Luanda, 7 de mai (Prensa Latina) O persistente défice alimentar para milhões de habitantes em África pode ser considerado um algoz muito mais poderoso e letal do que a divulgada pandemia de Covid-19, a julgar pelos factos.
No início de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) deu como certo que pelo menos 160 mil pessoas em terras africanas haviam perdido a vida devido ao coronavírus SARS-Cov-2, que causa a doença, enquanto a União Europeia estimou um número maior cifra, aproximadamente 231 mil.
De qualquer forma, a maioria dos relatórios internacionais questiona a confiabilidade dos cálculos oficiais sobre a Covid-19 no chamado continente negro, já que não são poucos os estados que carecem de um registro civil funcional ou estatísticas confiáveis sobre nascimentos, óbitos e origens das mortes.
Novos dados da OMS, em maio de 2022, estimavam que o saldo global de mortes, direta ou indiretamente, por Covid-19 era de 14,9 milhões entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021 (com margem possível entre 13,3 e 16,6). milhão).
Sem diminuir a gravidade do assunto, é pertinente lembrar que a cada 24 horas cerca de 24 mil pessoas morrem globalmente de fome ou causas relacionadas, o que equivale a 16 porcento das mortes diárias, segundo cálculos da Organização das Nações Unidas (ONU ).
Em 21 de abril, a entidade humanitária Save the Children alertou que 16 milhões de pessoas correm o risco de morrer de fome em três países da África Oriental – Somália, Quênia e Etiópia – devido aos impactos da seca.
De acordo com a análise, as medidas punitivas unilaterais impostas à Rússia, pelos Estados Unidos, União Europeia e outros países promovidas por Washington, contribuirão para aumentar os preços dos alimentos, o que poderá aprofundar a crise que esta parte do continente africano atravessa.
Cinco agências da ONU previram o agravamento dos desafios em 2021 em um relatório sobre o Estado da Insegurança Alimentar no Mundo (SOFI).
O alerta foi emitido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Programa Alimentar Mundial (PAM), a OMS e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Ninguém poderia negar que o Covid-19 causou inúmeros danos humanos, materiais e financeiros, mas a pandemia de fome na África tem determinantes políticos e socioeconômicos mais profundos e duradouros.