Se as novas expectativas são as de redução das exportações de manufaturados para os Estados Unidos, porque Trump elevará tarifas de importações, como preanuncia com todas as letras, para evitar bancarrota da indústria americana frente ao seu maior concorrente, a China, a estratégia de Lula deveria ser então, como fator compensatório, fortalecer mercado interno com mais gastos sociais para elevar o consumo interno e não eliminar a possibilidade de sua ampliação.
Nesse sentido, o ajuste fiscal sobre os gastos sociais é, do ponto de vista da economia política, inconveniente.
Ele fecha a possibilidade de enfrentamento à crise pelo fortalecimento da economia e não pelo enfraquecimento dela que tal ajuste provocará no novo cenário à vista com a vitória eleitoral de Trump.
Gastar no social seria elevar os investimentos que serão reduzidos, se o protecionismo trumpiano barrar a industrialização brasileira, como é de se esperar.
Menos exportações para os Estados Unidos significa mais perigo de recessão interna que poderia ser aliviada, caso os gastos sociais fossem fortalecidos para elevar a renda disponível para o consumo interno.
O perigo de a desindustrialização se acelerar, caso o protecionismo americano aumente, está relacionado à impossibilidade de as exportações de manufaturados brasileiros aumentarem para a China, redirecionando-as frente à perda do mercado americano.
IMPASSE ESTRUTURAL
Os chineses, que têm uma indústria muito mais competitiva do que a brasileira, não serão a solução para indústria nacional ameaçada pelo presidente eleito dos Estados Unidos.
Para a China, o jogo ideal com o Brasil é o que já está sendo jogado: comprar produtos primários e semielaborados brasileiros e exportar para o Brasil produtos manufaturados.
Esse é o x da questão, porque os Estados Unidos não importarão do Brasil o que já produzem em demasia, ou seja, produtos agrícolas.
Os chineses, nova potência econômica global, concorrente dos Estados Unidos, já ultrapassando-os pelo critério do poder de paridade de compra, desejam ampliar importações de soja, milho etc., para produzir carnes, e, em contrapartida, exportar tecnologias etc.
Se os americanos, elevando tarifas, reduzem a importação de tecnologias brasileiras, pelo impulso protecionista trumpiano, não significa que irão importar, como fazem os chineses, produtos alimentícios.
Ao contrário, os americanos irão disputar com os brasileiros o mercado de produtos primários e semielaborados da China, enquanto tentarão vender ao Brasil sua tecnologia, concorrendo com os chineses.
DETERIORAÇÃO NOS TERMOS DE TROCA
A tendência, portanto, acelerando o protecionismo trumpista, previamente, anunciado, é o Brasil – e toda periferia capitalista latino-americana – sofrer deterioração nos termos de troca, porque haverá aumento da oferta de produtos primários, de um lado, barateando-os, e, de outro, guerra comercial entre China, Estados Unidos e Europa, para vencer produtos manufaturados.
Deterioração nos termos de troca significa vender barato matéria prima e comprar caro produto industrializado, acumulando déficits em contas correntes no balanço de pagamento.
O acirramento protecionista, no limite da guerra comercial, repetirá, de forma mais agressiva, o que ocorreu no mundo nos anos de 1930, em que a oferta seja de produtos primários, seja de elaborados/manufaturados aumentará exponencialmente, levando à economia à deflação.
Emergiria ou não um novo crash de 1929 em escala piorada, destrutiva?
ULTRA OLIGOPOLIZAÇÃO EM MARCHA
Nesse sentido, será acelerada, ainda mais, a formação de megas oligopólios, para super concentrar produção, na tarefa de destruir a concorrência, no cenário da financeirização econômica consequente a esse movimento de sobre-acumulação de capital para evitar queda da taxa de lucro.
As novas circunstâncias, que deverão ser criadas pelo acirramento protecionista, pré anunciado por Trump, recomendam o bom senso para a preservação do mercado interno por meio dos gastos sociais e não para a sua eliminação, como está previsto na ultra ortodoxia fiscal, articulada pela equipe econômica do governo Lula cujo resultado pode ser resfriamento acelerado do mercado interno.
A direita e ultradireita, vencedoras nas eleições municipais, baterão palmas para essa estratégia que lhes fortalecerá para enfrentar Lula em 2026, repetindo o que acaba de acontecer em 2024.
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