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sexta-feira, 26 julho, 2024

Panamá, 10 candidatos presidenciais, por enquanto

Cidade do Panamá (Prensa Latina) Para as eleições presidenciais de 2024, o Panamá definiu 10 candidatos, incluindo sete de outros tantos partidos e os três restantes de livre candidatura com projetos tão diferentes quanto a diversidade da nação Istmo.

Por Mário Hubert Garrido*

Em ordem de registro oficial do Tribunal Eleitoral (TE) estão o ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014), condenado a mais de 10 anos de prisão e multa de 19,2 milhões de dólares pela compra em 2010 da editora Panama America SA (Epasa ).

Apesar de favorito, segundo pesquisas, o ex-presidente terá que enfrentar a Justiça em breve, também acusado de lavagem de dinheiro e recebimento de propina milionária da construtora brasileira Odebrecht.

Se a sentença do primeiro caso -Novos Negócios- transitar em julgado até setembro, o bilionário ficaria invalidado de participar do processo eleitoral e teria que nomear seu suplente ou companheiro de chapa na época, cujo nome ainda não foi revelado.

Para o governista Partido Revolucionário Democrático (PRD), o porta-estandarte é o atual vice-presidente José Gabriel Carrizo, figura questionada por má gestão governamental.

O Partido Popular optou pelo ex-presidente Martin Torrijos (2004-2009), que se distanciou de sua organização de base, o PRD, criada por seu pai, o general Omar Torrijos, em 1979, mas cuja liderança, segundo ele, se sente traída em sua fundação princípios e essências.

Por seu lado, o Cambio Democrático ratificou o seu chefe, Rómulo Roux, rodeado de divergências dentro da sua organização e de opositores encabeçados por Yanibel Ábrego, que já antecipou que apoiará Martinelli.

Enquanto isso, o Partido Panameñista consolidou sua oferta eleitoral com José Isabel Blandón, ex-prefeito da capital, que iniciou conversações com outras lideranças e grupos para dividir o poder no ano que vem.

Por sua vez, foi ratificado o advogado José Alberto Álvarez, do minoritário Partido Social Independente Alternativo (PAIS), e pelo Movimento Outro Caminho (MOCA), foi eleito candidato Ricardo Lombana, que afirmou que vai modificar a sua candidatura sem clientelismo, sem presentes, sem aproveitar as necessidades de um povo maltratado pelos políticos, que prevê apoio aos independentes.

O Movimento Liberal Nacionalista Republicano (Molirena) ainda não definiu a que partido se vai filiar, apesar de já ter integrado vencedores e ser agora aliado do PRD, embora os seus dirigentes tenham mantido encontros com representantes de outras facções políticas, descritos como ” caráter informal”.

O presidente de Molirena, Francisco Alemán, indicou que favorecerá a proposta que for mais benéfica para o povo panamenho.

Selam a lista os representantes de livre candidatura: o deputado Zulay Rodríguez, até hoje militante do PRD; a economista Maribel Gordón, ex-candidata à vice-presidência da República em 2014 pela Frente Ampla para a Democracia (FAD) e o advogado Melitón Arrocha, ex-partido panameñista.

VIDA DIGNA

Em sua maioria, os candidatos presidenciais avançaram seus eixos de governo para chegar ao Palácio de las Garzas (sede do Executivo), em 5 de maio de 2024.

Enfrentar a atual crise do Fundo de Seguridade Social, enfrentar as desigualdades sociais e garantir a distribuição equitativa dos bens de uma economia robusta, acabar com a corrupção ou ampliar a oferta de empregos, são alguns dos pontos comuns.

A professora Gordón apresentou na capital sua proposta denominada Plano para uma Vida Digna, que a cada dia ganha mais adeptos entre os setores mais humildes, confirmou a Prensa Latina.

“Temos que romper com a geração de riqueza em poucas mãos”, comentou.

A professora universitária disse que ambiciona pôr fim ao actual modelo neoliberal que promove estruturas monopolistas e oligopolistas nos medicamentos, alimentos e combustíveis.

É também vital, sublinhou, assegurar a todos os cidadãos o direito humano à alimentação saudável, através de uma aliança com os produtores rurais para garantir níveis adequados de preços e abastecimento.

Acrescentou que, com a sua proposta, vai permitir a progressividade do imposto sobre o rendimento, “onde quem ganha mais, paga mais, para acabar com a sonegação e recuperar os valores não recebidos e colocá-los a favor do desenvolvimento nacional e social. “Indiano.

Ele enfatizou que a esperança que os panamenhos esperam está associada a salários decentes, à construção de uma sociedade verdadeiramente democrática, equitativa, participativa e com justiça social, na qual prevaleça a solidariedade e o respeito irrestrito a todos os direitos humanos.

PARTES E INDEPENDENTES

A figura dos candidatos presidenciais de livre nomeação vem ganhando força no Panamá desde 2014, pois antes, os chamados independentes podiam acessar todos os cargos eleitos pelo povo, exceto o de presidente.

Nesse sentido, destacam-se os candidatos nas eleições de 2014, vencidas por Juan Carlos Varela, ex-vice-presidente em mandato anterior. São eles Juan Jované, Esteban Rodríguez e Gerardo Barroso; e em 2019, Ana Matilde Gómez – pela primeira vez mulher – Marco Ameglio, e Ricardo Lombana, agora candidato ao MOCA.

Nas sétimas eleições democráticas após a invasão dos Estados Unidos em dezembro de 1989, não poucos eleitores anunciaram que a crescente falta de credibilidade dos partidos políticos tradicionais também cobraria seu preço, pois prometeram infinitas melhorias sociais na campanha, então não não os cumprem e continuam a enriquecer com os impostos pagos pela população.

Para outros, os independentes podem trazer outra grande surpresa em 2024, como Lombana em 2019, que subiu para a terceira posição, precedido por Rómulo Roux (Uma mudança para despertar) e a coalizão Uniendo Fuerzas que venceu e levou o atual presidente ao poder. Laurentino Cortizo.

Até hoje, em nenhuma das consultas anteriores, triunfou um candidato governista.

Em 5 de maio de 2024, os panamenhos decidirão nas urnas o próximo presidente e vice-presidente do país, 20 deputados ao Parlamento Centro-Americano e 71 deputados à Assembleia Nacional.

Além disso, elegerão 81 prefeitos, 701 corregimentistas e 11 vereadores, todos com seus respectivos suplentes, para o período de 1º de julho de 2024 a 30 de junho de 2029.

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*Correspondente-chefe de Prensa Latina no Panamá

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