La Paz, (Prensa Latina) A mídia local nesta sexta (28) destaca a preocupação repetida da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os processos judiciais que o governo de fato da Bolívia está realizando contra ex-funcionários do governo Evo Morales.
Na véspera da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, atualizou o Conselho de Direitos Humanos sobre a situação em vários países e reconheceu que o país sul-americano está passando por uma crise social e política.
Bachelet enfatizou os procedimentos criminais abertos a ex-autoridades e outros relacionados ao governo de Morales, situação denunciada em mais de uma ocasião como perseguição política pelo governo de fato.
Os ex-ministros Juan Ramón Quintana, Javier Zavaleta, Héctor Arce, Wilma Alanoca e Hugo Moldiz são como asylees na residência da embaixada mexicana em La Paz.
Enquanto isso, outros dois ex-membros, Carlos Romero e César Cocarico, são detidos e respondem a processos judiciais que levantam dúvidas sobre a ausência de evidências conclusivas e o respeito pelo devido processo legal, entre outras irregularidades.
Nos casos anteriores, a advogada do ex-presidente Morales, Patricia Hermosa, foi presa após entrar no país para registrar seu representante como candidato a senador nas eleições gerais de 3 de maio.
Hermosa, em estado de gestação, é acusada de supostos crimes de sedição, terrorismo e financiamento do terrorismo, numa tentativa de acusar, junto com corrupção, acusações a outras ex-autoridades mencionadas.
A preocupação de Bachelet é compartilhada por outros funcionários da ONU, como seu enviado especial para a Bolívia, Jean Arnaud, que explicou que atos de perseguição política e abuso de processos judiciais não deveriam ocorrer no contexto atual do país.
Da mesma forma, o relator especial da ONU para a independência de magistrados e advogados, Diego García-Sayán, que concordou com Bachelet, descreveu a situação no país andino-amazônico como ‘preocupante’.
‘Estou preocupado com o uso de instituições judiciais e fiscais para fins de perseguição política. O número de detenções ilegais está aumentando. (…) Peço respeito pela independência das instituições e pelo devido processo’, escreveu o funcionário no Twitter.
Em um artigo publicado no El País, García-Sayán destacou que o governo de Áñez tinha que se concentrar na organização das próximas eleições e ser uma ponte para uma transição democrática.
Mas, em contraste, o relator observou, ele aciona ‘o alarme internacional que desperta lembranças de momentos sombrios da história boliviana que pareciam abrigados em um passado distante’, disse ele em referência às ditaduras militares.