral no Brasil – para tratar de assuntos como o “fortalecimento da governança democrática”, “proteção do meio ambiente” e “cooperação em segurança e defesa“, revela indícios de que este “evento” seja mais uma ação protocolar dos EUA para manter e aumentar o controle na América Latina e no Brasil:
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A chegada da diplomata e sua comitiva coincide também com o momento em que a imprensa local está falando sobre cláusula de impedimento à reversão no processo de privatização da Eletrobrás;
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O que nos sugere que um dos objetivos por trás dessa “visita” deve ser garantias e acertos quanto a continuidade e aceleração da entrega do setor energético (Eletrobrás, Petrobrás) e demais importantes empresas e recursos nacionais;
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Inclusive como forma de assegurar a possibilidade de ampliação da política de guerra do império em busca do controle do mercado mundial.
A política capitalista para salvar-se da sua pior e infindável crise é a guerra – e o imperialismo segue mais agressivo do que nunca.
Agora, utilizando-se ainda mais de “procurações e intermediários”:
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O imperialismo empurrou a Rússia para a guerra contra a Ucrânia;
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E, apesar dos fortes efeitos colaterais, como a inflação, o aumento do custo de vida e a desestabilização social e política generalizada;
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Não medirá esforços para atingir a tudo e todos, principalmente o seu maior inimigo – a China.
Por outro lado, como esse aumento da agressividade imperialista tende a colocar em movimento as massas, é “natural” que o imperialismo intensifique o aperto no regime político contra as massas e os trabalhadores da América Latina – a qual consideram o seu quintal.
Portanto, devido ao seu histórico na desestabilização na Ucrânia, é possível (?) que Nuland também tenha vindo “cobrar” celeridade e garantias quanto ao avanço do fechamento do regime na região.
No Brasil, essa política de fechamento do regime (ver “Patriot Act” Tabajara) vem aprofundando nos últimos anos:
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E está criando condições para o controle total da vida de todos os cidadãos brasileiros;
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Oferecendo perspectivas com “ares de legalidade” para o governo monitorar, perseguir e punir qualquer um que seja contra seus interesses e ideologia, ou seja, contra os interesses e a ideologia do imperialismo – até mesmo, como foi recentemente aventada, com o risco da possibilidade de intervenção internacional no judiciário brasileiro.
O recente teatro criado em torno do indulto ao Deputado Daniel Silveira – que se utilizou de uma situação conhecida como “falsa bandeira” (um ataque contra os próprios interesses) com o objetivo de justificar ou criar contextos que são “operados” para gerar mecanismos contra aqueles que realmente se atrevem a enfrentar o sistema:
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É um exemplo muito ilustrativo de como (“oportunamente”) se manipula situações visando o aperto do regime contra os trabalhadores;
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Ao mesmo tempo em que se cria uma relação fictícia de competição e rivalidade entre dois pólos que se apresentam como contrários – e aparecem um em função do outro, à medida em que ataca o “opositor”;
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Adversários de fachada que agem em sinergia em favor dos interesses do imperialismo e, também, para tirar o foco da cruel realidade de total destruição da economia, de saque do patrimônio nacional e de eliminação dos direitos duramente conquistados pelos trabalhadores.