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Do Serviço de Informações da Executive Intelligence Review
O fiasco da viagem de Rex Tillerson a Ibero-América: seu chamado para a mudança de regime não chegou a lugar algum
Tradução Rogério Mattos
12 de fevereiro de 2018
Apesar da histeria que causou o pronunciamento do Secretário de Estado dos EUA, clamando que as Forças Armadas venezuelanas derrubassem o governo de Nicolás Maduro, o fato é que as palavras de Tillerson não encontraram eco em canto algum na América Latina e no Caribe. Os dirigentes dos países visitados pelo enviado do governo de Donald Trump, envolvidos com o Fórum China-CELAC, preferiram repercutir as promessas de cooperação econômica com os chineses em ciência, tecnologia e infraestrutura, que já beneficiam 20 países da região em 80 diferentes projetos. Frente a cada vez maior presença chinesa no continente, supostamente “imperialista”, faz os americanos (os de fato e historicamente imperialistas) parecerem cada vez mais nanicos, com relevância nem sequer regional num mundo que quer se afirmar como multipolar.
(EIRNS) – 12 de fevereiro de 2018
O Secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, em sua viagem a cinco países ibero-americanos (com uma parada final na Jamaica), cujo propósito era organizar o continente contra o que ele de expansão do “imperialismo” russo e chinês, e por mudança de regime, acabou por se mostrar um retumbante fracasso.
Como provou o encontro ministerial de 22 de janeiro do Fórum China-CELAC, as nações da região estão de olho na Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota para uma verdadeira ajuda ao seu desenvolvimento, sem contrapartidas onerosas. O discurso beligerante e as ameaças de Tillerson sobre o tema não chegaram a lugar algum.
Enquanto em primeiro de fevereiro, no México, Tillerson abertamente chamou os militares venezuelanos a derrubarem Nicolás Maduro, argumentando que, “na história da Venezuela e na dos países sul-americanos, em algumas horas os militares são os agentes de mudança, quando as coisas vão muito mal e as lideranças não servem mais ao povo”. Isso levou a uma dura resposta do Ministro da Defesa venezuelano, que alertou que “membros das Forças Armadas rejeitam radicalmente colocações tão deploráveis que constituem um ato vil de interferência. Quando você convida as Forças Armadas para derrubar um governo, você está mostrando falta de respeito”.
Os comentários das mídias ibero-americanas foram para enfatizar as declarações positivas feitas pelo ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, no Fórum China-CELAC, sobre o potencial de desenvolvimento da região e a atitude respeitosa da China para com cada país. O embaixador mexicano na China, Jose Luis Bernal, foi citado no People’s Daily enfatizando o quão importantes são para a região os investimentos chineses em ciência, tecnologia e infraestrutura, que beneficiaram 20 países americanos com 80 projetos. A agência Xinhua noticiou em 9 de fevereiro que Gao Feng, porta-voz do Ministério do Comércio chinês, atacou as declarações de Tillerson como falsas e fez essa contra-proposta: “A China está aberta a cooperar com todos os partidos, inclusive com a América do Norte, para fortalecer o desenvolvimento econômico na América Latina e no Caribe”.