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segunda-feira, 14 outubro, 2024

Os diálogos entre o governo e o ELN foram interrompidos, um revés para a paz na Colômbia

Bogotá, 21 set (Prensa Latina) A declaração do Governo da Colômbia de encerrar as negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN) após um ataque a uma unidade militar que deixou hoje três mortos deixa em suspense o futuro desse processo.

O ataque com explosivos contra a base militar na última terça-feira em Arauca (leste), que também causou ferimentos a outros 25 militares, foi reivindicado pela Frente de Guerra Oriental da referida insurgência.

O acontecimento ocorreu também num momento de muitas tensões entre as partes devido à impossibilidade de se chegar a um acordo para prorrogar o cessar-fogo que vigorava por um ano e que expirou em 3 de agosto, e quando a mesa de diálogo permaneceu congelada por mais de quatro meses, conforme decretado pelo ELN.

Imediatamente quando o acontecimento se tornou conhecido, o presidente Gustavo Petro o condenou e o descreveu como uma ação que praticamente encerrou o processo de paz “com sangue”.

Outro dos responsáveis ​​que se pronunciou em termos muito firmes foi o Ministro do Interior, Juan Fernando Cristo.

Declarou que para falar de paz são precisos dois e que o grupo armado não parece interessado num processo de paz, mas simplesmente em sentar-se à mesa.

“Não sou muito otimista, sou pessimista quanto ao desejo de paz do ELN. O governo agiu com generosidade e o ELN ficou para trás no trem da história”, afirmou.

No dia seguinte, a Delegação do Governo em diálogo com aquela guerrilha emitiu um comunicado no qual endossou o anúncio feito pelo Petro no dia anterior.

“Durante estes meses o Governo enviou múltiplas propostas ao ELN. Hoje o processo de diálogo está suspenso. A sua viabilidade está seriamente prejudicada e a sua continuidade só poderá ser recuperada com uma manifestação inequívoca da vontade de paz do ELN”, afirma a comunicação.

Em resposta, o comandante daquela insurgência, Antônio García, escreveu nas suas redes sociais que, mesmo em meio às operações militares, os processos de paz podem continuar e acrescentou que isso foi feito em vários momentos por diferentes governos e que agora não é possível.

Insistiu que o processo de paz entre o Governo e o ELN permaneceu congelado, como alegou, devido ao incumprimento dos acordos da contraparte, e disse que o grupo armado demorou um período de espera para restaurar a cessação, mas não foi possível.

Este último em referência ao pedido feito pela guerrilha para ser eliminado da lista de Grupos Armados Organizados, conhecidos como GAOS, que o Comissário para a Paz considerou uma condição muito difícil, pois exigia a elaboração de uma lei para cuja aprovação as condições favoráveis ​​não existem no Congresso.

Por outro lado, exigiu que o Ministro da Defesa e o comandante das Forças Militares ordenem o reinício das operações ofensivas contra o ELN dada a impossibilidade de prorrogar o cessar-fogo.

A isto, o Presidente Petro respondeu na sua rede social X que “um processo de paz é quebrado se a vida dos jovens for destruída e as famílias pobres sofrerem.

“Se o ELN não quer romper o processo de paz, diga-o. Não se calem, porque a paz deve ser gritada e a violência deve ser enterrada. Não são os jovens que estão enterrados, é a violência que está enterrada”, afirmou.

Por sua vez, a negociadora-chefe do Governo, Vera Grabe, declarou aos meios de comunicação que as negociações estão suspensas, mas que permanecerão atentos a qualquer manifestação de desejo de paz por parte dos guerrilheiros.

Entretanto, o Ministro da Defesa, Iván Velásquez, garantiu que a Força Pública multiplicará o seu trabalho para combater com todas as suas capacidades os grupos armados ilegais que não estão em processo de paz ou com os quais não existe cessar-fogo.

“Diante desta clara manifestação do ELN, que não tem disposição para a paz, os esforços das Forças Militares também devem ser redobrados”, frisou.

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