Buenos Aires, 31 out (Prensa Latina) Diferentes organizações concentram-se hoje perto dos tribunais de Comodoro Py para apoiar a ex-presidenta argentina Cristina Fernández, quem presta depoimento em uma causa na qual se lhe acusa de favorecer uma obra pública.
A ex-mandatária foi citada pelo juiz Julián Ercolini em um caso em que lhe são atribuídas supostas irregularidades na adjudicação de obras públicas ao empresário Lázaro Báez na província de Santa Cruz durante sua presidência.
‘Algo insólito, há mais policiais do que juízes nos tribunais federais’, reportava mais cedo o canal de notícias de televisão Crônica ao se referir à forte operação de segurança, que rodeia o lugar onde a ex-presidenta se encontra declarando e onde foram estabelecidos 300 efetivos.
Entre os presentes que chegaram para apoiar Cristina Fernández se encontra o secretário geral da Central dos Trabalhadores da Argentina, Hugo Yasky, quem assinalou ao canal C5N que ‘a perseguição a Cristina é a forma de proscrição nesta época atual equivalente ao que foi o peronismo no século passado’.
Senti a obrigação de estar aqui, junto de muitas organizações, junto dos setores mais castigados por esta política de ajuste. Perdemos neste ano 10 pontos de salário, disse.
Isso só teria que servir para esclarecer que se deve defender a quem junto com Néstor Kirchner, permitiu12 anos de negociações salariais livres, enfatizou.
A defesa de Fernández tinha pedido que se anulasse o interrogatório assinalando, por exemplo, que o ditame dos promotores Gerardo Pollicita e Ignacio Mahiques se baseia em fatos não jurídicos mas políticos, como alocar investimentos orçamentais, ou pessoais, como conhecer um empresário, ainda que a apresentação tenha esclarecido que ela não tinha amizade com Báez, reportou a jornal Página 12.
O juiz Ercolini citou a ex-presidenta no interrogatório judicial, a quem ademais se restringiram todos os bens junto a outros 15 servidores públicos de seu governo, na causa que iniciou a deputada Elisa Carrió em 2008.
A própria ex-chefe de Estado insistiu com o pedido da criação no Congresso de uma comissão bicameral que realizasse uma auditoria da obra pública em todo o país durante seu período de comando no Executivo.
A líder política chegou ontem à noite à capital e em um escrito publicado na rede social Facebook apontou que chegando ao aeroporto lhe informaram que o juiz federal Claudio Bonadío invadiria sua casa de Rio Galegos hoje.
‘Será verdade? Revelaria uma sincronização espantosa com o juiz Ercolini que, justamente, me citou ao interrogatório por uma causa que o mesmo fiscal e o mesmo juiz têm faz oito anos e que decidiram exumar’, apontou a ex-dirigente.
A causa, acrescentou, é mais disparatada ainda que a de ‘dólar futuro’ (em referência a outra que se lhe imputa e que a levou também a declarar nos tribunais). Enfim, delícias do Partido Judicial, ironizou.
E ainda afirmou que a perseguição e a sanha que levam adiante contra sua pessoa é sem limites e inédita desde a volta à democracia.
Sublinhou que com isto o presidente Mauricio Macri ‘achará que pode tampar a catástrofe social e econômica que se respira na rua, e que foi provocada por suas medidas econômicas’. Das instituições, assinalou, melhor nem falar.
Prevê-se que depois de sua declaração nos tribunais, Fernández fale numa roda de imprensa.