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sexta-feira, 26 julho, 2024

Putin com rublo valorizado frente ao dólar abalado na guerra anula independência do BC Imperial

Cesar Fonseca
O diagnóstico imperialista ditado às colônias capitalistas subdesenvolvidas, como o Brasil e a América Latina em geral, segundo o qual inflação decorre de excesso de consumo a requerer aumento de juro para estabilizar economia, não está valendo mais como receita para o capitalismo financeiro em crise; as “condições financeiras” instáveis do império, agravadas pela guerra na Ucrânia, como relata Bloomberg, impõem ao BC/FED posição medrosa de neutralidade, graças ao excesso de endividamento do tesouro imperial; se puxar os juros, todo mundo corre para os papéis do governo, que já estão naquela base, devido às incertezas da guerra, agravadas pela política monetária da Rússia de não aceitar dólar em pagamento pelas importações russas; agora, o dólar tem que ser depositado em banco estatal russo, onde se faz conversão de dólar para rublo; somente depois de convertida a moeda americana em moeda russa, a mercadoria russa é autorizada a sair das fronteiras nacionais; tal situação sobrevaloriza o rublo, desvaloriza o dólar e deixa o FED sem ação.
RUBLO DÁ AS CARTAS
Todos precisam agora de rublo para comprar matérias primas russas, especialmente, energia, gás, minério e fertilizantes, sem os quais a economia mundial sofre baque; Biden, nessa semana, jogou a toalha; culpa Putin de jogar a economia americana em impasse energético; tal desabafo, evidentemente, representa mais um cálculo de guerra, pois, os Estados Unidos estão por trás da OTAN, que decretou sanções comerciais à Rússia, algo que não está dando certo; pelo contrário; os radicais do Pentágono, impacientes, querem guerra; defendem mais emissão de dólares para a Ucrânia comprar mísseis de longo alcance para atingir Moscou; Putin foi duro: se isso acontecer, mandará bala; deixou no ar que os alvos podem ser, inclusive, Bruxelas, sede da OTAN; opção pela guerra, na base do vai ou racha, esquenta quando Biden decreta emergência nacional diante da escassez energética, cuja culpada, segundo ele em desespero, seria a Rússia; Putin condiciona qualquer alívio sobre o domínio alcançado sobre a Ucrânia armada pela OTAN à supressão das sanções comerciais; países europeus, como Franca e Alemanha, forçam flexibilidade por parte de Washington, mas o imperador Biden se mantém duro na queda, apesar de previsões catastrofistas do mercado financeiro, como essas declarações de Jerome Powell, presidente do FED, de que a arma financeira dos juros, para conter inflação, detonada pela escassez energética, não é mais mecanismo seguro, para se chegar a soluções plausíveis.
IMPERADOR SE ENROLA TODO
América Latina, na cúpula das Américas, a se realizar nessa semana, se alinharia a Washington para intensificar guerra contra Putin? O presidente da China, Xi Jiping, aliado do líder russo, já deu a resposta: latinoamerica deixa de ser quintal dos Estados Unidos, visto que, se acompanhar Biden, opta pela recessão econômica que avança nos EUA diante da inflação crescente, decorrente do fiasco imperial de optar pelas sanções comerciais contra os russos, cujas consequências são desastres econômicos inflacionários gerais; a pretensão de Biden de jogar a culpa da crise mundial que ele detonou com as sanções a Putin não é consenso nem dentro dos Estados Unidos; democratas e republicanos estão rachados e a possibilidade de derrota eleitoral de Biden nas eleições legislativas americanas nesse ano sinalizam bancarrota política democrata; o desalinhamento latino-americano, semelhante ao mesmo fenômeno que se verifica na Europa, propensa a reagir ao império de Tio Sam em insistir em exigir da OTAN mais guerra contra Russia, usando Ucrânia como campo de prova para lançar mísseis contra Moscou, vai se tornando o cenário da terceira guerra.
DEDO NO GATILHO IMOBILIZA BC AMERICANO
O quadro se complica; assim como Putin avisou Biden e os líderes europeus subordinados ao presidente americano que não aceitaria avanço de Kiev, dominada pela OTAN, sobre os rebeldes de Donbás, aliados dos russos, da mesma forma, agora, que vence, amplamente, a guerra, conquistando o leste da Ucrânia, o líder russo alerta que está com dedo no gatilho; certamente, repetirá a fórmula; atuará, preventivamente, antes que a ordem de Washington chegue à OTAN para bombardear, do território ucraniano, Moscou; o clima de guerra eleva tensões inflacionárias e deixa as autoridades do Banco Central dos Estados Unidos, que conduzem o dólar emitido pelo tesouro americano, em estado de catatonia; relutam em acionar velhas providências macroeconômicas que de solução se transformaram em problemas; a guerra está à vista e o BC, diante desse clima belicoso, está mais perdido que cego em tiroteio; na prática, foi para os ares a independência do BC para comandar a economia de guerra americana, em franca insegurança diante do fator que não controla: Putin armado de matérias primas e bombas atômicas que abala totalmente a hegemonia do dólar.

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