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sexta-feira, 4 outubro, 2024

OS QUATRO GOLPES QUE ATRASARAM O BRASIL

REFLEXÃO PARA UM PROJETO NACIONAL

Máxima da corrupção:

Aos amigos, tudo; aos indiferentes, nada; aos inimigos, a lei

 Pedro Augusto Pinho*

Minha geração viveu quatro golpes. O que tirou Getúlio Vargas do poder executivo em 1945. A Presidência foi assumida por José Linhares, então Presidente do Supremo Tribunal Federal, que extinguiu o Conselho de Economia Popular, criado por Vargas, mas manteve a Lei Antitruste, um dos motivos da destituição.

Queda de Vargas e fim do Estado Novo

 

O segundo golpe foi dado contra o mesmo Presidente Vargas, levando-o ao suicídio, em 1954, sendo substituído por João Café Filho, que nomeou para Ministro da Fazenda Eugênio Gudin. Dispensada qualquer outra informação sobre a linha da política econômica.

O jornal golpista de sempre

 

 

Em 1964, novamente os militares, cujo protagonismo fora fundamental nos anteriores, destituem o Presidente João Goulart, colocando na condução econômica do País, Roberto de Oliveira Campos, mas uma vez dispensando comentários. Mas este terceiro golpe sofre dois outros golpes, como diriam os golpistas do Supremo Tribunal Federal, interna corporis, que levou ao poder os militares.

Chegamos ao quarto golpe, o primeiro sem a participação militar, mas como em todos os anteriores com a presença dos Estados Unidos da América (EUA). Aquele país, financiando, planejando, treinando brasileiros, constituindo no Brasil organizações prógolpistas, teve sempre atuação fundamental para o sucesso dos golpes. Isto não é antiamericanismo nem esquerdismo, é a simples leitura dos documentos que os órgãos públicos dos EUA colocam disponíveis.

O golpe do impeachment da Presidente Dilma Rousseff foi executado principalmente pelos poderes Legislativo e Judiciário, com o forte apoio da  chamada grande imprensa, em especial da televisão, e do novo poder, oriundo da Constituição de 1988, o Ministério Público. Esta articulação permitiu o êxito dos golpistas. Pelos antecedentes e pela composição do primeiro ministério do golpe, nada surpreende suas manifestações pelas privatizações, limitações ou extinções de direitos sociais, de cidadania e da economia popular.

A pergunta que me faço: por que a Nação Brasileira deixou, em tão curto tempo, que quatro golpes paralisassem, eliminassem e afrontassem suas conquistas e seus direitos? Por que os próprios condutores dos Projetos Nacionalistas e Populares não reagiram a tempo?

Certamente não é uma resposta simples. Nem tenho a pretensão de ter qualquer resposta. Pretendo, apenas, trazer uma reflexão para a construção de um Projeto Nacional de maior consistência, capaz de chegar à alma do povo, chamá-lo em nova ameaça à ação, à defesa, ao não conformismo.

Historiadores, sociólogos, juristas, pensadores de diversas áreas do saber tem se debruçado na análise do Estado Brasileiro. Para não citar os vivos, lembro apenas Câmara Cascudo, Nelson Carneiro, Octávio Ianni, Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro e Celso Furtado.

Administrador aposentado aprendi que o sucesso de um plano, sua eficaz e satisfatória realização, começa na própria maneira de organizá-lo. Um plano que envolva toda estrutura institucional terá muito mais força e chegará mais facilmente ao êxito do que aquele construído pelos mais capazes, pelos gabinetes de gênios.

Não me resta dúvida a necessidade deste Projeto Nacional. Mas seria possível numa sociedade que, dos bancos escolares até a morte, é imbuída de um raciocínio dualista. Que acredita que o Estado e o mercado são forças antagônicas, sendo o primeiro corrupto, senão maldoso, e o segundo sempre virtuoso? Que é da “índole brasileira” o jeitinho? Como se não o houvesse em todo mundo dentro de suas variações culturais? Há muito o que desmitificar na construção deste Projeto. Esta é, a meu ver, a grande missão política, fora ou dentro do Governo.

Dedico esta reflexão às mulheres e aos negros que se encontram agora fora do governo, na figura da mulher negra, lutadora, nacionalista, que por oitenta anos assombrou os que colonizavam sua nação, a Rainha Nzinga.

*Pedro Augusto Pinho, administrador aposentado

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