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quinta-feira, 28 março, 2024

Processo de impeachment de Trump avança na Câmara

“Se permitirmos que o presidente esteja acima da lei, colocaremos em risco a República”, disse Nancy Pelosi

DW

Presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi instrui a Casa a redigir a acusação que pode afastar o líder americano por abuso de poder. Caso ainda será votado em plenário antes de seguir para o Senado.

A presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, a democrata Nancy Pelosi, afirmou nesta quinta-feira (05/12) que instruiu o Comitê de Justiça da Casa a redigir os artigos de acusação sobre o impeachment do presidente americano, Donald Trump, suspeito de cometer improbidade, abuso de poder e obstrução da Justiça e do Congresso.

Trump teria condicionado o envio de ajuda militar à Ucrânia e o agendamento de uma visita do presidente Volodymyr Zelenskiy à Casa Branca à obtenção de informações prejudiciais ao ex-vice-presidente americano Joe Biden, favorito à nomeação do Partido Democrata para disputar as eleições presidenciais do próximo ano.

“Nossa democracia está em jogo. O presidente não nos dá outra opção a não ser agir, porque tenta, mais uma vez, corromper a eleição para seu benefício próprio. O presidente praticou abuso de poder, minou nossa segurança nacional e pôs em risco a integridade de nossas eleições”, afirmou Pelosi ao anunciar a formalização do processo.

Ela disse que pediu a redação dos artigos do impeachment ao presidente do Comitê de Justiça, Jerrold Nadler, “com tristeza, mas com confiança e humildade […] e com o coração repleto de amor pela América”. “Se permitirmos que o presidente esteja acima da lei, o faremos, certamente, colocando em risco a nossa República”, acrescentou.

Nesta quarta-feira, em audiência no Comitê de Justiça da Câmara, três dos quatro constitucionalistas convidados pelos congressistas para avaliarem as denúncias contra Trump disseram haver evidências que justificam o impeachment do presidente. O único especialista que argumentou não haver base para o afastamento do mandatário foi um jurista convidado pelo Partido Republicano.

O pedido de redação das denúncias ao comitê sinaliza que a formalização do processo de impeachment estaria praticamente assegurada. Com a maioria dos membros da Câmara, dominada pelos democratas, já tendo manifestado sua intenção de apoiar a medida, Trump poderá se tornar o terceiro presidente da história do país a ter seu afastamento aprovado pela Casa.

Após passar pela Câmara, a medida deverá ser votada pelo Senado americano, de maioria republicana.

O processo de impeachment deverá transcorrer com rapidez, com os artigos sendo colocados em votação no plenário da Câmara ainda neste mês, após semanas de depoimentos de autoridades do próprio governo envolvidas no caso.

As audiências reforçaram as acusações ao presidente e aliados de terem pressionado o governo da Ucrânia a abrir uma investigação sobre Biden e sobre o envolvimento de seu filho, Hunter Biden, em atividades suspeitas no país do Leste Europeu.

Trump voltou a menosprezar o processo movido pelos democratas, afirmado que, se querem removê-lo do cargo, deveriam avançar rapidamente para que ele possa ter um “julgamento justo” no Senado.

Em postagens furiosas no Twitter, o presidente acusa a oposição de denunciá-lo sem base alguma. “O bom disso tudo é que os republicanos jamais estiveram tão unidos”, tuitou Trump. “Nós venceremos!”

Até hoje, nenhum presidente dos EUA foi removido do cargo através de um impeachment. Em 1974, o presidente Richard Nixon renunciou ao cargo após um processo ser iniciado contra ele na Câmara. Outros dois presidentes, Andrew Johnson (1865 – 1869) e Bill Clinton (1993 – 2001), tiveram seus afastamentos aprovados na Câmara, mas bloqueados pelo Senado.

RC/rtr/afp

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