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domingo, 13 outubro, 2024

Os casos escabrosos da mídia e o fla x flu político

Por Luis Nassif/Jornal GGN

A discussão pública chegou a um grau de maniqueísmo sem precedentes. Qualquer tema, por mais escabroso que seja, é tratado sob a ótica de esquerda- direita. A única vantagem é permitir identificar onde a imbecilidade campeia.

Dia desses, um Procurador da República de Curitiba postou um Twitter indignado. Houve mais repercussão no caso do vigilante que matou um cachorro na porta do supermercado do que das duas mulheres lésbicas que mataram a criança e queimaram seu pinto.

Qual a razão da indignação com o resultado desse festival do escabroso? É que as duas mulheres representam a diversidade e o segurança representa a segurança. A conclusão óbvia, desse raciocínio tortuoso, é de que o marxismo cultural estimulou o noticiário sobre o matador de cachorros e poupou as duas assassinas, por serem lésbicas. Como se fizesse parte dos procedimentos lésbicos assassinar crianças e assar o píu-piu.

Seu twitter imediatamente foi impulsionado pela máquina de propaganda do bolsonarismo, a ponto de receber 31 mil likes. Valeu-se de um episódio perpetrado por duas malucas assassinas para tentar criminalizar a causa LBGT.

Nem se diga o caso Neymar, crucificado pela ala esquerda por ser Neymar e defendido pelo inenarrável juiz-halterofilista Marcelo Bretas por ser a parte forte.

Não há a menor preocupação em se debruçar sobre os fatos, em não fazer pré-julgamentos. É um fla x flu que revira os intestinos. Se juiz e procuradores externam posições ideológicas até em casos públicos escabrosos, é possível esperar isenção nos casos sob sua responsabilidade?

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