Pedro Augusto Pinho*
“Guerra é Paz
Liberdade é Escravidão
Ignorância é Força”
O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) parece adotar a “novilíngua” do Partido Interno diante de Emmanuel Goldstein, o Inimigo do Povo, entrando assim na narrativa de George Orwell, no célebre romance “1984”.
Quem é ditador?
Nesta novilíngua estadunidense, ditador é todo dirigente que conduz seu país com liberdade, com soberania, com respeito ao povo e às suas tradições.
Kim Jong Un, filho de Kim Jong Il, neto de Kim Il Sung, representa o socialismo Zuche, a ideologia de uma cultura em nada parecida com a do imperialista Estados Unidos da América (EUA), sucessora do Império Britânico na eliminação de pessoas, idiomas, etnias e nações.
Certamente a pouco democrática parcela do PSOL que pediu a cabeça do vereador Leonel Brizola Neto considera democrática a Arábia Saudita, como assim a consideram também Donald Trump, Barack Hussein Obama, George Walker Bush e outros líderes da mesma origem.
Por certo o deputado federal Marcelo Freixo ao afirmar “Me oponho a todas as ditaduras porque a democracia é para mim um princípio inegociável”, conforme matéria de Diego Freire, em 13 de dezembro de 2019, na revista Veja, não cometeu somente um erro de português. Cometeu, mais grave ainda, erro histórico, desconhecendo a invasão japonesa à península coreana, em 1894, e da luta dos ancestrais de Kim Jong Un, em especial seu avô, reverenciado líder na luta pela independência da Coreia. Desconhece também a agressão estadunidense àquelas populações, sobreviventes à guerra de extermínio desencadeada pelos EUA, entre 1950 e 1953.
Em 1938 é descoberto petróleo na península arábica. Ocupada por populações em constantes disputas em território hostil à vida humana, que desde 1932 fora parcialmente unificada como um reino, sob a dinastia de Al-Saud.
Também em 1932, Kim Il Sung, com 20 anos, funda o Exército Popular da Coreia para lutar contra o invasor japonês.
A dinastia formada na Arábia Saudita negociou com os EUA sua proteção em troca de petróleo e constituiu um governo sem parlamento, sem partidos políticos e sem oposição. Uma ditadura de manual.
Mas, por ser fiel assecla estadunidense, seu dirigente é denominado Rei, enquanto o eleito e reeleito presidente venezuelano, com o programa de governo aprovado em plebiscito, e onde a oposição tem imprensa livre e se candidata em eleições supervisionadas por organismos internacionais, é chamado ditador.
Também, numa realidade política e social desconhecida, constituída por preconceitos e ficções sobre a história coreana, denominam seu dirigente ditador. Deve ser a mágoa dos EUA que teve na Coreia sua primeira derrota militar no pós-guerra, à qual se seguiram a do Vietnã, do Iraque, da Síria ……
E vem agora um dirigente do partido que se denomina do socialismo e da liberdade, combater, em prol dos mesmos interesses que deram seguidos golpes na frágil democracia brasileira, e a estes se identificar com enjeitamentos e aversões ao povo coreano.
A política Songum, que é a atualização da Zuche, nacionalista e socialista, descortinou com clareza que a autonomia nacional dependia das forças nucleares. Não se ajoelhou, como Fernando Henrique Cardoso, à falácia de uma paz, onde uma e somente uma parte tem condição de destruir a outra. Passa então a ser ditatorial seu regime, ditador seu dirigente. Usa os recursos descritos por George Orwell, e repetidos por parte do PSOL, para defender o indefensável.
É o sintoma da grave crise de homens e ideias pela qual passa o Brasil de hoje. Uma oposição que é o outro lado da mesma moeda da situação: um projeto neoliberal de alienação da soberania e da exterminação cultural do País.
*Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado