INTRODUÇÃO
A atual direção da Petrobrás publicou nesta quinta-feira (14 de maio) o resultado da Companhia no 1º trimestre de 2020. Os números apresentados mostram um prejuízo de R$ 48,5 bilhões, o maior prejuízo em um 1º trimestre da história da empresa.
Recentemente, foi anunciado o resultado do exercício de 2019, um lucro de R$ 40 bilhões, e o atual presidente da empresa, Roberto Castello Branco, proclamou ser o maior lucro da história da Petrobrás. Na verdade um resultado falso, pois tal lucro foi obtido com venda de ativos e não pelo desempenho operacional da Companhia, como registramos no artigo “O roteiro para o fim da Petrobrás já está pronto e em andamento“:
https://aepet.org.br/w3/index.php/conteudo-geral/item/4332-o-roteiro-para-o-fim-da-petrobras-ja-esta-pronto-e-em-andamento
O resultado apresentado agora, no 1º trimestre de 2020, é igualmente falso e faz parte do “Roteiro para o fim da Petrobrás”. O prejuízo de R$ 48,5 bilhões foi causado pelo registro de “impairments” (redução do valor recuperável dos ativos) calculados com base em premissas absurdas, não utilizadas por qualquer grande petroleira mundial.
Que a empresa apresentaria prejuízos nós já sabíamos e tivemos a oportunidade informar aos leitores em diversas oportunidades, como no relato programa Aepet TV “Petrobrás reestruturada para dar prejuízo“:
https://www.youtube.com/watch?v=usRfOpgikhw
De fato a Petrobrás, que apresentou lucros constantes de 1991 até 2013, era uma empresa estruturada para lucrar mesmo em situações adversas. À partir de 2016 a empresa vem sendo dilapidada e hoje encontra-se totalmente desfigurada, sem possibilidade de apresentar lucro com suas atividades operacionais. Mas os prejuízos esperados eram muito menores do que o registrado agora no 1º trimestre de 2020. Então para que antecipar todo este prejuízo?
CÁLCULO DOS IMPAIRMENTS
A Petrobrás sempre avaliou a recuperabilidade de seus ativos anualmente no último trimestre. Neste ano, no entanto, com a ocorrência de fatores que impactaram o mercado de petróleo e a economia mundial, julgaram oportuno antecipar as avaliações.
Para cálculo dos “impairments” lançados no resultado do 1º trimestre de 2020 foram utilizadas as seguintes premissas:
– Preço do Brent US$/barril mantido em US$ 25 durante 2020, evoluindo a US$ 45, até 2024, e mantido em US$ 50 no longo prazo.
– Câmbio mantido em R$ 5,09, em 2020, evoluindo até R$ 4,28, em 2024, e mantido em R$ 3,78 no longo prazo.
A base de cálculo existente considerava um preço de Brent fixo em US$ 65, de 2020 até o longo prazo, e um câmbio evoluindo de R$ 3,85, em 2020, até R$ 3,60, no longo prazo.
A seguir as considerações da atual administração:
Verdadeiro exercício de adivinhação da conjuntura futura, digna de Mãe Diná e outros.
OUTRAS EMPRESAS
A Exxon Mobil, apesar de registrar reservas mais de duas vezes superiores às da Petrobrás, contabilizou “impairments” de apenas US$ 2,9 bilhões neste 1º trimestre.
A Shell, a meu modo de ver muito corretamente, registrou somente perdas referente ao exercício de 2020, desprezando previsões à partir desta data. Desta forma contabilizou “impairments” de apenas US$ 750 milhões neste 1º trimestre.
PROVÁVEL ESTRATÉGIA
Infelizmente o Brasil não dispõem de um imprensa realmente livre e independente.
Nossos principais canais de mídia estão cooptados por interesses contrários ao desenvolvimento da nação. Assim, resultados como o obtido pela Petrobrás em 2019 são mostrados pela mídia como positivos.
É negada à população brasileira o conhecimento sobre a verdade dos fatos. Se a Petrobrás apresentar prejuízo ou lucro o conhecimento do povo brasileiro vai se limitar a isto. Jamais irá saber o que existe por trás dos números finais.
Como para cálculo dos “impairments” foi utilizada a pior das hipóteses para 2020, com o Brent estimado em US$ 25 o barril e o câmbio R$/US$ em R$ 5,09 ( 25 x 5,09 = 127,25 ) o mais provável é que nos próximos trimestres os números melhorem, provocando estornos de “impairments” gerando lucros contábeis. E esta deve ser a estratégia da administração da Petrobrás para exibir um cenário de recuperação no futuro.
Hoje mesmo a Brent já está sendo cotado a US$ 31 o barril e o câmbio superou R$ 5,80 (31x 5,80 = 179,80), um incremento de mais de 40% sobre a premissa adotada (179,80 : 127,25)
Assim, se os resultados previstos pela atual administração para 2020 apresentassem as seguintes perspectivas;
1º trimestre prejuízo de R$ 4 bilhões
2º trimestre prejuízo de R$ 6 bilhões
3º trimestre prejuízo de R$ 8 bilhões
4º Trimestre prejuízo de R$ 10 bilhões
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Prejuizo total 2020 R$ 28 bilhões
Isto mostraria para a população brasileira que a empresa estaria no caminho da destruição, com prejuízos crescentes.
Agora, com os “impairments” do 1º trimestre e os estornos que deverão ocorrer nos próximos meses o resultado previsto poderia ser o seguinte :
1º Trimestre prejuízo de R$ 48,5 bilhões (já realizado)
2º Trimestre lucro de R$ 4,5 bilhões (com estornos)
3º trimestre lucro de R$ 6 bilhões (com estornos)
4º trimestre lucro de R$ 10 bilhões (com estornos)
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Prejuizo total 2020 R$ 28 bilhões da mesma forma.
Isto mostraria para a população brasileira uma empresa em franca recuperação, com lucros crescentes.
Vocês podem dizer que, como eles, eu também estou querendo fazer adivinhações. Mas vejam bem, como já verificamos, o cálculo dos “impairments” podem ser manipulados de diversas formas. Chega à ser ridículo.
CONCLUSÃO
O roteiro para o fim da Petrobrás continua em andamento e firme nos trilhos. Pandemia de coronavirus ou briga na OPEP não alteram os objetivos, que incluem não só a destruição da empresa e sua história, como do orgulho de sua força de trabalho, que vem sendo submetida a todo tipo de humilhação.