Havana (Prensa Latina) O jornalista e ensaísta espanhol Pascual Serrano, ex-diretor do site e meio alternativo de informação Rebelion, assegurou nesta quinta-feira (13) que a Prensa Latina é uma referênciacomo agência informativa anti-hegemônica de alcance planetário.
‘Seus fundadores deram-se conta há quase seis décadas de que o mundo era um, e por isso este meio foi o primeiro que começou a informar em nível global com uma visão alternativa, é um exemplo a seguir’, assegurou em entrevista exclusiva.
Estudioso dos meios, o intelectual dialogou com esta agência de notícias na sede da União dos Escritores e Artistas de Cuba depois de participar no colóquio Cultura Contra Fascismo em homenagem ao aniversário 80 do II Congresso de Escritores em defesa da República espanhola e pelo aniversário 115 do nascimento do poeta Nicolás Guillén.
Com respeito à Prensa Latina, Serrano afirmou que ‘ainda temos que seguir aprendendo dela, porque um erro muito habitual no mundo atual é seguir criando meios com uma visão exclusivamente local, sem projeção para o exterior’.
Fez questão de que a Agência informativa latino-americana continua abordando os temas com um enfoque global, ‘e esse é um contribuição do que todos devemos aprender’.
Localizado de maneira permanente no paradigma crítico, no entanto, o intelectual de esquerda declarou como matéria pendente o reforço da linguagem audiovisual além do escrito, mas sem perder a visão de uma agência global que observa os acontecimentos com a perspectiva de um mundo único e interconectado.
‘Isto último foi um das contribuições principais de Prensa Latina há quase 60 anos’, reforçou o especialista.
Ao referir-se ao papel dos jornalistas na luta por salvar à humanidade na era do presidente estadunidense, Donald Trump, Serrano considerou necessária uma atitude de compromisso ético e profissional.
‘Devemos criticar e denunciar todas os atropelos de personagens como Trump- enfatizou-, mas deixar bem claro que o plano B que existia frente a ele não era necessariamente melhor e muito menos uma alternativa aceitável’.
Recordou que se agora o chefe da Casa Branca diz que venderá armas à Arabia Saudita, já seu antecessor, Barack Obama, realizava essas operações; se bombardeia a Síria, antes Obama tinha dado essa ordem, e o mesmo sucede com a expulsão dos imigrantes.
Detalhou Serrano que todos estes esclarecimentos não são para validar Trump, a quem qualificou de ‘indivíduo infame e detestável’, mas para deixar claro que também não é correto considerar como uma alternativa aceitável frente a ele a Obama ou à ex-secretaria de Estado e ex-candidata presidencial democrata, Hillary Clinton.
O intelectual expressou preocupação porque em seu país dois grupos – Atresmedia e Mediaset- ocupam todos os espaços privados e impõem um mesmo pensamento ideológico neoliberal.
Segundo o especialista, tal situação do consenso imposto pelas grandes empresas mediáticas faz-se mais evidente na estigmatização e satanização dos ‘maus exemplos’ como Cuba e Venezuela, e no elogio aos que combatem seus governos, ainda que sejam extremistas violentos como no caso da nação sul-americana.
Na opinião do estudioso dos meios, espera-se que em tal contexto surjam outras opções televisivas como a rede russa RT, na América Latina Telesul e no Irã Hispan TV, o que demonstra que este panorama está mudando.