Charge: Rahma/Cartoon Movement
Por Raul Fitipaldi, no site Desacato:
A mídia dominante no Brasil nunca se furtou do seu dever de classe de apoiar golpes, omitir a exploração dos trabalhadores e trabalhadoras, o latifúndio, a invasão violenta nas terras dos povos originários; dissimula a matança diária de pobres, negros, indígenas e toda a de injustiças que grassam às maiorias desde sempre.
Colonial e colonialista constrói historicamente uma caricatura dos nossos povos. É a caricatura que dá sustentação midiática à estrangeirização de nossos hábitos e costumes, e sobretudo, aos negócios dos seus clientes, a oligarquia nacional e as transnacionais, especialmente às dos piratas ocidentais. E ela, a cada tanto, recebe um prêmio dos governos que não perdem oportunidade de se ajoelhar frente ao poder real.
Esse é o caso da legislação que aumenta as concessões para os grupos radiais e de televisão permitindo o engorde da propriedade cruzada. Ou seja, do domínio absoluto da informação, a cultura e o divertimento através dos espaços que pertencem ao país. Esse espaço é seu e de toda a população brasileira, mas você não é consultado nunca. Eles podem ter rádios, tevês e jornais cada vez em maior quantidade e usar as plataformas de internet como qualquer um.
As outorgas da exploração do que é público no Brasil parecem eternas. Os monopólios são cada vez mais donos de tudo. As concentrações midiáticas aumentam sempre em detrimento da democracia.
A lei foi sancionada no dia 15 de fevereiro e não teve um mísero veto do presidente Lula. Essa lei amplia o limite de concessões de rádio para uma mesma empresa de 6 para 20 emissoras. Já o limite de emissoras de TV para um mesmo grupo passaria de 10 para 20. O artigo 220 da Constituição Federal que proíbe os monopólios e oligopólios que se rale.
Enquanto isso, os meios de comunicação independentes são esquecidos, ignorados e asfixiados, mesmo criando fontes de emprego em tempos que a mídia tradicional demite; e pagando impostos de forma mais séria e honesta que a mídia monopólica. A ampliação dos monopólios cerceia as rádios comunitárias, agride os veículos alternativos e entrega, de mão beijada, aos inimigos da classe trabalhadora, a ferramenta para que sigam ditando o rumo da política nacional.
O poder real recebeu uma boa ajuda do governo Lula que, se não o fizesse, teria mais medo do que já tem com relação aos capitães da colônia, os donos do Congresso e do Poder Judiciário.